Coronavírus no Brasil: impacto poderá ser maior no setor de bens duráveis
Fecomercio SP lista recomendações para empresários enfrentarem instabilidade durante pandemia do Coronavírus
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Publicado em:17/03/2020 às 10:00
Atualizado em:17/03/2020 às 10:00
A pandemia do Coronavírus traz reflexos não só para a saúde e o estilo de vida das pessoas, mas também para a economia, afetando, incusive a manutenção dos empregos. Para tentar diminuir os impactos nocomércio, a Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomércio SP) listou dicas para o empresariado enfrentar esse momento.
Segundo uma estimativa da assessoria econômica da Fecomércio SP, a tendência é que aquisições de bens duráveis como eletrônicos, roupas e móveis sejam adiadas. Neste momento, o consumidor deve priorizar o consumo de produtos básicos, como alimentos, remédios e produtos de higiene.
Outro fator que sugere uma queda no consumo é a adoção do home office por grande parte das empresas. Isso porque aquelas compras feitas por impulso na hora do almoço ou no fim do expediente, também diminuirão.
Contrariando as recomendações, muitas pessoas optam por estocar produtos em casa, com medo da falta de abastecimento de produtos em supermercados e farmácias. No entanto, a Federação acredita que não há riscos de desabastecimento geral, pois a produção agrícola está em um bom nível e os transportes também estão funcionando normalmente até o momento.
"Entretanto, como a China é importante fornecedor de insumos para a indústria brasileira, alguns segmentos já enfrentam dificuldades em manter a produção por falta de matéria-prima, como o de eletroeletrônicos. Se a situação se mantiver por um período mais longo, podemos ter consequências em outros setores, como o automobilístico", explica o presidente do Conselho e Economia Empresarial e Política, Antonio Lanzana.
Os valores das mercadorias, por sua vez, podem variar de acordo com algumas variáveis, como entrega e aumento de custo no período, principalmente de produtos e matérias-primas importados com cotação em dólar ou em euro.
Padrão de consumo se repete em diversos países
Uma unidade americana da Nielsen identificou seis padrões de comportamento dos consumidores durante a pandemia do Coronavírus. Os padrões têm se repetido em diversos países, mesmo com as diferenças econômicas e culturais.
Com base nisso, a Fecomércio SP preparou algumas dicas sobre o assunto. Confira:
Confira as recomendações para o empresariado diante dessa instabilidade
Pesquisa feita pela Fecomércio RJ com 427 empresários de todo o Estado mostrou que 57,1% dos entrevistados veem algum risco para o seu negócio em decorrência da disseminação do Covid-19. Segundo o estudo, o maior receio dos empresários é a falta de demanda por parte dos consumidores (67,5%), com a limitação das pessoas de saídas às ruas.
Também preocupa 34,5% dos entrevistados a interrupção no abastecimento de insumos necessários para sua atividade a falta de funcionários, para 33,5%.
A fim de evitar maiores danos, a Fecomércio SP recomenda que os comerciantes que trabalham com bens duráveis não invistam na ampliação de seus estoques neste momento. Segundo eles, este não é o momento de investir, endividar-se ou assumir compromissos no longo prazo.
Outra dica é os empresários aproveitarem para entender o cenário, e o impacto social, sem elevar o preço dos produtos. A Federação alerta que se os consumidores de rendas menores não conseguirem comprar itens de prevenção, como o álcool em gel e os remédios básicos, isso pode gerar ainda mais proliferação da doença, agravando ainda mais a situação econômica.
Também é preciso ficar de olho no fluxo de caixa e nos gastos fixos. Com a queda da demanda, também é importante avaliar a necessidade de abrir o estabelecimento todos os dias e nos mesmos horários.
Além disso, é válido analisar opções de atendimento a distância e formas alternativas para entregas de produtos, via Correios, por exemplo, ou por aplicativos, que atendem às demandas locais com motoboys.
A Fecomércio também divulgou previsões para cada porte empresarial. Confira:
⇒ Grande empresa: mais protegida da crise com dinheiro em caixa e mais capacidade de estoque, consegue acionar os centros de distribuição e repor as mercadorias com agilidade. Os setores que comercializam bens duráveis têm caixa para o próximo período – contudo, podem enfrentar dificuldade se o retorno das vendas for gradual.
⇒ Média empresa: a maioria já tem acesso ao crédito nos grandes bancos, até em virtude de mais garantias, o que facilitará a aquisição de empréstimos para capital de giro. Um crédito bem contraído e planejado é melhor do que deixar de pagar os compromissos, tornar-se inadimplente e ter que correr atrás de juros.
⇒ Pequena empresa: são as que mais empregam no País, mas têm pouca capacidade de estoque, e o caixa opera no limite para o fluxo do dia a dia. As que comercializam bens essenciais devem manter a rotina, e as de bens duráveis terão mais dificuldade, por causa da queda de demanda.