Provas do CNU mantidas. Faltou bom senso?

Governo mantém aplicação do CNU, mesmo com fortes chuvas no Estado do Rio Grande do Sul. Veja opinião da Folha Dirigida por Qconcursos.

Opinião
Autor:Redação Folha Dirigida
Publicado em:03/05/2024 às 10:48
Atualizado em:03/05/2024 às 11:28

Opinião Folha Dirigida por Qconcursos


As provas do Concurso Nacional Unificado (CNU), confirmadas para este domingo, 5, deveriam ter sido adiadas.


É compreensível que o Governo Federal tenha mantido a aplicação apesar das fortes chuvas que atingem o Estado do Rio Grande do Sul, já que seguiu as regras do edital do concurso. Porém, a decisão mais razoável era pelo adiamento.


Não faltam argumentos para a decisão do governo em manter a prova do CNU, já que há um compromisso com mais de 2 milhões de candidatos por todo o Brasil.


Todavia, temos uma catástrofe climática que prejudica de forma avassaladora uma das cinco regiões do país, afetando 80 mil desses candidatos.


Ao manter a aplicação, o governo acaba por colocar em xeque a isonomia do concurso, já que os gaúchos terão maior dificuldade de chegar aos locais de prova, nas cidades atingidas pelas chuvas.


Outro ponto é o emocional desses candidatos. Direta ou indiretamente ligados à tragédia, eles estão em igualdade de condições com os demais nesta disputa?


Manter as provas é ter a certeza que grande parte do povo gaúcho não as realizará. Muitos porque não têm estradas ou meio de transporte para chegar.


Outros porque, em vez de se prepararem para uma prova, preocupam-se agora em como refazer uma vida, seja pela perda de uma casa, de bens pessoais ou, acima de tudo, de vidas próximas.


Desta forma, adiar era a melhor solução. Manteria-se a isonomia do concurso, garantiria-se a igualdade de condições de chegada aos locais de provas e respeitaria-se pessoas e famílias devastadas neste momento.


Do lado do gestor público, entende-se que adiar as provas apenas para a região afetada não era uma opção. O concurso é nacional e uma decisão desse tipo também iria ferir a isonomia da seleção.


Além disso, o governo não poderia proibir candidatos de chegarem a outros locais do estado que, a princípio, não foram tão castigados pela chuva.


Entende-se também que adiar a aplicação em totalidade no país poderia prejudicar muitos outros candidatos, que compraram passagens aéreas ou de ônibus e pagaram estadias em hotéis, no caso de cidades de aplicação distantes de onde moram.


Também está ao lado do gestor público o edital do concurso, que prevê devolução da taxa "em casos de força maior" - como este - sem possibilidade de aplicações em outra data.


No entanto, nada se compara a uma tragédia, como a que aflige o estado gaúcho. Ela já deveria ser uma grande causa para o adiamento, pois, agora, a preocupação é única no Rio Grande: salvar vidas.


Com a decisão de aplicar a prova, assim como garante o edital, optou-se pela maioria. No entanto, é inegavel o questionamento: faltou bom senso com o povo do Sul?


O que fica é a nossa solidariedade à população do Rio Grande, especialmente os mais afetados pelas chuvas, e os concurseiros do estado, que, de alguma forma, serão impedidos de tentar uma vaga pública no maior concurso da história no Executivo Federal.