Bolsonaro desconsidera pagar mais duas parcelas de R$600 de auxílio

Segundo ele, um valor menor será negociado com o Congresso

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Publicado em:22/06/2020 às 12:15
Atualizado em:22/06/2020 às 12:15

Com custo estimado em R$50 bilhões por mês, o presidente Jair Bolsonaro declarou nesta segunda-feira, 22, que o governo não terá condições de pagar mais duas parcelas de R$600 do auxílio emergencial.

"O Paulo Guedes decidiu pagar a quarta e a quinta, mas falta acertar o valor. A União não aguenta outro com esse mesmo montante", disse Bolsonaro ao canal Agro+, da Band TV, segundo publicação da Época Negócios.

De acordo com ele, além das três parcelas já previstas no programa, uma quantia menor será negociada com o Congresso. Sem mencionar o valor das novas parcelas, ele afirmou que deseja "atender o povo, mas com muita responsabilidade". 

A equipe econômica do governo já chegou a mencionar uma parcela extra de R$600, pagas em duas vezes de R$300. Entretanto, Bolsonaro deve sofrer resistência para conseguir aprovar o valor no Congresso. Parlamentares chegaram a declarar, entre eles, o presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia,  que o valor era baixo.

Na entrevista, Bolsonaro voltou a defender a reabertura das atividades econômicas, sobretudo, para que os trabalhadores reduzam rapidamente a dependência ao benefício. 

Para ele, as medidas de isolamento social adotadas nos Estados e municípios para conter a disseminação do novo Coronavírus são "um exagero" e acredita que não vai ser fácil para a economia pegar no tranco, já que embora o campo não tenha parado, as cidades baixaram as portas do comércio.

Auxílio emergencial negado poderá ser contestado na Defensoria Pública

"Não podemos deixar que o efeito colateral do tratamento da pandemia seja mais danoso do que a própria pandemia. Vida e emprego, uma coisa está completamente atrelada à outra", disse.

Enquanto isso trabalhadores aguardam o pagamento da terceira parcela do auxílio emergencial. A última data indicada pelo governo para divulgar o cronograma era dia 10. Contudo, até o momento, apenas beneficiários do Bolsa Família estão recebendo a, até então, última parcela, desde quarta-feira, 17. 

 

Governo defende reabertura do comércio para eliminar a dependência
ao auxílio emergencial (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

 

Ipea propõe pagamento emergencial do abono salarial

Em estudo, divulgado nessa quinta-feira, 18, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) propõe a alteração do abono salarial, que pagaria um valor emergencial durante a pandemia do novo Coronavírus para suavizar o impacto sofrido por trabalhadores. 

O abono salarial, desde sua criação, paga a quantia de um salário mínimo para todos os trabalhadores que cumpriam as exigências de acesso ao programa. Em 2015, o cálculo do benefício foi modificado, passando a pagar na proporção de 1/12 avos do salário mínimo por cada mês de trabalho registrado no ano de referência.

No estudo intitulado "Perfil dos beneficiários do abono salarial no Brasil e proposta emergencial no contexto do Covid-19", os pesquisadores Sandro Pereira, Bruno Amorim e Felipe Mendonça, sugerem a extinção da regra dos 1/12 avos para garantir o teto do benefício a todos os trabalhadores que cumprem os requisitos.

"Beneficiaria, em especial, famílias de renda mais baixa, que recebem entre um e 1,5 salário mínimo. A expectativa é de que o repasse desses recursos aos trabalhadores ative a economia local, o pequeno comércio, a demanda por produtos e serviços. Isso poderia ser um fator a mais para auxiliar na redinamização da economia brasileira", destacou o economista Sandro Pereira.

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