Cuidar das pequenas empresas é fundamental para frear crise

Sebrae aponta medidas para minimizar impacto do Coronavírus na economia

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Publicado em:20/03/2020 às 05:00
Atualizado em:20/03/2020 às 05:00

Uma avaliação feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgada na última quarta-feira, 18, informou que a pandemia do Coronavírus pode acarretar uma crise econômica e trabalhista, com o desemprego afetando quase 25 milhões de pessoas. 

De acordo com a OIT, se houver uma resposta política coordenada internacionalmente, como aconteceu na crise financeira global de 2008-2009, o impacto no desemprego global poderá ser significativamente menor. 

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Como forma de minimizar os impactos da pandemia no mercado de trabalho, o estudo chamado "Covid-19 e o mundo do trabalho: Impactos e respostas" defende a adoção de medidas urgentes, em larga escala e coordenadas, baseadas em três pilares: 

  • Proteger os trabalhadores no local de trabalho;
  • Estimular a economia e o emprego; e 
  • Apoiar os postos de trabalho e a renda.

Tais medidas incluem a ampliação da proteção social, o apoio à manutenção de empregos (ou seja, trabalho com jornada reduzida, licença remunerada, e outros subsídios) e aos benefícios fiscais e financeiros, inclusive para micro, pequenas e médias empresas.

Além disso, a avaliação propõe medidas de política fiscal e monetária, além de empréstimos e do apoio financeiro a setores econômicos específicos.

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"Isso não é mais apenas uma crise global da saúde, é também uma grande crise do mercado de trabalho e econômica que está causando um enorme impacto nas pessoas", disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, ao ressaltar que, em 2008, o mundo formou uma frente unida para enfrentar as consequências da crise financeira global e o pior foi evitado, e precisamos desse tipo de liderança e determinação agora. 

Crise do Coronavírus pode causar quase 25 milhões de desempregos
(Foto: Reprodução)

 

Setores mais afetados pela crise do Coronavírus

Com o crescimento dos casos de Coronavírus pelo mundo, uma das principais recomendações dadas pelas autoridades é evitar, ao máximo, sair às ruas. Como consequência dessa atitude, os comércios e demais setores da economia acabam sofrendo com a falta de consumidores. 

No entanto, nem só as grandes empresas são abaladas neste momento. Um mapeamento feito pelo Sebrae identifica a construção civil, a alimentação fora do lar e a moda e varejo tradicional como alguns dos setores mais impactados pela pandemia do Covid-19 no Brasil

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Além desses, outros dez segmentos estão entre os mais afetados e totalizam mais de 12,3 milhões de negócios, que respondem por mais de 21,5 milhões de empregos. O total de pessoas empregadas nas pequenas empresas é de 46,6 milhões, segundo dados da RAIS de 2018.

Os setores de serviços educacionais, logística, transporte e tecnologia também estão com o alerta ligado e preocupam por movimentarem, juntos, uma massa salarial anual superior a R$238 bilhões.

Na tentativa de amenizar os efeitos do Coronavírus na economia e oferecer soluções aos donos de pequenos negócios, o Sebrae construiu um conjunto de propostas que foi entregue ao Ministério da Economia sugerindo ações em quatro frentes:

  • Redução de custos: políticas públicas para redução de alugueis, folhas de pagamento, encargos trabalhistas, empréstimos bancários, entre outros;
  • Viabilização de fluxo de caixa: linhas especiais para alongamento de prazo com fornecedores e empréstimos bancários, disponibilização de sistemas de garantias, prorrogação do prazo para recolhimento de tributos, unificação da data do FGTS;
  • Manutenção de empregos: ampliação e simplificação do uso de banco de horas, férias coletivas, redução e/ou escalonamento de jornada de trabalho, home office e suspensão do contrato de trabalho com direito ao seguro desemprego por período limitado; e
  • Orientação: apoio ampliado, especializado e gratuito aos empresários de micro e pequenas empresas, com foco na adequação da operação dos negócios, permitindo a redução dos custos, manutenção dos empregos e sobrevivência das MPE neste período.

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“Precisamos agora cuidar da sobrevivência da micro e pequena empresa. É ela que segura o emprego e que tem maior capacidade de se adaptar e se reinventar para enfrentar esta crise. Por isso, o Sebrae está retomando a campanha ‘Compre do Pequeno Negócio’, pois a preservação deles está diretamente ligada à manutenção dos empregos no país”, orienta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.