Por Luiz Alexandre Castanha*
No final de 2018, a empresa de tecnologia chinesa ByteDance concluiu uma rodada de investimento de US$3 bilhões. Com uma avaliação de cerca de US$ 75 bilhões, foi catapultada para ser a startup mais valiosa do mundo. Em 2020, os investimentos feitos, em conjunto com a sua gigantesca popularidade, elevaram o seu valor a incríveis US$ 140 bilhões.
Aqueles que não estão familiarizados com o nome ByteDance provavelmente já ouviram falar de seu principal produto, o TikTok. Até maio de 2020, o aplicativo de vídeo foi baixado aproximadamente 2 bilhões de vezes.
O início da pandemia global de Coronavírus acelerou ainda mais a sua trajetória. Somente no primeiro trimestre de 2020 foram mais de 315 milhões de novos downloads em todo o mundo - um trimestre recorde para um aplicativo individual, de acordo com a Sensor Tower.
E mais recentemente a aplicação voltou a estampar as manchetes com o anúncio do interesse da Microsoft e da Oracle pela compra da operação, como também a intervenção do presidente americano Donald Trump na venda da fatia americana do aplicativo. Mas quais são os motivos do estrondoso sucesso do TikTok?
Bom, em primeiro lugar está calcado em uma base de usuários jovem e altamente engajada. Como o Facebook fez antes, o TikTok está alavancando um público ativamente engajado, facilitando seu crescimento.
Nos 155 países onde está presente 90% dos usuários têm idades entre 16 e 24 anos. O número de adultos quintuplicou nos últimos 18 meses e hoje são mais de 800 milhões de usuários, que navegam 52 minutos por dia na plataforma.
Em segundo lugar, o TikTok é um produto feito para ser viral. Os conteúdos envolvem quem os assiste, tanto que os 50 principais criadores de conteúdo têm mais seguidores do que as populações do México, Canadá, Reino Unido e Austrália juntas.
A ByteDance disputa um lugar ao lado de líderes globais de tecnologia como Google, Facebook e Amazon, bem como aplicativos chineses como Baidu e WeChat.
E o seu uso vai muito além da diversão. O TikTok tem sido usado por diversas instituições americanas para a aprendizagem. Escolas também fundaram clubes, utilizando a ferramenta no envolvimento com alunos e explorando o potencial criativo.
Os 15 segundos de duração do vídeo forçam o usuário a se concentrar em uma ideia principal e ser conciso. É o micro e a nano learning provando serem possíveis na prática, dividindo o conteúdo em pílulas.
Fortes tendências na aprendizagem, o TikTok endereça muito bem essas formas de aprendizagem, tendo uma boa aderência inclusive em estratégias corporativas. É usar a criatividade dos colaboradores principalmente explorando esse aspecto de conteúdo concentrado.
O próprio aplicativo pegou carona no potencial educativo. As hashtags #LearnOnTikTok e #EduTok tiveram juntas mais de 150 bilhões de visualizações, com a empresa patrocinando e fazendo parcerias com grandes especialistas e personalidades do Reino Unido, Estados Unidos e Índia, entre outros países.
Bom demais para ser verdade? Pode ser. O aplicativo foi acusado pela rede de hackers Anonymous de acessar informações sensíveis do usuário e senadores americanos pediram investigações sobre as políticas de privacidade.
Uma coisa não se pode negar: essa tecnologia veio para ficar e mais uma vez está revolucionando a forma de ensinar e se comunicar!
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Folha Dirigida.
Sobre o autor
Luiz Alexandre Castanha é especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais. Ele atua como General Director – Brazil Operation, Telefónica Educação Digital, Grupo Telefónica.