Concurso IBGE para efetivos está no radar da ministra Esther Dweck

A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reconhece o déficit e a necessidade de um novo concurso IBGE.

Autor:
Publicado em:14/02/2023 às 08:30
Atualizado em:14/02/2023 às 08:30

A necessidade de realização de um concurso IBGE, com vagas efetivas, foi reconhecida pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. 

Em entrevista publicada na última segunda-feira, 13, pela Folha de S.Paulo, a titular da pasta, que é responsável pela autorização dos novos concursos públicos federais, reconheceu o déficit na autarquia. 

Segundo Esther Dweck, ainda não é possível confirmar quais órgãos receberão aval para novos concursos em 2023. No entanto, ela reconhece que, desde o governo Dilma Rousseff, há áreas com risco muito grande, tendo 30% da folha apta à aposentadoria. 

"Estamos muito focados no reajuste. Não tem como precisar quais seriam os concursos (mais urgentes), em quais áreas. Desde que eu estava aqui (no governo Dilma Rousseff), eu já acompanhava áreas que tinham muita gente em abono de permanência, com risco de aposentadoria, e a reforma da Previdência em 2019 acelerou. Áreas que já estavam com risco muito grande, com 30% da folha podiam se aposentar. IBGE e Banco Central, mas tem outras também", disse a ministra.

Ao citar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a ministra reconhece que há uma necessidade de servidores efetivos na autarquia. 

Exemplo disso está no adiamento do Censo 2022. Prevista para ser finalizado no ano passado, a coleta ainda está em andamento e só deve ser concluída, segundo o IBGE, em abril deste ano.Os sucessivos atrasos ocorreram devido à falta de pessoal temporário. 

Nosso maior desafio foi contratar recenseadores, planejamos contratar 180 mil e o máximo a que chegamos foi 120 mil. Também tivemos problemas no pagamento dos recenseadores por não termos testado o sistema antes", disse o diretor de pesquisas, Cimar Azeredo.

Novo pedido de concurso IBGE foi confirmado

Em janeiro deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística confirmou à Folha Dirigida que fez um novo pedido de concurso IBGE, com vagas efetivas.

A solicitação teria sido publicada no Diário Oficial da União, segundo a autarquia, no mês de novembro. No entanto, em uma pesquisa pelo sistema, não foi encontrado o pedido. 

Normalmente, as solicitações ocorrem via Sistema Eletrônico de Informações (SEI). Neste caso, Folha Dirigida verificou que, no dia 18 de novembro, um documento foi assinado pelo presidente do IBGE, Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto, e encaminhado ao antigo Ministério da Economia.

No arquivo, que foi destinado à então equipe do gabinete de transição governamental, foram levantados dados sobre o quadro de pessoal do IBGE e as necessidades da autarquia. 

O quantitativo de vagas e os cargos necessários, no entanto, não foram revelados. O IBGE, por sua vez, não confirmou a oferta, porque estaria aguardando uma resposta do governo sobre a solicitação.

"Ainda não recebemos resposta. Não sabemos quantas vagas serão aprovadas. Teremos de aguardar o próximo governo para saber", disse o IBGE à Folha Dirigida.

Novo pedido de concurso IBGE foi enviado ao Governo Federal (Foto: GOV BR)
Novo pedido de concurso IBGE foi enviado ao Governo Federal
(Foto: GOV BR)

Déficit aumenta e concurso IBGE é necessário

Segundo a Associação e Sindicato Nacional dos Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ASSIBGE), o número insuficiente de servidores efetivos do IBGE tem resultado em um suporte inadequado ao pessoal temporário.

"Esses fatores estão diretamente relacionados aos problemas relatados pelos recenseadores", disse a ASSIBGE.

Vale lembrar que, em abril de 2022, o Instituto confirmou o envio de um pedido de concurso ao ex-Ministério da Economia, com o objetivo de obter uma autorização para o preenchimento de 2.503 vagas efetivas, nos seguintes cargos:

  • analista de planejamento, gestão e infraestrutura e tecnologista em informações geográficas e estatísticas (1.004 vagas);
  • pesquisador em informações geográficas e estatísticas (11); e
  • técnico em informações geográficas e estatísticas (1.488).

O pedido também trouxe a previsão de gastos com salários, caso o concurso fosse autorizado para os cargos acima, sendo eles: R$8.488,47 (analista), R$9.389,06 (pesquisador) e R$3.677,27 (técnicos).

Na ocasião, o IBGE reforçou que, ao longo dos últimos anos, a autarquia vem sofrendo progressiva redução do seu quadro de servidores, em decorrência de exonerações, falecimentos e, especialmente, aposentadorias.

"O concurso mais recente foi realizado em 2015 e, mesmo com essas reposições, não foi possível garantir um quadro mínimo para a manutenção das atividades desta instituição", disse o IBGE.

Ainda segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, além da situação alarmante de redução do seu quadro de pessoal, 25% do total de servidores já pode solicitar a aposentadoria.

"Esse quantitativo pode ser ainda maior, uma vez que, para esse levantamento, foi computado, exclusivamente, o tempo de trabalho no IBGE registrado no SIAPE (sem considerar o tempo de contribuição destes servidores fora desta Fundação)", explicou a autarquia.