Crise Covid-19: Fecomércio RJ estima que 464 mil fiquem sem emprego
Empresários falam sobre demissões e medidas anunciadas pelo governo
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Publicado em:24/04/2020 às 15:15
Atualizado em:24/04/2020 às 15:15
Pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (Ifec RJ) apresentou os primeiros impactos do isolamento social no mercado de trabalho formal no Estado. O isolamento foi uma das medidas propostas para tentar conter os avanços do novo Coronavírus no Brasil.
O levantamento aponta que 16,1% dos empresários do setor já demitiram funcionários. Em média, foram duas demissões por empresa. Além disso, outros 19% dos entrevistados disseram que ainda pretendem demitir. Ao todo, 335.500 pessoas que foram ou serão demitidas.
Diante disso, acredita-se que 464.000 pessoas (335.500 + 128.500 empresários) se desempreguem. O número é maior do que a população de 91% dos municípios do do Rio. De acordo com o estudo, o impacto negativo no mercado de trabalho está relacionado ao fato de que houve uma queda nas demandas das empresas. Ao todo, 92% dos empresários perceberam uma redução na demanda pelos bens e serviços que oferecem.
Outro motivo, seria a insuficiência das medidas adotadas até agora pelo governo. Por exemplo, 74,2% dos empresários que conhecem as medidas propostas pelo governo para reduzir os impactos da crise, não as consideram suficientes. Deste total, 28% alegaram não ter tido acesso ainda a uma das principais medidas anunciadas: a destinação de R$ 40 bilhões para o financiamento da folha de pagamento.
O IFec RJ já esperava por essa resposta. Isso porque cerca de 27% dos empresários do setor de comércio e serviços do Estado do Rio de Janeiro empregam de um a quatro empregados. Nesse contexto, já estima-se que a maioria fature menos de R$ 360 mil por ano.
Sendo assim, esse grupo fica excluído dos beneficiados pela medida anunciada pelo governo federal. Ou seja, aproximadamente 381.500 pessoas ocupadas, sendo 253.000 trabalhadores e 128.500 empregadores do setor.
Entre os entrevistados, 27,7% acredita que o acesso às medidas tomadas é burocrático. Outros, 27,3% consideram a quantidade de recursos disponibilizada insuficiente.
Atualmente, a taxa de desemprego no Estado está em 13,7%. A partir dos resultados da pesquisa, a estimativa é que esse percentual suba para 19%. Lembrando que os valores citados não incluem os trabalhadores informais desempregados por conta da quarentena.
FecomércioSP critica sugestão de adiar Dia das Mães
Em São Paulo, a FecomercioSP se posicionou contra uma proposta de mudança do Dia das Mães para agosto. A sugestão foi do governador do Estado, João Dória.
Para a Fecomércio, o governo deve focar esforços no suporte às empresas. A fundação entende que seria difícil para as empresas se reprogramarem, faltando poucos dias para a comemoração.
Para atender à demanda gerada nessa data, muitas empresas já colocaram em curso ações que envolvem: planejamento de estoques, promoções, extensão de canais de atendimento, campanhas de marketing, ajuste do quadro funcional, entre outras ações.
Além disso, comemorar a data em agosto abrirá uma concorrência com o Dia dos Pais. E, a estimativa é que nessa época a conjuntura econômica seja ainda mais negativa.
A instituição avalia que a probabilidade é de que não deverá ocorrer compra de presentes nem para as mães, nem para os pais, com a previsão de crescimento do desemprego, endividamento e inadimplência das famílias.
Para a Federação, o governador precisa concentrar seus esforços em medidas para minimizar os prejuízos e evitar o fechamento de milhares de empresa. Segundo ela, a prioridade deveria ser injetar mais recursos às linhas de crédito apresentadas, principalmente aos micro e pequenos empresários.
A FecomércioSP ainda alerta que tanto as informações sobre crédito pelo Desenvolve SP, quanto a abertura gradual da economia, que acontecerá a partir do dia 11 de maio, ainda são insuficientes para atender às necessidades dos empresários.