Coronavírus: impacto no comércio faz lojistas pensarem em demissões

Oferecer delivery tem sido a melhor solução para os restaurantes

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Publicado em:20/03/2020 às 12:00
Atualizado em:20/03/2020 às 12:00

Com a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), algumas medidas estão sendo tomadas pelas autoridades brasileiras para evitar aglomerações, como suspensão de aulas, restrição de aeroportos, fechamento de academias e shoppings, entre outras.

De acordo com um mapeamento feito pelo Sebrae, setores como construção civil, alimentação fora do lar, moda e varejo tradicional são alguns dos mais impactados pela pandemia

No Brasil, somente as pequenas empresas empregam 46,6 milhões de pessoas, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018. E os setores de serviços educacionais, logística, transporte e tecnologia movimentam uma massa salarial anual superior a R$238 bilhões.

Levantamento da Fecomércio RJ mostra que nos últimos sete dias de enfrentamento ao Covid-19, empresários do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio observaram uma queda de 50% na demanda.

Para Antônia Kátia, vendedora de uma loja de joias no Centro de Niterói, já é possível ver a queda na demanda: "não está vendendo nada!", reclama. Ela conta que está sendo liberada mais cedo, porém tendo desconto proporcional.

Com redução de jornada, governo irá completar salário do trabalhador

E a previsão é que nos próximos dias a preocupação aumente. Ainda segundo a Fecomércio RJ, cerca de 83,3% dos empresários vão passar por dificuldades e a falta de demanda deve atingir 70%.

Caso as restrições permaneçam por 30 dias, a previsão é de que o PIB do Comércio e Serviços do Estado do Rio de Janeiro sofra uma perda de cerca de R$30 bilhões. E este impacto não se restringe apenas ao estado fluminense.

Na cidade de São Paulo, com o menor número de consumidores circulando, as vendas caíram 16,3% no último final de semana, de acordo com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Com o Coronavírus, turismo adota medidas para reduzir o impacto

Mas até quem produz para entregas sentiu o impacto, como é o caso de uma loja de produção industrial de alimentos, localizada na Zona Leste de São Paulo. De acordo com Carlos Henrique, coordenador da empresa, as encomendas diárias caíram em mais de 70%.

Apesar das medidas propostas pelo governo federal para impedir demissões, como redução de carga horária, Carlos conta que não vai ter jeito:

"Ela [a dona da empresa] já pensa em demitir, e deixar os principais funcionários de cada setor", conta.

O coordenador afirma que os casos serão analisados, mas "as vendas caíram, e sem elas, não adianta". Segundo ele, a proprietária acredita que, pelo número de clientes que restaram, não será possível manter a empresa por nem mais um mês.

No momento, os funcionários que têm banco de horas estão podendo sair mais cedo ou tirar folga. Carlos diz que, com a concretização das demissões, os colaboradores que ficarem vão atuar sob demanda, ou seja, só vão trabalhar quando tiver encomendas.

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Saara RJ
Coronavírus faz vendas diminuírem e causa impacto no comércio
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

 

Delivery se torna opção para restaurantes

Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o restaurante Beco, localizado no Centro da cidade, é um dos muitos que precisou encerrar com o atendimento presencial. A gerente da loja, Rayssa Macedo, explica que só os pedidos para entrega serão mantidos.

"Iremos obedecer ao decreto da prefeitura de Belo Horizonte e, por isso, a partir do desta sexta-feira, 20, não teremos atendimento no salão do restaurante, somente marmitex para viagem e delivery; duas operações que já temos no restaurante", conta.

Só na última semana, o restaurante teve uma redução de aproximadamente 40%, segundo a gerente. Ela ainda adianta que a previsão é de que, com as medidas de prevenção, esse número aumente.

Rayssa explica que, até o momento, não houve nenhuma demissão e que espera não chegar a esse ponto. "Vivemos em um período de grande incerteza, não cabe medidas precipitadas", desabafa.

Em relação às medidas que estão sendo tomadas pelo Ministério da Economia, a gerente diz acreditar "que os micro e pequenos empreendedores irão precisar de toda a ajuda possível. Mas, não podemos deixar de movimentar a economia, uma vez que, muitos serão impactados".

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Sebrae propõe medidas para ajudar pequenos negócios

O Sebrae construiu um conjunto de propostas que foi entregue ao Ministério da Economia sugerindo ações em quatro frentes:

  1. Redução de custos: políticas públicas para redução de alugueis, folhas de pagamento, encargos trabalhistas, empréstimos bancários, entre outros;
  2. Viabilização de fluxo de caixa: linhas especiais para alongamento de prazo com fornecedores e empréstimos bancários, disponibilização de sistemas de garantias, prorrogação do prazo para recolhimento de tributos, unificação da data do FGTS;
  3. Manutenção de empregos: ampliação e simplificação do uso de banco de horas, férias coletivas, redução e/ou escalonamento de jornada de trabalho, home office e suspensão do contrato de trabalho com direito ao seguro desemprego por período limitado;
  4. Orientação: apoio ampliado, especializado e gratuito aos empresários de micro e pequenas empresas, com foco na adequação da operação dos negócios, permitindo a redução dos custos, manutenção dos empregos e sobrevivência das MPE neste período.

Cuidar das pequenas empresas é fundamental para frear crise

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, conta que a instituição está retomando a campanha ‘Compre do Pequeno Negócio’, que visa incentivar e fortalecer os pequenos empreendedores.

“Precisamos agora cuidar da sobrevivência da micro e pequena empresa. É ela que segura o emprego e que tem maior capacidade de se adaptar e se reinventar para enfrentar esta crise", orienta.