Concurso TCM-Rio: técnico de controle externo fala de carreira

Um dos concursos mais cobiçados na cidade do Rio de Janeiro é o concurso TCM Rio. Conheça história de Felipe Souza, técnico do tribunal.

Autor:
Publicado em:09/12/2020 às 18:45
Atualizado em:09/12/2020 às 18:45

Confira na íntegra a entrevista com o primeiro colocado no concurso para técnico administrativo do Tribunal de Contas do Município do Rio do Janeiro, Felipe Souza.

Folha Dirigida: Felipe, você foi aprovado como primeiro colocado desse concurso para técnico do TCM Rio de 2016. Tem receita do sucesso para conseguir a maior nota de um concurso extremamente concorrido? Como foi sua preparação na época? Fala um pouquinho aí das suas estratégias de estudo. Porque essas estratégias que você adotou na época podem servir para aqueles que pretendem participar desse concurso de auditor que está programado para 2021.

Felipe Souza: Exatamente. A ficha até hoje não caiu, de ser o primeiro colocado, né? No dia em que eu fui fazer a prova eu entrei em uma universidade no centro do Rio, aquela universidade imensa com milhares de candidatos. Aí você entra na sala de aula para fazer a prova com mais 50 pessoas, aí você pensa: será que eu vou conseguir pelo menos uma vaga? Por que o que  importava era conseguir uma vaga, né? 

Imagina quantas outras universidades não estavam aplicando prova naquele dia? Daí você ser aprovado e sair lá como primeiro colocado, realmente, é surpreendente, até hoje a ficha não caiu. Eu sou a prova viva de que é possível alcançar esse primeiro colocado. 

Como você falou é um concurso de nível médio, mas os concorrentes a maioria é de nível superior e muita gente já nessa área do Direito. Porque é um concurso com bastante questões de Direito Constitucional, Administrativo, Financeiro... E minha formação é outra, é Engenharia, cargo técnico. Eu já fui aprovado em outros concursos também, mas tudo dentro de uma área técnica, não área de Direito.

Então, foi um desafio para mim aprender essas novas matérias que não faziam parte da minha formação acadêmica. E foi muito muito gratificante. O bacana disso tudo é que foi tudo aos poucos. Não foi nada apressado.

Quando eu resolvi prestar esse concurso foi até curioso. Meu pai que viu na Folha Dirigida impressa na banca sobre o concurso de técnico e aí falou do salário, que é um salário alto. E aí ele perguntou porque eu não tentava esse concurso porque eu estava querendo já migrar para outras áreas. Eu até pensei que não tinha nada a ver porque era um concurso de nível médio, mas aí eu fui me apaixonando pelas matérias, Controle Externo e Direito Financeiro, matérias que são bem bacanas de estudar, não é uma coisa muito pesada.

Meus professores também, que hoje são meus colegas de trabalho, e isso é mais legal ainda. Eu aprendi com esses mestres e hoje eu trabalho com eles.

FD: Como foi sua preparação na época? Você estudou durante quanto tempo para esse concurso? Você dedicava, mais ou menos, quantas horas líquidas de estudo por dia? Você priorizou determinadas matérias? Qual foi a sua estratégia de estudo para conseguir ser aprovado nesse concurso?

FS: Antes de mais nada eu queria enfatizar que eu não pedi muito tempo pesquisando métodos e materiais de estudo. Porque assim, eu vim de uma vida de estudos, uma vida pregressa de estudos. Então, eu sabia, mais ou menos, como estudar. Eu não tive lapsos temporais que eu não estudei. Por mais que não fossem essas matérias, eu passei a minha vida inteira estudando.

Eu saí da faculdade, trabalhava e estudava muito. Então para mim essa questão de engatar os estudos foi foi mais tranquila. Mas, eu estudei em média em torno de um ano antes da primeira primeira fase e eu comecei do zero. E aí foi curioso, porque aquele programa imenso eu falei: qual matéria eu vou estudar? Aí eu ouvi falar que Direito Financeiro e  Controle Externo tem peso grande, né? Então, o meu foco foram essas matérias: Controle Externo e Direito Financeiro. 

Eu fiquei só nessas duas matérias, porque Controle Externo é uma matéria bem curta. Então, eu peguei uma matéria densa que era Direito Financeiro e ao mesmo tempo Controle Externo para não ficar muito puxado. Porque chega uma hora que você cansa daquele mesmo assunto.

Eu fazia, no máximo duas matérias, porque eu tinha tempo. Eu sabia que o concurso não ia ser tão perto e mesmo se fosse também, eu não estava buscando só esse concurso, poderia vir outros tribunais de contas. Então, minha estratégia era essa: ir aos poucos. Eu já era concursado, então eu não tinha pressa.

Então, eu foquei nessas duas matéria e depois eu fui pegando Direito Administrativo, Institucional. Só Português e Matemática que praticamente eu não estudei. Fiz alguns simulados, minha base era muito boa em Português e Matemática e não precisei dar tanta ênfase. Agora essas matérias de Condicional, Administrativo, Financeiro, aí eu peguei pesado.

Eu sempre foi morei longe do trabalho e precisava me deslocar. Então, eu ficava, mais ou menos, em torno de uma hora/ uma hora e meia na condução tanto para ir quanto para voltar e era nesse período que aproveitava para estudar.

Eu tinha todo material em PDF no celular, também conseguia assistir as vídeo-aulas, então eu ia e vinha estudando no ônibus. Isso aí foi minha salvação porque esse tempo era meio que perdido, em que a maioria das pessoas dormem, eu aproveitei para estudar aos pouquinhos. 

Eventualmente eu também dormia ou ouvia um pouco de música  para relaxar, mas em geral eu me forçava a estudar nesse período, porque durante o trabalho eu era focado 100% no trabalho. Eu era engenheiro então tinha uma carga de trabalho e responsabilidade grande e quando chegava em casa, eu chegava muito cansado, então eu estudava, no máximo, uma hora em casa à noite. Final de semana eu também estudava mas também sem me matar.

É aquilo não estava desesperado, entendeu? Então, quando você não tá nervoso, não tá preocupado tudo funciona melhor.

FD: Você tinha dito que já era servidor público e ocupava outro cargo. Qual cargo você ocupava?

FS: Eu sou engenheiro cartógrafo e eu trabalhava no departamento de controle do espaço aéreo. E aí fiquei lá durante oito/nove anos e era cargo que eu gostava bastante, né, mas em termos salariais eu estava procurando progredir. Nessa questão, a União não estava dando muita valorização para esses cargos e aí eu resolvi mudar de diária.

FD: Você fez esse concurso como um concurso escada, né? Assumir uma vaga até passar em um outro concurso que te desse uma estabilidade financeira melhor.

FS: Pior que não. É engraçado porque assim que eu me formei em 2008, eu fiz a prova da Petrobras e Decea, e aí eu fui para a Petrobrás, fiquei três meses lá e depois o Decea chamou e eu resolvi ir para o Decea porque era na minha área de formação, na Petrobras eu era engenheiro de petróleo e eu queria atuar na minha formação. 

Eu achei que fosse ficar lá a vida inteira. Eu fui bem realizado profissionalmente dentro do Decea, tinha ótimas amizades, contribui bastante para a informação da Aviação Civil e militar, só que questão do salário ao longo do tempo pesou um pouquinho. Infelizmente, a questão da União toda essa reestruturação, não tinha tantos benefícios como tem em outros órgãos e aí eu resolvi mudar, mas não foi realmente concurso escada não, viu? Esperava até terminar minha carreira ali.

FD: Legal colocar aqui que você foi aprovado no concurso do TCM, mas você também foi o primeiro colocado no simulado que a Folha Dirigida realizou para esse concurso. Deve ter sido uma/duas semanas antes do concurso. Foi mais ou menos isso, né?

FS: Eu acho que foram duas semanas antes.  Como eu não fiz curso presencial, eu não tinha ideia de como eu estava perante as pessoas. Eu fiz alguns simulados e vi que dentro daquele espectro eu tirava segundo/primeiro lugar, mas não sabia um público mais amplo. 

Quando a Folha fez esse concurso eu me inscrevi e falei: vou medir aqui a temperatura, né? E aí de surpresa lá que foi o primeiro lugar aí.

É bom para confiança e aquilo que eu falei, como eu fui bastante relaxado para prova, porque a questão que afeta muito é a questão psicológica, né? Tem gente que sabe tudo e dá um branco na hora. Confesso que na hora, quando você chega lá você fica tenso porque você vai começar uma prova, mas assim tem gente que tem a questão da vida, do futuro, da sobrevivência e aí tá apostando todas as fichas, tem gente que saiu do emprego investindo naquilo, nos estudos. Não era o meu caso, graças a Deus, então eu pude fazer uma prova a prova bem tranquila.

A prova eu não lembro quantas horas foram. Eu sei que em uma hora eu tinha feito toda prova porque eu sou muito ágil na hora de fazer. Mas aí, claro, eu revejo toda prova e saio no final para poder garantir. Questões que eu estava em dúvida eu ia pulando, mas a minha questão toda era ver toda a prova, saber como é que eu estava no aspecto geral. Uma vez concluído, aí eu ia questão por questão, analisando os gabaritos. 

Quando você já tá dentro no segundo concurso público, torna-se um pouco mais fácil, porque você  já perdeu toda pressão, não é isso?

Sem dúvidas. Eu acho que uma semana antes eu estava viajando a trabalho. Estava em Salvador em um congresso apresentando trabalho. É aquilo eu já estava tranquilo. 

Agora realmente as pessoas precisam se acalmar, porque a ansiedade só atrapalha qualquer estudo né então não adianta você ser o melhor. Você vê turmas aí de concurso que têm alunos excelentes, você entra numa dessas turmas e acha que não vai passar porque tem alunos bem melhores. Mas as pessoas não sabem focar no que realmente importa e ficam ali se especializando tanto em concurso que acabam não passando. Uma vez eu ouvi uma coisa que é verdade: você só precisa fazer as questões. Claro que para fazer as questões, obviamente, tem que aprender o conteúdo, mas no final das contas você tem que saber gabaritar aquelas questões. Então, você tem que fazer muitas questões, alternar a leitura dos materiais com a letra da lei, não adianta nada saber toda a Doutrina e Jurisprudência e não sabe a letra da Lei básica. E aí vai lá a banca e muda uma palavra e aí você pede a questão.

FD: Há alguma informação de rádio corredor de quando deve sair esse edital de auditor que é tão esperado, já tem dois anos que esse concurso está para sair e até agora não foi colocado na prática. Primeiro, por questões orçamentárias, a Prefeitura do Rio de Janeiro passando por uma crise financeira, então em solidariedade o próprio presidente do TCM decidiu não abrir o concurso, fora isso também aconteceu a pandemia que foi outro motivo que atrasou a abertura desse concurso, mas aí fala-se algumas coisa a respeito desse concurso?

FS: Infelizmente eu não sei de nada. Na verdade eu, particularmente, não tenho acompanhado concurso tem um tempo né? Mas até onde eu sei assim e que eu posso dizer é que no tribunal, realmente existe toda essa pandemia, mas existe sempre uma demanda. Eu acho que era em torno de 20 vagas da última vez que eu vi, mas uma coisa que conforta é que o Tribunal de Contas do Município do Rio convoca todo mundo que foi aprovado caso surja vaga pelo menos até agora tem sido assim. Eu não lembro se foram 18 aprovados no concurso, mas muito além já foram chamados ao longo da validade do concurso. 

FD: Tem muita gente aqui também perguntando se tem previsão de concurso para técnico. O prazo de validade do concurso para técnico  terminaria agora no dia 23 de março, só que no município do Rio de Janeiro os concursos também foram congelados, em função da pandemia. Então, a tendência é que se o tribunal for fazer um concurso a tendência é ser mais para o final do ano ou então no início do ano que vem, porque primeiro tem que terminar o prazo de validade do concurso, que nesse momento está congelado já alguns meses. 

Quando soltar o prazo de validade tem que contar todo esse período que ficou congelado. E lembrando que o presidente do tribunal, Thiers Vianna, sai em abril e aí vai uma eleição e um novo presidente assume e vai depender dele a abertura do concurso. É isso mesmo, Felipe?

FS: É o tribunal tem uma política de Recursos Humanos muito forte e eles dão todo suporte para o servidor. Então acredito que deva continuar essa política de prover os cargos. Para técnico é aquilo acho que os cargos estão todos providos. Mas é aquilo se você se prepara para auditor, que é o concurso que tá com mais chances sair né, porque o de técnico ainda está em validade, você automaticamente também tá se preparando para técnico. Então, para um ou outro, você vai estar bem preparado. Para auditor é mais complexo porque tem mais matéria, como Contabilidade que não caiu para técnico mas cai para auditor. 

FD: O que motivou você a participar do concurso de 2016? O que você estava buscando era realmente uma maior valorização salarial?

FS: Foi uma decisão bem difícil, porque eu gostava muito do que eu fazia, era muito bem reconhecido, valorizado e tive grandes oportunidades lá. A questão era que eu avisava outros concursos. Tribunais de Contas não sei porque eu tinha algum interesse nesses concursos. E aí foi a motivação salarial também, porque a remuneração era maior. E eu resolvi mudar, eu sabia que eu não queria terminar minha carreira lá no Decea e em algum momento eu tinha que iniciar um movimento nesse sentido. O TCM  foi o primeiro que apareceu, a primeira oportunidade e deu certo. 

Eu tentei um outro concurso depois que eu assumi no TCM. Teve um concurso no Tribunal de Contas do Estado da Paraíba. E lá eu fiz também, mas para o cargo de auditor, mas eu não passei dentro das vagas, só no cadastro de reserva. Eram mais matérias que tinha que estudar eu tinha parado de estudar, então eu tinha que ver várias matérias em três meses. Eu já trabalhava e tal mas até que eu fui bem, então eu ainda estou na expectativa de ser nomeado lá também como auditor. Eu gosto muito Nordeste, embora eu goste muito do tribunal daqui também. Vai ser uma decisão que eu vou ter que tomar na hora. 

FD: O que representa para você ser um técnico do TCM do Rio de Janeiro?

FS: Primeiro é uma honra, um orgulho. É uma instituição muito séria, os profissionais que tem lá, que eu convivo são altamente capacitados, não porque tem nível superior, mas por conta da dedicação e profissionalismo. 

O TCM investe na carreira do servidor, seja na infraestrutura, o ambiente é novo, é moderno. É um prédio antigo, mas ele é constantemente revitalizado com obras, das quais hoje em dia eu faço parte da comissão que licita essas obras. A questão também do maquinário, da tecnologia e investimento em cursos, então tem o plano anual de treinamento. Se a gente precisar de um curso, nós podemos requisitar, dentro da restrição orçamentária, tem o programa de qualidade de vida do servidor, que busca tratar a questão da saúde.

No tribunal você não é só uma máquina que tá indo lá trabalhar, produzir. Você também é visto como uma pessoa, uma família. Então o relacionamento com o pessoal é muito bom. O clima no tribunal é um clima muito agradável. Eu sou feliz de trabalhar lá por conta de todos esses fatores ambientais e sociais. E a remuneração também, as vantagens. 

FD: E o que faz efetivamente um técnico do TCM Rio?

FS: Bom, ele pode atuar em diversas áreas e em diversos setores. E aí pode combinar com afinidade com aquilo que você quer fazer. Tem para todos os gostos, digamos assim, no tribunal. Basicamente, ele tem duas grandes: a área de Controle Externo, que área fim do TCM e a área meio, que é a Administração.

E aí eu trabalho na Administração, então a gente prove os recursos, os meios para o tribunal funcionar, né? Então, a parte de Controle Externo, eu não posso falar porque não aturo lá, mas basicamente eles atuam na instrução dos processos, diversos processos de Controle Externo, como prestação de contas, denúncias, auditoria, enfim toda a atividade fim do tribunal. Eu aí gera os relatórios e pareceres. E aí vai para gabinete do conselheiro, a questão toda dos relatórios técnicos para eles, então, proferirem os votos, de acordo com que está ali escrito.

É um trabalho bem relevante também para quem trabalha nas inspetorias. E aí acho que são sete inspetorias, então tem Educação, Saúde — que são talvez as maiores em termos de volume de trabalho e de recursos —, tem de Obras, enfim essa parte controle externo.

Tem também a parte de Sessão, alguns servidores, colegas de trabalho meus, trabalham na Secretaria de Sessões, que apoia as sessões do Plenário. Então tem todo um trâmite administrativo para que os processos sejam votados, tem toda uma organização ali.

E tem a área administrativa, na qual eu trabalho, que também tem vários setores. Eu trabalho na coordenadoria de licitações, que é um órgão relativamente novo, tem um ano mais ou menos. Em outubro do ano passado foi criada essa coordenadoria para dar um suporte maior a questão do setor de licitação do tribunal. Quando eu cheguei no tribunal era basicamente um servidor que trabalhava e  fazia os pregões. Aí eu cheguei para trabalhar com ele e hoje, nós somos cinco.

Já tem toda uma estrutura institucional digamos assim para gente trabalhar. O tribunal investe não investe na qualidade, no ambiente do servidor para ele conseguir atuar da maneira mais eficaz. E aí eu trabalho com licitação, seja pregão, os pregões que a gente faz é tudo meio eletrônico ou licitações presenciais, como tomada de preço concorrência, geralmente para obras. E aí basicamente é isso, a gente prepara termos de referência. 

É um trabalho bastante complexo porque você precisa estar bem atualizado na legislação. Muita gente não gosta de estudar a Lei 8.666 e ali a gente respira essa lei e outros decretos e vê na prática que realmente o que tá ali, você tem que aplicar e não é simples às vezes né. Tem toda questão da transparência, da publicidade e não deixar o tribunal desabastecido.

FD: É diferente então de, por exemplo, os tribunais da área judiciária, tipo o TJ, TRF, TRT, em que o técnico e analista são carreiras que, na prática, não tem grande diferença. Mas aí no TCM o técnico e o auditor tem trabalhos bem diferenciados então, né?

FS: Eu não sei se seriam bem diferenciados. No meu setor não tem auditor, mas tem setor que tem auditor e técnico, aí eu não sei como é que é a divisão efetiva de trabalhos entre eles. Mas tem auditores no cargo de chefia, na questão mais de planejamento ou da definição do trabalho numa parte mais de alto nível, de gestão, mas também tem auditor executando. Enfim, no tribunal eu acho que isso é misturado não tem muita distinção.

FD:  Você tinha falado queo prédio do TCM é um prédio que por fora é antigo, mas por dentro é bastante moderno, é interessante falar para o pessoal que o TCM fica ali na Cinelândia, na rua Santa Luzia em frente ao consulado americano. Tem metrô, você tá ali bem no centro da cidade mesmo, perto da Rio Branco, tem VLT, tem transporte para tudo quanto é canto da Cidade do Rio de Janeiro, tá perto da Zona Sul, tá perto da Zona Norte, então é muito bem localizado o TCM. Além disso, como você falou, o ambiente de trabalho é o grande diferenciado TCM, né?

FS: Com certeza! É bom você ir para o trabalho feliz, é bem agradável. E a política pró servidor é muito boa.

FD: Você falou que era engenheiro, você estudou, obviamente, Direito Administrativo para passar no concurso, mas voê está trabalhando em um setor onde é Direito Administrativo o tempo todo. Você passou por um processo de capacitação para trabalhar nesse setor, o TCM investe muito na capacitação dos seus servidores? Ocorrem treinamentos todos os meses? Como é que funciona esse trabalho de capacitar os servidores? É rotineiro esse trabalho de capacitação?

FS: Sim, é rotineiro. No nosso setor todo ano fazemos, pelo menos uma vez por ano, uma capacitação anual, uma reciclagem. Existem vários eventos para podermos, justamente, estar atualizados. E além disso temos acesso aos materiais, tem uma biblioteca, a gente tem acesso às novidades, assinamos plataformas, dessa área de licitação para estar sempre atualizado. Eu acredito que outros setores também tenham isso aí. Sempre tem curso, agora com a pandemia deve estar tendo online, mas tem um centro de capacitação no tribunal que promove esses cursos. O foco em capacitação lá é essencial e não tem como ser diferente, para mantermos o padrão de excelência do tribunal o servidor tem que estar bem capacitado.

FD: O tribunal também investe na formação do servidor? Por exemplo, o tribunal costuma pagar uma pós-graduação, um mestrado, um doutorado, existe isso lá ou não?

FS: Eu acho que já aconteceu sim. Eu não sei te dizer com certeza, mas eu creio que sim, que se você fundamentar, se for do interesse eu acho que é possível sim, você pleitear formação, caso seja do interesse público também. Mas eu acho que já ocorreu sim.

FD: A remuneração como um todo ainda está em torno de R$11 mil ou é superior a isso?

FS: Essa é outra informação que eu sou meio que alienado. A melhor informação é ir no site do Tribunal que lá tem todo o quadro. Os nossos salários variam porque existe o triênio que acho que hoje está até suspenso, então eu já fiz três anos, eu tenho direito ao triênio, então meu salário já não é aquele ali tem um percentual. Tem também os reembolsos de auxílio, de saúde.

FD: Fala um pouquinho desses benefícios, quais são os benefícios hoje que os servidores do tribunal tem direito?

FS: O auxílio saúde, que você tem que comprovar  e até R$ 1,4 mil o tribunal te reembolsa. Se eu gastei  R$ 1 mil de plano de saúde, eu tenho esse reembolso na área da Saúde. Tem também o auxílio alimentação também uma alimentação, que é o cartão refeição e alimentação, aí gira em torno de R$1 mil. E para quem tem filhos tem auxílio educação e creche. Mas esses benefícios da saúde e de alimentação chegam a ser salários indiretos de certa forma, porque você não precisar praticamente tirar do seu bolso para pagar plano de saúde, até esse essa quantia, e também alimentação. Isso aí ajuda muito.

FD: A carga horária é de 40 horas semanais, né?

FS: O expediente do tribunal é de 9h às 18h, então o tribunal não para. então, se você chegar nesse horário entre 9h e 18h vai ter servidores lá. Mas aí você tem a divisão de horários. Cada setor tem seu horário de funcionamento, mas durante todo esse período vai ter servidor lá, em todos os setores do tribunal.

Pergunta do internauta: Você pode falar mais do programa de qualidade de vida? O que que é, efetivamente, esse programa de qualidade de vida?

FS: Ele promove diversas ações, até ação social de pessoas que se juntam para fazer campanha para ajudar os outros; programas também de trilhas, as pessoas combinam de fazer trilha pela questão de saúde. Tem também o exame periódico anual, tem a parte de odontologia lá que você pode se consultar, tem as campanhas da questão do câncer de mama, do câncer de próstata, o mês da saúde mental.

Então, é um programa para a qualidade de vida do tribunal, mantendo essa questão mais humana dentro do ambiente de trabalho, se preocupando com as pessoas e trazendo esses benefícios informativos, a questão do Home Office, a questão da postura, fazer certos exercícios. Tem toda essa preocupação com a saúde física e da mente do servidor.

Pergunta do internauta: Tem um programa de previdência complementar? 

FS: Não, desconheço. Acho que não tem no município ainda não.

Pergunta do internauta: A aposentadoria é com o valor integra do salário?

FS: Acho que sim. Na época que eu fiz concurso, acho que o teto era de R$17 mil, já com todos os triênios, que você pode adquirir até 65% do salário base, acho que daria o total de R$17 mil e pouquinho. Hoje eu não sei como está essa situação. Mas, como eu falei, no site do tribunal tem a tabela, com cálculo de gratificação, eu sei que tem uma gratificação que vai incorporando ao longo do tempo, mas eu confesso que eu sou meio desligado com essa questão de remuneração. O que eu posso dizer é que é uma remuneração muito boa, justa pela qualidade do serviço que a gente desempenha lá e acho que ninguém  tem motivo, só, realmente, se dedicar para estudar para passar e depois fazer um bom trabalho lá.

FD: É normal os técnicos ocuparem cargos de chefia, ocupar uma função gratificada, como funciona isso lá?

FS: É bastante normal. Vários colegas meus de turma chegaram a chefiar setores e são técnicos. 

FD: O tribunal leva em consideração o seu currículo, o seu passado, a função que você ocupava anteriormente para fazer essa alocação nos setores, você sabe como funciona isso?

FS: Assim que a gente entra eles pedem nosso currículo e a gente escreve lá, descreve, inclusive, nossas afinidades e aí eles fazem esse cruzamento, questão de demanda com o seu perfil. E aí você acaba meio que podendo escolher, né? Talvez nem todo mundo tenha podido escolher, porque depende da vaga. Eu acho que é relativamente fácil também a questão de mobilidade, surgindo vaga alguém que queira trocar de setor, eu acho que também é possível.

Mas as pessoas acabam gostando do setor que trabalha porque em geral um ambiente do tribunal eu não vejo nada que justifique a pessoa querer sair a não ser disso que queira fazer um outro trabalho, né? Alguém de repente que trabalha na licitação e que ir para o setor financeiro. Mas eu, particularmente, gosto muito do que eu faço e não pretendo sair de lá. Dá muito trabalho, mas também é muito produtivo e é bem bacana no final você ver que um pregão terminou bem, aquilo lá que você licitou foi adquirido, as pessoas estão usando, é gratificante você fazendo o tribunal funcionar.

Pergunta do internauta: Há muitos comissionados no tribunal?

FS: Olha, na Administração muito pouco. Eu não sei em outros outros setores, né? Talvez no gabinete, porque são cargos de livre nomeação, mas eu acho que pela Administração eu posso falar que não. Nos outros setores eu não sei, eu acredito que não tenha muito não, pelo menos nessa área de Controle Externo e Administração não.

FD: O técnico trabalha só internamente ou ele também sai da sede e faz trabalhos externos?

FS: Eu acredito que quem saia mais são os técnicos e auditores que trabalham no Controle Externo, quando ele precisar fazer justamente as inspeções. Então, de repente precisa visitar alguma Unidade de Saúde ou alguma Unidade Escolar, aí acredito que saem para fazer esses trabalho. Não sei também com que frequência e se é o ano inteiro ou só um período, mas eu sei que ocorre. Mas não Administração eu não vejo trabalho externo não.

Pergunta do internauta: Lá dentro tem academia igual ao Bacen?

FS: Não, por enquanto é academia no centro ou em outros lugares.

FD:  Queria encerrar essa Live pedindo para você deixar a todos aqueles que querem ingressar no TCM Rio, que estão estudando, por exemplo, para o concurso de auditor, ou que já quer sair na frente e se preparar para o concurso de técnico, que provavelmente deve acontecer, porque o tribunal vai terminar o prazo de validade desse concurso e provavelmente vai querer manter um cadastro de reserva ativo para futuras contratações. Qual é a mensagem que você pode deixar para essas pessoas que tem o TCM Rio como um objetivo a ser conquistado dentro do serviço público?

FS: Em primeiro lugar é começar o quanto antes. Não esperar o melhor momento, a melhor condição para estudar e começar ontem. Porque você tem mais tempo de revisar o conteúdo, de fixar o conteúdo, de memorizar, então não ficar esperando a melhor condição. Hoje em dia é muito fácil. Você ter acesso a conteúdo de curso de alto nível, hoje você compra esses cursos e já vem a apostila completa com tudo: resumo, questões, então hoje está cada vez mais fácil nesse sentido. Mas, realmente, a  concorrência aumenta.

Outro pensamento meu é não pensar na concorrência. Meu pensamento é: eu dou o meu melhor, se o meu melhor não for suficiente, beleza, não era para ser. Agora tem gente que entra numa neura e aí começa a ter problemas, psicológicos porque fica pensando que o cargo de técnico é mais concorrido e que não vai conseguir. Você tendo dedicação, dando o seu melhor e aí você tem que ser honesto com você e se perguntar: eu estou dando o meu melhor? 

Por exemplo, na Paraíba eu não dei meu melhor porque não tive tempo então se eu não passasse estaria tranquilo.

Eu acho que as pessoas têm que dar o seu melhor sem se preocupar com o próximo. Faz a tua parte, que é estudar. Não tem segredo não tem segredo. Claro, existe algumas técnicas que funcionam para mim e podem não funcionar para outros. Eu não escrevo nada, todo meu estudo se eu te falar que foi no celular, as pessoas nem acreditam. Eu ia e voltava no ônibus lendo o celular. Tirava print das partes mais importantes para depois fazer a revisão. Mas tem gente que gosta de sentar à mesa e ficar escrevendo resumos. Eu acho uma perda de tempo, porque para mim não funciona, eu sou muito visual. Mas aí a pessoa tem que achar seu melhor método. 

Tem gente que vive fazendo planejamento, cronograma de estudo e nunca implementa o cronograma. Então, de repente é melhor nem ter cronograma de estudo e estudar, agir, entendeu? Eu vejo as pessoas não agindo. Ficam achando que existe uma fórmula mágica e infelizmente não há. Só  existe o trabalho, como tudo na vida. 

Mas o recado é esse, estudem bastante e espero que venham trabalhar comigo lá na licitação e espero que não desistam. É um momento complicado de estudo, vários concursos estão suspensos, aquela indefinição,  mas sempre vai ter concurso ainda mais para esses cargos que são chave.