Concurso PC RJ investigador: críticas à mudança de escolaridade

PL que altera escolaridade do investigador da PC RJ está na pauta de votação da Assembleia Legislativa do Rio. Medida gera polêmica. Veja!

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Publicado em:04/11/2020 às 10:45
Atualizado em:04/11/2020 às 10:45

Candidatos não aprovam alteração da escolaridade


A rede social é um território de opiniões e exposições de pensamentos. Em um grupo do Facebook sobre o concurso da Polícia Civil-RJ são diversas as postagens contrárias à mudança.
 

“É só para elitizar, mantém quem não pode fazer uma faculdade de fora! Quero ver botar esse requisito para ser político”, disse uma internauta.

 

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Até mesmo quem tem formação superior não concorda com a alteração da escolaridade. Isso porque o concurso PC-RJ está previsto há um bom tempo e muitos candidatos de nível médio já estavam se preparando para a seleção para o cargo.
 

“Eu tenho nível superior. Todavia, acredito que seja uma injustiça com candidatos que possuam nível médio e que já esperavam o concurso com esse nível de escolaridade. O grande problema desse concurso, na minha opinião, é a falta de transparência da administração para com os candidatos do certame”, afirmou um outro usuário.


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Há também os que defendem a mudança da escolaridade, no entanto, não para o próximo concurso PCERJ.
 

“Até concordo que eles mudem o nível (de escolaridade), mas só para os próximos concursos. Esse já tem muita gente se preparando. Ai, como fica?”, indagou um outra internauta.


Especialistas comentam alteração de escolaridade de investigador da PCERJ


A proposta de mudança de escolaridade para o cargo de investigador da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro também causa indignação entre os especialistas em concursos públicos.

O professor Luís Gustavo Bezerra de Menezes, ex-presidente da Associação Nacional de Proteção aos Concursos (Anpac), enxerga a mudança da escolaridade como uma “elitização” da Polícia Civil-RJ.

Além disso, o especialista diz que o governo do Estado do Rio de Janeiro só deveria promover a mudança para uma seleção após a realização do próximo concurso PC RJ, previsto para 2021.
 

“Existe uma tendência de elitização das carreiras policiais de um modo geral. Há tempos que esse movimento vem crescendo, assim ocorreu com a PF e a PRF, por exemplo, e até com outros cargos da Polícia Civil-RJ. Eu acho bem interessante isso para a carreira, porém, se pensarmos nos concurseiros que aguardam uma oportunidade, já temos outra realidade. Existem milhares de pessoas com nível médio que aguardam esse concurso. Os preparatórios do Rio estavam lotados antes da pandemia. Pessoas investem tempo e dinheiro, mas na hora de colher os frutos, terão seus sonhos usurpados”, disse.

Especialistas comentam alteração de escolaridade de investigador da PCERJ (Foto: Divulgação)
Especialistas comentam alteração de escolaridade de investigador da PCERJ
(Foto: Divulgação)


Marco Brito, coordenador pedagógico do curso Degrau Cultural, diz que será uma grande injustiça com os futuros servidores se for aprovada na Alerj a alteração da escolaridade.

A medida deve ser votada nesta quarta-feira, 4, e segundo ele, por exigir o nível médio, o cargo de investigador, que tem previsão de 118 vagas, certamente é o que está atraindo a maior atenção dos candidatos.
 

“Esse concurso foi anunciado há anos e existem milhares de pessoas que investiram não só dinheiro, mas também tempo. E não estou nem falando do desgaste emocional de uma preparação. É importante lembrar também que a Polícia Civil-RJ confirmou a escolaridade de nível médio e, na hora que o edital está para sair, o governador quer fazer a alteração da carreira para o nível superior? Ou há interesse político nisso ou ele é muito insensível”, afirmou.


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O coordenador pedagógico do curso Degrau Cultural disse ainda que os parlamentares precisam ser orientados a, no mínimo, realizarem uma emenda no projeto de lei para que a mudança da escolaridade só ocorra em um concurso posterior ao que estava programado para este ano, mas que acabou sendo adiado para 2021.
 

“Eu não vejo a menor necessidade de se alterar a escolaridade do cargo de investigador. Mas se isso acontecer, porque não fazê-la a partir de um concurso posterior a esse em que milhares de pessoas já estão estudando? Torço para que os deputados tenham bom senso e alterem o texto do projeto de lei, incluindo uma emenda que garanta que essa alteração não valerá para a seleção do ano que vem.”


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PCERJ pode ter mais de 300 cargos vagos até o fim de 2020


A Polícia Civil-RJ poderá ter, até o final de dezembro, mais de 300 cargos vagos para serem revertidos para os concursos programados para o primeiro semestre de 2021. Ou seja, caso a corporação opte por divulgar os editais em janeiro, é possível que a oferta seja superior a 300 vagas.

A matemática é simples. Nos últimos cinco anos, 2.336 servidores pediram aposentadoria na Polícia Civil-RJ. Segundo a corporação, foram 438 em 2015, 573 em 2016, 481 em 2017, 397 em 2018 e 447 em 2019.

Com base nesses números, conclui-se que, em média, 467 policiais deixam a Polícia Civil-RJ todos os anos, ou seja, aproximadamente 38 servidores por mês.

Para que o Estado do Rio de Janeiro se mantivesse no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o governador afastado Wilson Witzel bloqueou mais de 10 mil cargos que surgiram entre setembro de 2018 a março de 2020. Sendo assim, a Polícia Civil-RJ só poderá preencher as vagas que forem originadas a partir de abril.

Até dezembro, há um intervalo de nove meses. Sendo assim, é possível que ocorram 342 vacâncias caso a média de 38 aposentadorias por mês seja mantida.

Independentemente da oferta de vagas, o secretário Allan Turnowski já informou que os concursos serão abertos no primeiro semestre de 2019 e que serão contemplados os mesmos cargos que já haviam sido anunciados, ou seja, auxiliar de necropsia (nível fundamental; R$4.506,27), técnico de necropsia (nível médio; R$5.277,59), investigador (nível médio, mas pode passar para nível superior; R$5.740,38), inspetor (superior em qualquer área; R$6.280,31), perito legista, perito criminal (ambos exigindo nível superior em áreas específicas e com ganhos de R$10.149,95) e delegado (superior em Direito; R$18.747,95).
 

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Ele também garantiu que as seleções já estão autorizadas pelo governador em exercícios Cláudio Castro. Antes do bloqueio dos cargos e da pandemia do novo Coronavírus, a previsão era de 12 vagas para auxiliar de necropsia (nível fundamental), 16 para técnico de necropsia, 118 para investigador (ambos de nível médio), 597 para inspetor, 54 para perito legista, 20 para perito criminal e 47 para delegado.

O secretário Allan Turnowski já informou que a corporação já possui vacâncias para serem preenchidas por meio de concursos, mas não divulgou o quantitativo. Ele disse ainda que a oferta será inferior às 864 vagas que tinham sido autorizadas na gestão de Wilson Witzel.

É possível que a Polícia Civil-RJ só divulgue a oferta de vagas dos editais mais próximo ao final do ano ou no início de 2021, pois já terá um quantitativo maior de vacâncias para serem preenchidas.

A expectativa também é de que a corporação possa informar, muito em breve, os meses previstos para a divulgação dos editais. Obviamente, isso depende também do controle da pandemia no Estado do Rio de Janeiro.

Já se sabe que o concurso para delegado terá a organização do Instituto Acesso. Já para os demais cargos, as provas serão aplicadas pelo Instituto AOCP. As organizadoras foram definidas ainda no primeiro semestre deste ano.

O termo de referência das seleções, que funciona como um espelho para o edital, revela que os candidatos a delegado serão avaliados por provas objetivas; provas discursivas; provas orais; prova de capacidade física; exame psicotécnico; exame médico.

Já os demais concorrentes serão submetidos a provas objetivas; prova de capacidade física; exame psicotécnico; exame médico. Os habilitados também passarão por cursos de formação e prova de investigação social, na Acadepol.