Sem concurso, INSS demora até 5 meses para conceder benefício
Sem concurso INSS, os segurados chegam a levar mais de 5 meses para obter um benefício, e, diante da pressão, servidores seguem em greve.
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Publicado em:30/03/2022 às 08:03
Atualizado em:30/03/2022 às 08:03
Nesta quarta-feira, 30, a greve geral dos servidores do Instituto Nacional de Seguro Social completa uma semana.
Além disso, uma nova classe também anuncia sua paralisação, sendo ela a de peritos médicos federais. Entre as cobranças das categorias está a realização de um novo concurso INSS.
Sem novos servidores e com um quadro cada vez menor a cada ano, os segurados do INSS estão levando mais de cinco meses para obter um benefício.
Em janeiro, o tempo médio para essa concessão foi de 94 dias – o maior desde abril de 2021, quando era de 102 dias. No Tocantins, no entanto, esse prazo chegou a 155 dias, e, em Sergipe e no Pará, a 143.
Os dados são do boletim estatístico da Previdência Social, que é elaborado pela Secretaria de Políticas/Coordenação-Geral de Estatística, Demografia e Atuária.
Apesar dos novos prazos para a concessão dos benefícios, que pode variar entre 30 e 90 dias, em 23 estados o tempo médio ficou acima de 90 dias em janeiro.
Ainda no início do ano, 1.763.859 de requerimentos de benefícios estavam em análise. Desse total, 1.479.351 aguardavam a primeira avaliação do INSS e 284.508 necessitavam da apresentação de documentos para a conclusão do processo.
Para reduzir a espera, o INSS está trabalhando em várias frentes. No entanto, o concurso público e o chamamento de novos servidores não está nessa lista.
Sem concurso, servidores seguem em greve
Pelo menos 23 unidades federativas (22 estados e o Distrito Federal) aderiram à greve geral do INSS, que já dura uma semana.
O levantamento feito pelo Comando Nacional de Greve (CNG) da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) apontou a greve nas seguintes unidades:
Acre;
Amapá;
Alagoas;
Bahia;
Ceará;
Espírito Santo;
Goiás;
Tocantins;
Maranhão;
Minas Gerais;
Mato Grosso;
Mato Grosso do Sul;
Pará;
Pernambuco;
Paraná;
Piauí;
Rio Grande do Norte;
Rio Grande do Sul;
Rondônia;
Santa Catarina;
São Paulo;
Sergipe; e
Distrito Federal.
Segundo a categoria, nos estados em que ainda não foi registrado movimento paredista (Amazonas, Paraíba, Rio de Janeiro e Roraima), os trabalhadores e suas respectivas entidades sindicais estão em mobilização.
A categoria reivindica reajuste emergencial de 19,99% (perdas salariais dos últimos três anos), arquivamento da PEC 32 - Reforma Administrativa, a revogação da Emenda Constitucional 95/2016, do "teto de gastos", além de melhorias nas condições trabalhistas e um novo concurso público.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), desde 2019, o INSS teve uma redução significativa dos custos administrativos pela aposentadoria de quase 50% do quadro efetivo de servidores.
"Desde então, as filas processuais aumentam, mesmo que os administradores tentem, na medida do que podem, acelerar a análise e promover a redução da fila", informa a entidade.
Esta é mais uma paralisação nacional realizada em poucos meses. A primeira ocorreu no dia 31 de janeiro, afetando 25 mil atendimentos. Já nos dias 8 e 9 de fevereiro, um novo movimento impactou até 50 mil perícias médicas.
Entre os peritos médicos, o protesto contra o governo traz diversas pautas da categoria, incluindo a fixação de, no máximo, 12 atendimentos presencias como meta diária e a realização de um novo concurso INSS, com 3 mil vagas para peritos.
"Ao contrário do compromisso original, firmado após a primeira mobilização da Carreira, o Governo informou que já não atenderia mais todas as reivindicações da categoria e que pontos essenciais como o reajuste salarial e a promoção de concurso público seriam abandonados", disse a Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Socia (ANMP) ao anunciar uma nova greve nesta quarta, 30.
Sem concurso, servidores de 22 estados mais o
DF seguem em greve (Foto: Divulgação)
Em resposta a um requerimento de informação, de autoria da deputada Chris Tonietto (PSL RJ), o titular da autarquia informou o seguinte:
"A expectativa é que o desempenho desse ano seja ainda melhor do que o do ano anterior, mesmo sabendo que a força de trabalho disponível diminuirá e não haverá reposição nem por meio de concurso público, nem por meio de contrato por tempo determinado", disse.
Independentemente disso, ainda há expectativa sobre o parecer oficial do governo para essa pauta, principalmente em meio à pressão dos servidores, que estão em greve.
Desta forma, mais de 3 mil profissionais podem deixar o Instituto Nacional de Seguro Social somente este ano.
O abono é um incentivo financeiro dado ao servidor público estatutário que deseja continuar trabalhando, escolhendo não se aposentar mesmo com os requisitos para isso.
No entanto, como esses servidores já têm condições para a aposentadoria, eles podem deixar a autarquia ao longo dos próximos meses. O número de abonos também mostra como o quadro do INSS precisa ser renovado.
Para isso, no entanto, o Ministério da Economia precisa autorizar o próximo edital. Em novembro, o presidente Jair Bolsonaro deu esperanças, revelando a possibilidade de novos editais federais este ano.
"Concurso público (vamos autorizar) apenas o essencial, como fizemos com a PF (Polícia Federal) e PRF (Polícia Rodoviária Federal)", disse o presidente.
Concurso INSS aguarda aval para 7 mil vagas
O pedido de concurso INSS que está em análise no Ministério da Economia conta com 7.575 vagas em todo o país, sendo elas para os seguintes cargos e áreas:
técnico do seguro social - nível médio - R$5.447,78
áreas: Análise Reconhecimento de Direito RGPS (2.938 vagas), Combate à Fraude (734), Serviço de Apoio ao Reconhecimento de Direito (216), Serviço de Atendimento de Demandas Judiciais (40), Serviço de Cobrança Administrativa (34), Análise Reconhecimento de Direito RPPS (46) e Recomposição do Quadro de Aposentados até 2023 (1.996).
analista do seguro social - nível superior - R$8.357,07
áreas: Serviço Social (463 vagas), Reabilitação Profissional (702) e Recomposição do Quadro de Aposentados até 2023 (406).
Resumo sobre a seleção
Órgão: Instituto Nacional de Seguro Social
Cargos: técnico e analista do seguro social
Vagas: 7.575 solicitadas
Requisitos: níveis médio e superior
Remuneração: R$5.447,78 e R$8.357,07
Status: aguardando aval do Ministério da Economia
Saiba como foi o último concurso INSS
Para quem já deseja iniciar a preparação, o último edital pode ser usado como base. Realizado em 2015, o concurso do INSS contou com 950 vagas para técnicos e analistas.
A seleção teve a organização do Cebraspe. Os candidatos ao cargo de técnico foram submetidos a uma prova objetiva, contendo 120 questões sobre:
Ética no Serviço Público;
Regime Jurídico Único;
Noções de Direito Constitucional;
Noções de Direito Administrativo;
Língua Portuguesa;
Raciocínio Lógico;
Noções de Informática; e
Conhecimentos Específicos.
Já os analistas tiveram disciplinas de Português, Raciocínio Lógico, Noções de Informática, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Legislação Previdenciária, Legislação da Assistência Social, Saúde do Trabalhador e da Pessoa com Deficiência.