Concurso Funai pode ter 500 vagas anunciadas ainda nesta semana

Em meio à semana do Acampamento Terra Livre, expectativa por anúncio do concurso Funai, com 500 vagas, cresce nos bastidores do governo.

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Publicado em:25/04/2023 às 08:37
Atualizado em:02/05/2023 às 06:50

concurso Funai pode ser anunciado ainda nesta semana, na próxima sexta-feira, 28. A informação foi dada pela Folha de SP, na última segunda, 24, após apurações nos bastidores do governo. 

O anúncio ocorrerá em meio à semana do Acampamento Terra Livre, que acontece durante toda a semana (de 24 a 28 de abril), em Brasília/DF.

Esta é a maior mobilização indígena do Brasil e reforça a necessidade da demarcação das terras, o fim das violências e decreta "emergência climática", para enfrentar o racismo ambiental e as violações de direitos causadas pelas mudanças no clima.

Durante o encontro, na próxima sexta, 28, o governo deverá anunciar 500 vagas para a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, com provas ainda este ano.

Caso ocorra, o aval para a seleção não será uma surpresa. No último domingo, 23, matéria publicada pelo jornal O Globo já revelava a autorização para o concurso Funai nesta "primeira leva" do governo

Além disso, no último dia 19, a presidente da fundação, Joenia Wapichana, em entrevista à Voz do Brasil, reforçou a urgência na realização da seleção e do plano de carreira da Funai.

"Agora nós estamos tratando do plano de carreira dos servidores da Funai, que ainda precisa ser criado e aprovado. (É preciso) ter concursos públicos novos, precisa de uma estrutura forte, orçamento forte, precisa de apoio em diversos ministérios para executar o que a gente fala da política indigenista e atenção aos povos indígenas", disse a presidente.

Assim como a presidente, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, também já validou as providências voltadas ao concurso da Funai. O órgão não publica novos editais desde 2016.

"Oportunamente trago à baila a importância da criação do Plano de Carreira Indigenista e Plano Especial de Cargos da Funai em conjunto à realização de concurso", disse Sônia Guajajara, em documento obtido pela Folha de São Paulo. 

Concurso Funai pode ter 500 vagas anunciadas ainda nesta semana (Foto: Mário Vilela/Funai)
Concurso Funai pode ter 500 vagas anunciadas ainda nesta semana
(Foto: Mário Vilela/Funai)

Atualmente, a Funai conta com cerca de 2.500 funcionários, mas somente 1.400 são efetivos. Há ainda mais de 2 mil cargos vagos na fundação. 

"A recomposição da força de trabalho da fundação, por meio de concurso público, é fundamental para o cumprimento da missão do Governo Federal de proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil", afirmou Guajajara. 

Minuta de MP cria carreira de indigenista da Funai

Para a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, só o concurso público não resolverá o problema da Funai. Há a necessidade de criar um plano de carreira de indigenista

Uma minuta de Medida Provisória (MP) já foi encaminhada para avaliação da pasta com esse intuito. Segundo o documento, ao qual Folha Dirigida teve acesso, a carreira passaria a contar com dois cargos, sendo eles:

  • nível intermediário/médio: agente em indigenismo; e
  • nível superior: indigenista especializado.

O atual cargo de indigenista especializado passaria a ser chamado de especialista em indigenismo. A MP prevê também ganhos iniciais, para o agente, de R$3.643,65, e de R$7.503,14, para o especialista.

O ingresso na Fundação Nacional dos Povos Indígenas será mantido pelo concurso Funai. Pela MP, a seleção poderá ocorrer por meio de prova ou de provas e títulos.

Já os concursos para especialistas e agentes poderão ser realizados por áreas de especialização referentes à formação do candidato, conforme dispuserem os respectivos editais.

Veja detalhes do último pedido de concurso Funai

Em maio de 2022, a Fundação Nacional do Índio confirmou o pedido de um novo concurso para 2023, com vagas efetivas. O quantitativo e os cargos solicitados, no entanto, não foram confirmados na época.

Segundo a Funai, o número solicitado poderá sofrer alterações caso o concurso seja autorizado.

"A Fundação Nacional do Índio atualmente não possui autorização para a realização de concurso público, não sendo possível confirmar as vagas previstas para cada unidade, tendo em vista ainda que poderá ser autorizado com número de vagas menor ao solicitado", disse a fundação.

Ainda segundo a Funai, apesar do quantitativo não revelado, dentre as vagas solicitadas estavam cargos que poderiam possibilitar uma eventual recomposição da força de trabalho da fundação. 

Vale lembrar que o número e os cargos solicitados devem ser superiores ao pedido de 2021. Na época, foram solicitadas 1.043 vagas de níveis médio, técnico e superior.

No caso das oportunidades de nível superior, as oportunidades foram para os seguintes cargos:

  • administrador;
  • antropólogo;
  • arquiteto;
  • arquivista;
  • assistente social;
  • bibliotecário;
  • contador;
  • economista;
  • enfermeiro;
  • engenheiro;
  • engenheiro Agrônomo;
  • engenheiro Florestal;
  • estatístico;
  • geógrafo;
  • indigenista especializado;
  • médico;
  • médico Veterinário;
  • odontólogo;
  • pesquisador;
  • psicólogo;
  • sociólogo;
  • técnico em assuntos educacionais;
  • técnico em comunicação social; e
  • zootecnista.

No nível intermediário, o pedido incluiu cargos de técnico em contabilidade, de nível médio técnico na área, e agente em indigenismo, de nível médio.

Último concurso Funai foi realizado em 2016

último concurso Funai foi realizado em 2016. Na época, a oferta inicial foi de 220 vagas, mas segundo informações do órgão, foram convocados todos os aprovados e mais 50% dos classificados excedentes.

As oportunidades foram todas para o nível superior, nos cargos de contador, engenheiro agrônomo, engenheiro (agrimensor e civil) e indigenista especializado. 

Os candidatos foram avaliados por meio de provas objetiva e discursiva. As disciplinas cobradas abrangiam Conhecimentos Gerais e Conhecimentos Específicos.

A parte específica variava de acordo com a vaga concorrida. Já os Conhecimentos Gerais englobavam:

  • Língua Portuguesa;
  • Raciocínio Lógico e Quantitativo;
  • Direito Constitucional e Administrativo;
  • Legislação Indigenista;
  • Informática Básica; e
  • Administração Pública.