A Polícia Civil de São Paulo tem aval para realizar um novo concurso PC SP com 3.500 vagas. A oferta será para os cargos de nível superior, com salários de até R$12 mil mais benefícios e gratificações.
A autorização foi concedida em 2022, pelo então governador Rodrigo Garcia. Na época, foi cogitado aumentar o quantitativo de aprovados nos concursos que já estavam em andamento para as carreiras de escrivão, investigador, médico legista e delegado.
Para isso seria necessária a quebra da cláusula de barreira (que impõe um limite de classificados em cada etapa).
A ideia inicial era que a quebra ocorresse ainda para o concurso PC SP aberto em 2022. Porém, com o passar do tempo, a corporação avaliou que essa não será uma boa opção pois o processo seletivo já estava em estágio avançado.
A informação foi passada à Folha Dirigida por Anderson Pires Giampaoli, delegado de Polícia, atualmente trabalhando na Secretaria de Cursos de Formação e respondendo pela Secretaria de Concursos Públicos da Academia de Polícia "Dr. Coriolano Nogueira Cobra" (Acadepol).
“Para chamar mais 3.500 candidatos teríamos que regredir para que mais provas discursivas fossem corrigidas, porque como o número de vagas aumentaria. De uma certa forma, isso prejudicaria o andamento dos concursos de 2022. Por isso, decidimos preencher as 3.500 vagas por meio de um novo concurso”, explicou Giampaoli, em entrevista exclusiva.
O delegado da Acadepol afirmou que a quebra da cláusula de barreira está em análise somente para os próximos concursos da Polícia Civil de São Paulo. No entanto, isso depende de decisões superiores.
“Para os novos concursos, a Polícia Civil já está trabalhando com a possibilidade da quebra da cláusula de barreira. Mas é uma uma decisão que cabe à administração superior, portanto, isso envolve o nosso excelentíssimo delegado geral de polícia, nosso excelentíssimo secretário de segurança o nosso excelentíssimo governador do Estado”.
Jornalistas da Folha Dirigida debateram sobre a quebra da cláusula de barreira no concurso PC SP na última edição do programa 'Redação Folha'. Confira no vídeo abaixo:
Concurso PC SP tem novos editais previstos até junho
A Polícia Civil de São Paulo trabalha para que os novos editais de concurso sejam publicados em até dois meses, ainda no primeiro semestre. Será divulgado um edital por carreira contemplada na autorização, ou seja:
- Delegado: 552 vagas;
- Médico Legista: 116 vagas;
- Perito Criminal: 249 vagas;
- Investigador de Polícia: 1.250 vagas;
- Escrivão de Polícia: 1.333 vagas.
“A ideia da Polícia Civil de São Paulo é os editais saírem entre um ou dois meses. Nós podemos dizer que ainda neste semestre já teremos os editais publicados para essas 3.500 vagas. O primeiro planejamento feito por nós prevê que os editais e as provas preambulares se deem ainda neste semestre”, revelou Giampaoli, em entrevista.
O delegado da Acadepol confirmou que, com exceção do delegado que a oferta será estadual, para os outros quatro cargos os concursos serão regionalizados. Isto é, haverá distribuição de vagas por Departamento da Polícia Civil, seja na capital, na Grande São Paulo e no interior.
A corporação já deu início à escolha da banca organizadora. Nos últimos concursos, a Fundação Vunesp foi a contratada para receber as inscrições e aplicar as etapas, como as provas objetivas e discursivas.
Entretanto, conforme dito por Anderson Pires Giampaoli, outra banca pode ser escolhida este ano. Uma vez que uma licitação deve ser aberta para que diferentes instituições possam enviar suas propostas.
“Nós temos que abrir a possibilidade por conta do princípio da livre concorrência. Nós temos instituições tão gabaritadas como a Fundação Vunesp para a realização de concursos. Desde o ano passado, a Academia de Polícia tem sido procurada por instituições que estão interessadas em concorrer”, frisou o delegado.
Estrutura dos concursos PC SP deve ser mantida
A princípio, a estrutura de provas dos próximos concursos PC SP será mantida e seguirá os padrões dos últimos editais. Dessa forma, devem ser compostos pelas seguintes etapas:
- Prova preambular (objetiva), de caráter eliminatório e classificatório;
- Prova escrita, de caráter eliminatório e classificatório;
- Comprovação de idoneidade e conduta escorreita, mediante investigação social, de caráter eliminatório;
- Prova oral, de caráter eliminatório e classificatório;
- Prova de títulos, de caráter classificatório.
O delegado Anderson Pires Giampaoli, porém, informou que mudanças podem ocorrer, a depender da vontade política do novo governo estadual.
Há um projeto, por exemplo, para que a prova oral não seja mais cobrada nos concursos de escrivão e investigador, de forma que os processos sejam mais céleres. Para que isso ocorra é necessário que o governo proponha a alteração e envie para votação na Assembleia Legislativa.
“Nada impede, se for a vontade política da nova administração do governo, que haja uma alteração legislativa nessas legislações. Como por exemplo, suprimir uma determinada fase”.
Provas objetivas e discursivas devem ser no mesmo dia
Segundo Giampaoli, as provas preambulares (objetivas) e discursivas de escrivão e investigador devem ser aplicadas no mesmo dia. Para os cargos de médico legista e perito criminal, os exames também devem ser realizados juntos na mesma data (diferente dos demais cargos). E, na sequência, será a prova de delegado.
“Se mantida a regra atual, as provas objetivas e discursivas serão no mesmo dia. A objetiva na parte da manhã e a discursiva à tarde”.
O conteúdo programático poderá sofrer alteração pelas atualizações nas leis e a critério das bancas examinadoras.
“No último concurso para delegado, não foi cobrado Processo Civil e Direito do Trabalho. Mas pode ser que essa comissão do novo concurso queira cobrar. Isso pode acontecer. De resto, o ‘grosso’ das disciplinas é praticamente o mesmo. Obviamente com as atualizações legislativas”, explicou o delegado da Acadepol.