Com pandemia, confiança do comércio diminui neste fim de ano
Comércio encerra 2020 com confiança em queda, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
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Publicado em:18/12/2020 às 09:30
Atualizado em:18/12/2020 às 09:30
A pandemia do novo Coronavírus abalou as estruturas do mercado. E, embora muito já se recupere com a perspectiva de uma vacina em 2021, ainda há desafios pela frente. Começando pelo fim de ano.
A queda foi de 0,5% em dezembro, alcançando 108,5 pontos. Segundo a Agência Brasil, é a primeira redução desde junho, quando o índice havia atingido a mínima histórica de 66,7 pontos. Na comparação anual, o Icec registrou recuo de 13,3%.
A boa notícia é que, apesar da nova queda, o índice de confiança ainda permanece na zona de avaliação positiva. Mas a má notícia é que ainda está 20 pontos abaixo do nível pré-pandemia de Covid-19.
Fim do auxílio emergencial deixa comerciantes menos otimistas
(Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Empresários têm menos expectativas mesmo com consumo aumentando
A queda no índice divulgado pela CNC, segundo avaliação da própria entidade, é diretamente influenciada pela redução das expectativas para o curto prazo e das intenções de investimentos.
O subíndice que mede essas expectativas caiu pela primeira vez em cinco meses (-1,7%). Quanto às intenções de investimento, o subíndice também experimentou queda na variação mensal (-0,2%), a primeira desde julho.
Mas se as festas de fim de ano são alguns dos melhores momentos para as vendas e se, segundo o IBGE, o desempenho do comércio vem melhorando apesar da pandemia, por que as expectativas estão baixas?
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, isso tem uma explicação. Ele destaca que a própria CNC revisou a expectativa de consumo em dezembro para um crescimento real de 3,4%. Mas:
“Mas a redução no valor do benefício emergencial e pressões sobre os custos e preços são fatores que ajudam a explicar essa pequena redução observada na confiança.”
Na satisfação quanto às condições correntes, o indicador (+1,7%) também desacelerou em comparação aos avanços dos últimos meses.
A economista da CNC Izis Ferreira, responsável pela pesquisa, explicou que o agravamento da pandemia e a perspectiva de fim do auxílio emergencial no início de 2021, injetaram mais incertezas no setor impondo novos desafios de recuperação para os próximos meses.
“Diminuiu a proporção de empresários que esperam melhora na atividade no curto prazo, bem como no desempenho do varejo. Já a intenção de investimento na empresa ainda mantém alguma evolução, pois fatores como a manutenção das taxas de juros em nível baixo favorecem o acesso ao crédito.”
Como todo este cenário de incertezas, fica mesmo difícil aumentar expectativas. Para a maioria dos empreendedores, o momento agora é de avaliação e cautela para passar pela crise da melhor forma possível.
E isso também se reflete na oferta de vagas no setor. Segundo a CNC, a pesquisa mostra que as intenções de contratação de funcionários pelo varejo tiveram uma queda de 0,2%.
É uma queda pequena e a primeira após cinco meses de evolução consecutivos. Apesar disso, segue na zona positiva, com 125,3 pontos. A intenção de contratar pelo comércio foi reduzida em todas as regiões do país em dezembro, exceto no Norte.