Comércio e Indústria no Rio funcionarão por turno, conforme decreto
68% dos negócios podem quebrar após um mês de quarentena
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Publicado em:06/04/2020 às 14:20
Atualizado em:06/04/2020 às 14:20
Nesta segunda-feira, 6, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, decretou que os setores da indústria e do comércio tenham turnos de trabalho a fim de evitar aglomerações nos transportes públicos durante a pandemia de Covid-19.
O decreto foi publicado no Diário Oficial do Município. De acordo com o texto, o início das atividades será antes das 6h para atividades industriais e após às 9h para estabelecimentos comerciais.
A medida começa a valer a partir desta terça-feira, 7. A decisão foi tomada após Crivella classificar como insuficientes os esforços feitos para o combate à contaminação pelo novo Coronavírus.
“Todos os esforços feitos pela Guarda Municipal, Polícia Militar e pelos fiscais da Secretaria municipal de Transportes se mostraram ainda insuficientes. Pensamos nesta opção desde o dia 13 de março, quando fizemos nossa primeira reunião do gabinete de crise. Mas, por falta de implementação voluntária, passará a vigorar por força de lei”, disse o prefeito.
Durante transmissão feita em rede social no último domingo, 5, Crivella afirmou que não vai reabrir o comércio na cidade do Rio, por enquanto, e disse que vai manter as medidas restritivas. Segundo o prefeito, após uma reunião com a comunidade científica, a decisão foi "unânime" para manter o isolamento social.
O governador de São Paulo, João Dória, também ouviu conselhos dos médicos e decidiu prorrogar o período de quarentena no Estado por mais 15 dias. A medida foi anunciada nesta segunda-feira, 6.
Segundo Dória, as guarda-civis e Polícia Militar serão usados para dissipar aglomerações, se necessário. O governador novamente se contrapôs a Bolsonaro - que é contrário ao isolamento - dizendo que várias pessoas do governo, com exceção de Bolsonaro, são favoráveis às medidas.
"No Brasil, defendem isolamento: o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, o vice-presidente Hamilton Mourão", disse Doria.
"Será que todos eles estão errados? Será que a ciência mundial está errada?". O governador completou com mais questionamentos: "Será que um único presidente da República no mundo é o certo? É quem detém o poder, a ciência, para discordar do mundo?".
Indústria e comércio do Rio terão turnos de trabalho
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
No próximo mês, 68% dos comerciantes do Estado do Rio podem fechar as portas
Com as medidas de restrição devido à pandemia de Covid-19, os empresários do setor do comércio de bens e serviços, que geram mais de 1,7 milhão de empregos formais, já sentem impactos em seus negócios.
Segundo levantamento realizado pelo Instituto Fecomércio RJ (IFec RJ), cerca de 30,8% dos empresários conseguiriam manter a quarentena por 30 dias, enquanto 19,8% suportariam por apenas 15 dias e 17,4% por somente uma semana.
Isso quer dizer que no próximo dia 16, em que a quarenta completa 1 mês, 68% dos negócios podem simplesmente quebrar se não tiver nenhum tipo de ajuda do governo. Dos entrevistados, apenas 10,8% conseguiriam manter os negócios por 60 dias e 4,3% por mais de 60 dias.
A pesquisa entrevistou 723 comerciantes. De forma geral, os itens que pesam mais no custo da empresa são a folha de pagamento (24,5%) e o aluguel (24,1%), seguidos dos fornecedores (22,8%), energia elétrica e água (13,6%), financiamentos, impostos e taxas (11,9%) e telefone (3,2%).
Em relação à quarentena, 65,1% dos entrevistados se mostraram a favor de uma quarentena parcial, enquanto 24,1% acreditam que todos os estabelecimentos devem ser fechados. Outros 10,8% consideram não ter fechamento de nenhum comércio.
