5 dicas para desenvolver inteligência emocional para concursos
Especialista diz que emoções têm impacto, por exemplo, na capacidade de memorização, e explica que IE é tão importante quanto conhecimento.
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Publicado em:12/10/2020 às 08:34
Atualizado em:12/10/2020 às 08:34
Alexandre Perlingeiro fala da importância da Inteligência Emocional para concursos públicos. Para o especialista é fundamental trabalhar essa questão juntamente com os estudos para as provas.
"O emocional é tão importante quanto o estudo propriamente. Se alguém quer maximizar suas chances de aprovação, precisa cuidar desses dois pilares. Geralmente, os concurseiros focam só no cognitivo, só nos estudos, e esquecem do emocional. Então, cada vez mais o emocional está se tornando um diferencial nos concursos, que estão cada vez mais difíceis e com uma competição maior", explicou.
O orientador explica ainda do que se trata a Inteligência Emocional e quais os impactos que ela causa na vida das pessoas atualmente.
"Anteriormente, se considerava apenas aspectos cognitivos da inteligência como, por exemplo, a capacidade de memorizar, desenvolver um pensamento lógico e de resolver problemas. Hoje em dia, já se sabe que as emoções têm um impacto direto nesses fatores cognitivos da inteligência como, por exemplo, na capacidade de memorização."
Perlingeiro fala também dos candidatos que por vezes vão bem durante o período de preparação. Pessoas que tiram notas elevadas nos simulados, explicam bem a matéria para outros colegas, mas que não se saem bem nas provas.
Segundo o especialista esse é um dos exemplos de baixa Inteligência Emocional e buscar uma ajuda profissional para reverter esse quadro é o melhor caminho.
"O problema não está no conteúdo, no cognitivo, pois ele demonstrou isso nos simulados. O que acontece é que o concurseiro não é capaz de reconhecer, avaliar e lidar com seus próprios medos e, por causa disso, ele fica com uma baixa resiliência emocional, ele não consegue resistir ao estresse emocional na hora da prova."
5 dicas para desenvolver inteligência emocional para concursos
A pedido da Folha Dirigida, o coach Alexandre Perligeiro elaborou cinco dicas, além de uma outra dicas bônus de ouro, para que os futuros servidores possam desenvolver inteligência emocional e potencializar as chances de uma aprovação.
Confira as dicas seguir:
1) Além do estudo propriamente, dedique algum tempo para cuidar de si mesmo. Por exemplo, inclua atividade física, meditação e lazer na agenda semanal. Com certeza é um desafio conciliar as obrigações com o estudo e ainda incluir cuidados pessoais, mas verá que eles aumentarão o seu rendimento nos estudos e nas provas.
2) Converse sobre o que está sentindo com alguém em quem confie. Pode ser um amigo, mas se for com um familiar é melhor ainda. Conversar sobre as emoções aumenta a IE.
3) Sempre reconheça o que você está sentindo, não importa qual seja o sentimento. Pratique identificar o que está sentindo em cada situação do dia, especialmente as mais desafiadoras. Ninguém é um ser humano pior porque está sentindo medo, angústia, ansiedade ou pessimismo. Pratique reconhecer o sentimento. Só identificar já é um grande passo.
4) Fique atento a como você age a partir desse sentimento. Exercite agir de uma forma positiva, que seja adequada. Se está se sentindo frustrado com alguém, não precisa brigar com essa pessoa. Você pode expressar a frustração de outras formas. Isso é válido para o medo, a tristeza e outros sentimentos. Muitas vezes basta ter um diálogo consigo próprio. Um diário pode ajudar bastante. Escreva como foi o seu dia, o que sentiu nas diversas situações do dia e como lidou com elas.
5) Todo ser humano é merecedor de amor e respeito. Independente do desempenho que temos no trabalho, independente do resultado nas provas, independente de qualquer coisa que aconteça na vida, é nosso direito por nascimento receber e dar amor e respeito. Todos e cada um de nós nasceu merecendo amar e ser amado, respeitar e ser respeitado. Tenha consciência disso. Pratique isso em sua vida.
Dica bônus de ouro:
Pratique a gratidão. Quanto mais agradecido você se sente, mais fortalecido você está, mais capacitado para superar os desafios da vida. Agradeça por tudo. Por estar vivo, por ter saúde, por ter alimentos para comer, um teto para morar e uma cama para dormir. Não tome isso como garantido.
Agradeça também pelos desafios com que você está lidando, pois eles te mostram onde você pode se aperfeiçoar. Eles são a prova que te levarão à vitória. Agradeça pelas falhas que cometeu, pois elas te ensinaram algo novo. Agradeça por tudo de bom e ruim que acontecer na sua vida. Agradeça por tudo sempre. Experimente isso e constate os milagres que vão ocorrer na sua vida.
Saiba como desenvolver Inteligência emocional para concursos
(Foto: Pixabay)
Na entrevista abaixo, Alexandre Perlingeiro explica como a IE é útil para acelerar a conquista de uma vaga no serviço público, além de dar dicas de como desenvolvê-la. Veja a seguir.
FOLHA DIRIGIDA - A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL (IE) É UMA DAS PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS EXIGIDAS PELO MERCADO NESTA QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. EM LINHAS GERAIS, O QUE É EFETIVAMENTE IE?
Alexandre Perlingeiro → A IE atualmente é entendida como 'a capacidade de reconhecer, avaliar e lidar com os seus próprios sentimentos e os dos outros'. Esse assunto ficou muito difundido depois da publicação do livro 'Inteligência emocional', de Daniel Goleman. Mas ele não foi o primeiro a usar a expressão. Darwin foi o primeiro a destacar 'a importância da expressão emocional para a sobrevivência e adaptação'.
Anteriormente, se considerava apenas aspectos cognitivos da inteligência como, por exemplo, a capacidade de memorizar, desenvolver um pensamento lógico e de resolver problemas. Hoje em dia, já se sabe que as emoções têm um impacto direto nesses fatores cognitivos da inteligência como, por exemplo, na capacidade de memorização.
O QUANTO O DESENVOLVIMENTO DA IE PODE SER DETERMINANTE PARA QUE UMA PESSOA POSSA SER APROVADA EM UM CONCURSO?
Alexandre Perlingeiro → Estudo realizado pela FGV com bacharéis de Direito que prestaram o Exame de Ordem Unificado mostra que quanto mais vezes o bacharel presta o exame, menor as chances de ser aprovado, chegando a 33% de piora para quem presta o exame seis ou mais vezes. Esse é o impacto do emocional nos estudos.
Mesmo que você tenha mais tempo para estudar as matérias, suas chances de aprovação diminuem em 1/3 porque você se sente pessimista ou inseguro. Se você considerar um concurseiro que está inseguro e pessimista em relação às provas e que consegue mudar seu estado emocional - e isso é possível por meio de exercícios específicos -, o aumento da probabilidade de ser aprovado será de 66% (ele vai sair de -33% para +33%).
O emocional é tão importante quanto o estudo propriamente dito. Se alguém quer maximizar suas chances de aprovação, precisa cuidar desses dois pilares. Geralmente, os concurseiros focam só no cognitivo, só nos estudos, e esquecem do emocional.
Então, cada vez mais o emocional está se tornando um diferencial nos concursos, que estão cada vez mais difíceis e com uma competição maior.
HÁ CANDIDATOS ALTAMENTE CAPACITADOS QUE ESTUDAM, LEEM E ARGUMENTAM BEM, MAS NA HORA DA PROVA NÃO CONSEGUEM OBTER UM BOM RENDIMENTO E ACABAM NÃO SENDO APROVADOS EM CONCURSOS. NA MAIORIA DAS VEZES, O PROBLEMA É FALTA DE CONTROLE E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL?
Alexandre Perlingeiro → Sim. Por exemplo: se um concurseiro tira notas elevadas nos simulados, se ele é capaz de explicar as matérias para outros colegas e chega na hora da prova ele vai mal, isso é sinal de que ele tem uma baixa IE.
O problema não está no conteúdo, no cognitivo, pois ele demonstrou isso nos simulados. O que acontece é que o concurseiro não é capaz de reconhecer, avaliar e lidar com seus próprios medos e, por causa disso, ele fica com uma baixa resiliência emocional, ele não consegue resistir ao estresse emocional na hora da prova.
E aí dá o branco, esquece o que estudou, perde a capacidade de interpretar corretamente os enunciados e as opções e marca respostas erradas. Resumindo, ele é reprovado porque não foi capaz de lidar com o nervosismo na hora da prova.
TER A CAPACIDADE DE ENTENDER A SI PRÓPRIO E FAZER UMA AUTOAVALIAÇÃO SÃO OS PRIMEIROS PASSOS PARA DESENVOLVER ESSA IE, SEJA PARA A VIDA COMO PARA OS CONCURSOS?
Alexandre Perlingeiro → Vamos voltar à definição de IE: capacidade de reconhecer, avaliar e lidar com os seus próprios sentimentos e das outras pessoas. Tudo começa com o reconhecimento, com a identificação do que se está sentindo.
Para começar a desenvolver IE, você precisa praticar o autoconhecimento, entrar em contato com suas emoções. Psicoterapia, meditação e mindfulness são especialmente recomendadas. O processo também pode ser facilitado/ensinado de fora para dentro.
Se você está em um ambiente familiar ou social em que a identificação e expressão das emoções é praticado e incentivado, você tenderá a desenvolver sua IE. Expandindo a definição de IE, o relacionamento com outras espécies também pode aumentar sua capacidade de reconhecer, avaliar e lidar com os seus próprios sentimentos. Crianças com doenças neurológicas aceleram o seu desenvolvimento quando estão em contato com animais. Quem tem um bicho de estimação sabe bem o que eu estou falando.
Resumindo, a questão mais importante não é por onde se começa a perceber, avaliar e lidar com as emoções. O mais importante é começar a perceber, avaliar e lidar com as emoções.
PARTINDO DO AUTOCONHECIMENTO, QUAIS SÃO OS OUTROS PASSOS PARA DESENVOLVER INTELIGÊNCIA E CONTROLE EMOCIONAIS PARA FAZER PROVAS DE CONCURSOS?
Alexandre Perlingeiro → Se o estudante ou concurseiro percebe que está sentindo medo, ou angústia ou insegurança (isso pode ser observado também por sinais como insônia, baixa imunidade e procrastinação), o passo seguinte é mudar seus comportamentos.
Se o nível de estresse e ansiedade em que o estudante ou concurseiro se encontra for moderado, incluir na agenda semanal uma atividade física e a meditação podem ser suficientes. Se ainda assim não estiver conseguindo resolver o desafio, em casos mais agudos uma ajuda profissional se faz necessário. Procurar um psicólogo ou psiquiatra é o recomendado. O psiquiatra inclusive avaliará a necessidade de se tomar medicação.
A AJUDA ESPECIALIZADA DE UM COACH OU MENTOR PODE CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO DA IE PARA CONCURSOS?
Alexandre Perlingeiro → Considerando o objetivo específico de ser aprovado em um concurso, um coach focado em IE ou um mentor com certeza ajudarão.
Se a pessoa quiser buscar uma solução que seja para além do concurso, incentivo que procure um psicólogo e inicie uma psicoterapia. Isso sem mencionar a prática regular de meditação.
APÓS CONQUISTAR A APROVAÇÃO EM UM CONCURSO, ESSA IE TAMBÉM SERÁ FUNDAMENTAL PARA QUE O FUTURO SERVIDOR POSSA SE DESENVOLVER PROFISSIONALMENTE NO SERVIÇO PÚBLICO E VIR A CONQUISTAR CARGOS DE CHEFIA E LIDERANÇA, CORRETO?
Alexandre Perlingeiro → Com certeza. IE se refere em essência a você lidar emocionalmente consigo próprio e com as pessoas ao seu redor. Essa é uma competência que tem uma abrangência e utilidade enormes, pois tudo em última instância envolve gente.
Um servidor público que se sinta motivado e que consiga interagir bem com os demais servidores terá facilidade para desempenhar bem suas funções, apoiar seus colegas de trabalho e prestar um bom serviço para a comunidade. Ele será uma grande liderança.