Mulheres de negócios e o que elas ensinam sobre superação na crise

Mulheres de negócios mostram a força do empreendedorismo feminino e ensinam sobre superação na crise.

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Publicado em:25/03/2021 às 12:00
Atualizado em:25/03/2021 às 12:00

O Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking internacional que mostra a proporção de mulheres à frente de empreendimentos iniciais (com menos de 42 meses de existência). Cerca de 8,6 milhões delas estão à frente de negócios no país

Os dados são do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que é a principal pesquisa sobre empreendedorismo no mundo, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Mas essas empresárias enfrentam um grande desafio neste momento: superar a crise, manter suas empresas funcionando, mesmo estando mais vulneráveis aos efeitos que a pandemia tem provocado no mercado. 

Segundo estudos divulgados em meados do ano passado pelos institutos Rede Mulher Empreendedora e Locomotiva, mais de 80% dos negócios liderados por mulheres fecharam ou funcionam parcialmente durante a pandemia.

Porém, existem também milhares de histórias de sucesso.

É o caso de Danielle‌ ‌Brants que já impactou 1,8 milhão de pessoas com sua plataforma de leitura digital e, inclusive, foi premiada. Barbara Roma e a Neemat Eid, que fundaram uma agência de Marketing Digital há pouco mais de um ano, só neste último ano, faturaram R$1,5 milhão. E Natasha de Caiado, CEO da Wish International, uma das principais players nas indústrias de MICE e IDX.

Co-fundadora da Árvore venceu o prêmio Empreendedor Social do Ano

Uma entre as milhões de mulheres empreendedoras no Brasil é Danielle‌ ‌Brants, co-fundadora e líder de produto na Árvore, plataforma de leitura digital que já impactou mais de 1,8 milhão de alunos em todo Brasil.

Danielle Brants, co-fundadora da Árvore
Danielle Brants, co-fundadora da Árvore
(Foto: Divulgação)

No último ano, a empresa tem apoiado mais de 3 mil escolas na continuidade do ensino remoto, o que rendeu à Danielle o prêmio "Empreendedor Social do Ano em Resposta à Covid-19", realizado pela Folha de São Paulo e a Fundação Schwab, na categoria Legado Pós Pandemia. 

Hoje, a plataforma da empresária já soma mais de 80 mil educadores que a utilizam.

“São mais de 3.500 escolas impactadas pelo nosso trabalho. Além disso, nossos alunos leem, em média, até quatro vezes mais que a média nacional registrada pela pesquisa Retratos da Leitura”, conta.

O caso de Danielle é um entre milhares de mulheres que se destacaram durante a crise sanitária.

Embora muitas empresas tenham perdido força na pandemia, foram as lideranças femininas ao redor do mundo que se saíram melhor, como mostram alguns estudos do período.

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Mesmo com a pandemia, elas conseguiram manter os negócios

Ainda há um longo caminho a percorrer no que diz respeito à presença feminina e igualdade gênero no mercado, mas não dá para negar que elas têm tido um papel cada vez mais significativo neste cenário. 

Lideranças femininas têm um grande potencial transformador, como inclusive já foi mostrado em estudos realizados durante a pandemia. Elas oxigenam o mercado, diversificam pontos de vista na tomada de decisões e dão mais visibilidade para questões de gênero.

Mas a crise sanitária, que já foi desafiadora para o mercado em geral, também teve um impacto ainda mais significativo em empreendimentos femininos.

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Barbara Roma e Neemat Eid, que também fazem parte das mais de oito milhões de mulheres que comandam o próprio negócio, precisaram se reinventar. 

No início do ano passado, as duas decidiram se unir e criaram a ICB, uma agência de marketing estratégico. Ambas tinham o desejo de empreender e mudar os rumos de suas carreiras. 

Para isso, investiram os fundos de suas poupanças e fizeram o projeto dar certo mesmo em plena pandemia causada pela Covid-19. Só neste último ano, a empresa faturou R$1,5 milhão. 

Mas até chegar a este resultado, um caminho de resiliência precisou ser percorrido. De acordo com Neemat, o maior desafio, como empresa pequena, foi conseguir oferecer as soluções adequadas para o momento inédito vivido por todos. 

“Uma empresa de menor porte precisa ter um fluxo de caixa preciso para se manter funcionando e é essa a roda que não pudemos parar de girar ao longo deste período tão desafiador. (...)Tempos inusitados pedem soluções inusitadas.”

Natasha de Caiado Castro, autora do livro Experience Marketing, Tech Hunt e CEO da Wish International, concorda. Assim como as outras empresárias, ela precisou se reinventar durante a pandemia para manter os negócios funcionando. 

Natasha de Caiado Castro é CEO da Wish International
(Foto: Divulgação)

Com o objetivo de aproximar a equipe, a expert em Marketing de Experiência inovou trazendo soluções e atividades dinâmicas para as empresas, apesar do isolamento. Para isso, ela explora soluções virtuais de reaproximação. 

"O mundo mudou por conta da pandemia, as pessoas ressignificam os valores e os propósitos de  vida. E o sentimento de insegurança é constante. Por isso, os líderes devem entender que o isolamento social afeta diretamente toda a equipe", explica.

Superar uma crise como a que estamos vivendo agora já é um feito importante, mas se torna ainda mais significativo considerando que a pandemia reduziu de forma acentuada a diversidade de gênero no mercado de trabalho.

Empresárias são exemplos de sucesso

Em 2020, Danielle‌ ‌Brants teve 700 mil livros lidos em sua plataforma e cerca de 600 mil atividades realizadas pelos estudantes. Ao todo, a Árvore já impactou 1,8 milhão de pessoas. 

A agência de Barbara Roma e a Neemat Eid, só em 2020, faturou R$1,5 milhão. Isso depois de pouco mais de um ano da abertura da empresa. 

E Natasha de Caiado, CEO da Wish International, é uma das principais players nas indústrias de MICE – Meetings, Incentives, Conventions and Exhibitions – e IDX – Innovation and Disruptive Experience e Marketing de Experiências.

E esses são apenas alguns exemplos das milhares histórias de empreendimentos femininos de sucesso. Apesar do momento turbulento, também são as mulheres que se destacam no gerenciamento da crise, como mostraram alguns estudos internacionais.

“O público feminino ficou afastado de posições CEO levels e de chefia por muito tempo e, só, hoje, nós estamos mais presentes em cargos de destaque. Tudo é um processo e acredito que no futuro haverá muito mais liderança feminina dentre as organizações”, diz Natasha.

Danielle já trabalhou em setores bastante masculinos onde presenciou e passou por diversas situações de discriminação. “Na época, eu era jovem e pouco sabia que aquelas ações constituíam discriminação, pouco se falava à respeito e tínhamos a impressão de que aquilo era o "normal".

Mas assim como Natasha, ela acredita em uma perspectiva futura mais positiva para as mulheres no mercado de trabalho. “Com o passar dos anos e com os movimentos de gênero se fortalecendo e vocalizando os problemas, me tornei mais consciente e atuante”.

 Para as outras mulheres que também vivem uma carreira empreendedora ou que sonham em ter o próprio negócio, Neemet deixa uma mensagem:

“Na medida do possível, eduquem-se em relação a questões financeiras, entendam o mínimo de tributação e modelos de negócios, além de marketing, seja o seu pessoal bem como o da sua marca, construa para si uma base que resultará em frutos em seu negócio futuramente. Nem de longe é algo fácil, logo, permita-se errar e aprenda com esses erros, aos poucos você encontrará seu caminho.”

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