'O Direito é a concretização de um sonho', conta recém-aprovada na OAB

O desejo de ajudar o próximo levou Letícia Chagas, 23 anos, ao curso de Direito. E essa vocação foi descoberta muito cedo: ainda criança, ela brincava que era dona de uma ONG e ajudava pessoas carentes com alimentação, educação e trabalho. 

"É difícil essa ser a brincadeira favorita de uma criança, não é?", questiona a jovem. Mas ela conta que foi isso que despertou nela um desejo de poder fazer a diferença no mundo e, na hora de escolher a profissão, as aptidões em algumas disciplinas escolares tornaram a decisão ainda mais fácil.

"Eu sempre gostei muito de ler e escrever, minhas matérias preferidas na escola eram Português e História, então sempre me identifiquei com a área de Humanas e a escolha acabou sendo natural, que foi a faculdade de Direito", conta.

Uma mulher sonhadora, feminista e que precisou enfrentar muitas dificuldades para chegar onde está. É assim que Letícia se descreve. Ela lembra que teve que passar pelo divórcio dos pais e, ainda na infância, teve um câncer de tireoide. 

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Mas, apesar de tudo, ela conseguiu tirar forças de um exemplo de dentro da sua própria casa. "A minha grande motivação a seguir essa carreira, além, claro, da minha ideologia de criança, foi a minha mãe. Ela é professora da rede de ensino estadual e, por alguns anos, foi diretora."

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"Eu sempre vi e me inspirei muito na mulher que ela é. Ela ajuda o próximo com tanto amor e todos têm muito carinho e gratidão por tudo que ela fez e faz. Ela é, sempre foi e sempre será um grande exemplo para mim", completa. 

E a decisão de seguir uma carreira jurídica foi assertiva. "O Direito é a concretização de um sonho, é a oportunidade que eu vi em me tornar uma profissional que faria a diferença no mundo."

"O Direito precisa de pessoas que tenham vontade de ver um futuro diferente, mais justo e igualitário, no qual não seja necessário discutir religião, orientação sexual ou raça. Um mundo onde a mulher tenha igualdade de gênero perante o homem e não seja mais violentada, é isso que deve prevalecer acima de tudo."

Letícia afirma que o dinheiro é muito importante em qualquer profissão, mas para ser um bom advogado é preciso focar em duas coisas: a igualdade de direitos e a busca pela Justiça.

Para Letícia, Direito não é apenas estudar leis

"O Direito vai muito além de estudar leis, ler livros e entender todas as teorias majoritárias e minoritárias, ele é um curso onde você irá lidar com a dor, com o problema de alguém. Essa pessoa irá chegar até você e pedir uma solução, que só caberá a você resolver", afirma.

Para os jovens que, assim como ela, sonham em ser advogado, ela frisa a importância da profissão.

"Nós não lidamos com doenças como na medicina, mas muitas vezes nós lidamos com a saúde mental, com a liberdade e com a paz do próximo."

"Se você está pronto para esse desafio, não pense duas vezes", aconselha. Além disso, ela reforça que nem sempre será possível ganhar um caso, pois "o processo judicial é uma balança que pesa 50% para cada lado", mas faz parte. 

Segundo ela, a principal dificuldade na área é o início. "Já ouvi muito 'não' simplesmente pelo fato de ser recém-formada e estar iniciando minha carreira, acharam que por esse motivo eu seria menos habilitada para exercer a advocacia, mas assim como todo advogado, eu estudei para passar no Exame da Ordem", relata.

Iniciar uma carreira acaba sendo complicado pela falta de experiência, mas ela conta que bons estágios podem ajudar. Letícia estagiou em órgãos públicos, como Procon, Delegacia da Mulher e Defensoria Pública, então acabou não tendo vivência direta com a advocacia privada.

"Para adquirir a experiência necessária precisamos que alguém confie em nós e no trabalho que iremos realizar. Não é uma tarefa fácil estar com o direito de alguém em suas mãos para resolver, mas é satisfatório quando consegue."

Aprovação no Exame da OAB

Letícia foi aprovada no último Exame de Ordem (XXXI), que foi realizado em 2020. Para isso, ela se dedicou aos estudos e começou a estudar ainda no 8º semestre da faculdade, faltando cinco meses para a realização da 1ª fase.

"Como na 1ª fase você precisa realizar questões objetivas de todas as matérias e acertar pelo menos 40 de 80 questões, o que eu fiz foi resolver bastante simulado e revisar todas as matérias, assistindo vídeo aula ou leitura de doutrina."

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Já para a 2ª fase — que, segundo ela, é mais cansativa e exige bastante —, a dica é escolher a matéria com mais facilidade e utilizar a legislação seca durante a prova, que é composta por quatro questões discursivas e uma peça processual.

"Se você estuda muito todas as peças possíveis, refaz os exames anteriores e se dedica ao máximo, não tem erro, a aprovação virá. Ressalto que se você tiver possibilidade de investir em um cursinho é muito importante. Caso não, não será isso que irá te prejudicar."

"Eu consegui, com muito esforço e estudo, passar na minha primeira tentativa". No entanto, ela reforça que não há obrigação em passar de primeiro. "Por isso, não se cobre tanto, estude muito, mas conforme a sua possibilidade."

"Cada um tem uma rotina, uma vida diferente. Você sabe sua luta para estar até aqui, então, se puder, se dedique ao máximo, pois será um período curto que vai definir todo o resto da sua vida", completa.

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