Concurso IBGE: Instituto explica remuneração, atrasos e prevê PSS
Em coletiva, Instituto explica atraso nos pagamentos dos recenseadores, correção no simulador de remuneração e prevê novos concursos IBGE.
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Publicado em:30/08/2022 às 13:06
Atualizado em:30/08/2022 às 13:06
Após diversos concursos IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou nesta terça-feira, 30, o primeiro balanço da coleta do Censo Demográfico 2022. Em coletiva realizada nesta manhã, a autarquia falou sobre o atraso no pagamento dos recenseadores e esclareceu dúvidas sobre o processo.
Há 30 dias do início da coleta e com mais de 205 mil temporários contratados, diversos estados registraram problemas. Agressões aos profissionais, roubos de equipamentos e recusa da população em responder à pesquisa têm sido alguns dos contratempos.
Um dos principais problemas, no entanto, diz respeito à remuneração dos recenseadores contratados. Segundo o IBGE, até o momento, a coleta conta com 144.634 profissionais em atividade, tendo registrado até esta terça, 30, apenas 109 rescisões contratuais.
Além destes, mais 6.500 aprovados para o cargo estão inativos. Ou seja, concluíram o treinamento, mas ainda não foram a campo por diversos motivos, como desistência, pendência de documentação ou porque ainda não foram associados ao setor censitário que irão atuar.
De qualquer forma, diversos recenseadores que estão em atividade têm reclamado na demora do pagamento da ajuda de custo ou da própria remuneração.
Em São Paulo, duas recenseadoras conversaram com nossa equipe e falaram sobre os problemas que estão enfrentando durante a coleta. Na cidade de Sorocaba, uma das temporárias aprovada no concurso IBGE relata que realizou o treinamento, mas, até o momento, não recebeu a ajuda de custo.
Além deste valor, a recenseadora relata que já pediu o adiantamento da remuneração em relação ao seu setor censitário, mas até o momento não recebeu. Segundo ela, os ganhos esperados também estão abaixo do simulador disponibilizado no site do IBGE.
"Vejo por outros recenseadores que (a remuneração) está bem abaixo do que a calculadora disponibilizada no site diz que poderíamos receber. Por estar desempregada e precisar do valor, sigo atuando no Censo", diz a recenseadora, que preferiu não se identificar.
Já em Guarulhos, outra recenseadora relatou que recebeu a ajuda de custo 25 dias após o término do treinamento. Em relação à remuneração, ela explica que terminou o seu setor há mais de duas semanas, mas não recebeu nada além de R$50 reais de ajuda para o transporte.
"Tivemos que retornar aos endereços mais de seis vezes por ordem dos superiores, e, mesmo assim, receberemos muito menos do que era esperado por setor", diz a recenseadora, que também preferiu não se identificar.
Simulador e tabelas remuneratórias passam por revisão
Durante a coletiva desta terça, 30, o coordenador de Recursos Humanos do IBGE, Bruno Malheiros, explicou como está sendo feito o pagamento dos recenseadores, além de confirmar a revisão das tabelas remuneratórias e do simulador de remuneração.
Em relação ao simulador, o coordenador explicou que ele conta com uma expectativa de retorno, considerando que o valor final é calculado de acordo com o setor censitário, as unidades recenseadas, o tipo de questionário e o registro no controle da coleta de dados.
"Estamos fazendo uma revisão desse simulador, de forma a poder dar uma estimativa muito mais próxima do que ele vai receber na folha de pagamento", explicou o IBGE, reforçando que ainda não há uma data para a divulgação do novo simulador, mas que o processo está em andamento.
Ainda segundo o Instituto, as tabelas remuneratórias estão passando por ajustes, que ocorrem normalmente nessa etapa do processo (quando o Censo já está em curso).
De acordo com a autarquia, os setores avaliam quais ganhos estão mais altos para determinados estados e mais baixos para outros, remanejando assim as tabelas com o intuito de oferecer uma remuneração mais adequada à realidade de cada região.
Segundo o IBGE, mais uma parte do orçamento foi liberada recentemente, com o objetivo de incrementar os valores referentes ao auxílio-transporte dos temporários.
Como funciona o pagamento dos recenseadores
Em relação ao pagamento dos recenseadores, o IBGE esclareceu que os atrasos registrados nas últimas semanas já foram solucionados. De acordo com a autarquia, o problema ocorreu devido a erros no sistema e cadastro (informações incompletas ou erradas), que precisaram ser solucionados manualmente.
"São problemas de cadastro e essas dificuldades são tratadas manualmente. Então, de fato, teve esse atraso, mas esse problema já foi resolvido, e, se ainda há, são situações pontuais", explicou o setor de RH do IBGE.
No entanto, o IBGE admitiu que, durante o treinamento, o processo de pagamento dos recenseadores pode ter sido mal explicado.
Segundo o Instituto, quando um recenseador termina o seu setor censitário e envia o processo para análise do supervisor, essa avaliação pode levar de três a dez dias corridos.
Com a avaliação concluída e sem pendências do setor, o processo é enviado para o setor de Recursos Humanos, que tem cinco dias úteis para aprovar e liberar o pagamento na conta deste recenseador.
Desta forma, todo o processo de pagamento pode levar mais de 15 dias no total. Com o intuito de reduzir esse processo, o IBGE está implementando, a partir desta terça-feira, 30, a possibilidade de pagamento parcial.
Ou seja, após concluir cerca de 65% do setor censitário, o recenseador poderá solicitar (uma única vez por setor) o pagamento parcial do seu trabalho.
Neste caso, o supervisor não precisará checar todas as informações nesse primeiro momento, liberando parte dos ganhos e, assim, adiantando parte do valor final para o profissional.
Novos concursos IBGE estão previstos
Com a conclusão do último processo seletivo aberto para o Censo, contando com 6.765 vagas, mais processos seletivos devem ser realizados pelo IBGE.
Segundo o Instituto, faltam recenseadores em determinados locais. Em todo o país, o IBGE conta com 144.634 em ação, 78,8% do total de vagas disponíveis. Para a autarquia, o ideal é atuar com 85% do efetivo.
"É certo que abriremos um novo processo seletivo, o que é muito comum para repor vagas que não foram preenchidas ou que o recenseador deixou", diz Bruno Malheiros.
O estado com maior déficit de recenseadores é o Mato Grosso, com 51,2% do número de vagas. Já Alagoas está com 99,6% dos postos ocupados.
"Onde o desemprego é menor, é mais difícil despertar o interesse das pessoas para trabalharem temporariamente como recenseador. Além disso, em alguns locais, por questões específicas, a coleta foi iniciada um pouco depois", esclarece o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte.
O último processo contou com 6.514 para o cargo de recenseador, de nível fundamental, e 251 para agente censitário (municipal e supervisor), de nível médio.