Concursos Públicos: provas discursivas estão mais difíceis?

Etapa temida por muitos candidatos, as provas discursivas estão cada vez mais requisitadas e frequentes nos concursos públicos.

Política e Concursos
Autor:Mateus Melis
Publicado em:27/06/2024 às 14:42
Atualizado em:27/06/2024 às 16:29

Ao abrir um edital, o candidato observa, além das vagas e salários ofertados, as etapas de um concurso público.


Além das provas objetivas, a fase discursiva tem sido cada vez mais requisitada e frequente, seja nas esfera municipal, estadual ou federal.


Ela pode ser cobrada de diversas formas, sendo em formato de texto expositivo, questão discursiva, estudo de caso e até argumentativo, quando há a exigência do posicionamento do candidato em relação ao tema proposto pela organizadora.


No entanto, em algumas provas recentes, os candidatos têm relatado um aumento na dificuldade da etapa discursiva. Essa, por exemplo, foi uma das reclamações dos concorrentes do concurso Fiocruz.


Após a aplicação das provas no final de abril, diversos inscritos relataram não só questões em desacordo com o conteúdo programático do concurso Fiocruz, como também a exigência de escrita entre 50 e 150 linhas.


Muito além dos conteúdos exigidos, algumas bancas também têm cobrado a produção de questões discursivas e redação em uma prova, como foi o caso do concurso DNIT.


Dito isso, a pergunta que fica é: as bancas têm elevado a dificuldade das provas discursivas?


De acordo com a professora de Língua Portuguesa e Redação do Qconcursos, Giancarla Bombonato, a resposta é simples: depende.


Isso porque, segundo informou a especialista à equipe do Qconcursos Folha Dirigida, o nível de dificuldade varia de acordo com o órgão, o cargo e os critérios de correção.

"Cada edital determina o nível de exigência que se espera quanto à elaboração de um texto. Além disso, a relação candidato/vaga também deve ser considerada porque, muitas vezes, a diferença de alguns décimos pode eliminar um candidato da lista de classificados e aprovados, afirmou.

Apesar do nível das provas discursivas variar de acordo com o órgão e o cargo, a professora destacou que as seleções estão passando a incluir esta fase com mais frequência, o que tem elevado a exigência para os candidatos, sobretudo nos aspectos da utilização da Língua Portuguesa.

"A correção gramatical (ortografia, acentuação, gramática e adequação vocabular) está recebendo um peso maior na atribuição da nota final do texto. Ou seja, são mais comuns redações com nota baixa por causa dos erros de emprego da Língua Portuguesa, mesmo que tenham um conteúdo adequado e coerente ao que foi solicitado na proposta de redação, reforçou Giancarla Bombonato.

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Nível de dificuldade de provas discursivas varia de acordo com o órgão

(Foto: Divulgação)

Como se preparar para as provas discursivas dos concursos?

O candidato que deseja ir bem na etapa discursiva e, assim, garantir uma boa nota deve, segundo a professora Giancarla, adotar como primeiro passo a escolha da área na qual deseja ingressar (Administrativa, Bancária, Policial, Jurídica, Fiscal, etc).


Após a definição, é importante ter noção da banca que mais atua na área desejada, conhecer os tipos de textos mais cobrados e buscar provas antigas do cargo.


De acordo com a especialista, ter acesso a aulas teóricas, especialmente de dissertação expositiva e argumentativa, é fundamental no processo para a aprovação.


Após isso, é preciso exercitar a parte escrita e, se possível, ter acesso a um professor especialista para a correção da redação.

"Isso permite que o candidato direcione a própria escrita para os critérios de correção previstos em edital", finalizou.

Mais de 30% dos principais editais federais de 2023 não exigiram discursiva

Apesar da redação ser muito exigida em concursos públicos, em 2023, cerca de 33% dos principais editais federais não contaram com a fase discursiva.


Para este levantamento, foram considerados os principais editais federais das seguintes bancas:

  • Cebraspe: Ministério das Relações Exteriores (MRE), Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Ministério da Educação (MEC), Ministério das Minas e Energia (MME), Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A (TBG), Dataprev, Emprel, Serpro, AGU, Petrobras e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP);
  • FGV: Câmara dos Deputados, Banco do Brasil BBTS, TRF1 (juiz) e Receita Federal;
  • FCC: Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte (TRT RN) e Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT SC) - considerando que ambos são tribunais da União; e
  • Cesgranrio: Transpetro.

Além disso, foram considerados como concursos sem a fase discursiva apenas aqueles que não aplicaram a prova de redação para nenhum dos cargos.


Ou seja, o concurso TBG, por exemplo, aplicou a prova de redação somente para o cargo de analista na área jurídica. Por isso, foi considerado como um edital com discursiva.


Dos 18 editais analisados, 11 foram do Cebraspe e, obviamente, a maior parcela das seleções que não contaram com a etapa discursiva pertence a essa organizadora, sendo cinco no total (MME, Dataprev, Emprel, Serpro e Petrobras).


Desta forma, apesar de comum a presença da etapa discursiva em editais, alguns concursos acabam não exigindo essa fase, visto que os critérios de seleção ficam a cargo dos órgãos públicos.


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