Dia das Crianças pode ter retração, mas lojistas têm meios de superar
Com previsão de queda de 4% nas vendas do dia das crianças, lojistas buscam formas de superar a crise.
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Publicado em:08/10/2020 às 11:00
Atualizado em:08/10/2020 às 11:00
Está chegando uma das datas comemorativas mais relevantes para o comércio brasileiro: o Dia das Crianças. Mas com os efeitos da pandemia de Covid-19, como ficará o cenário de vendas? [tag_teads]
Historicamente, 12 de outubro é a terceira data mais importante para o varejo nacional, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. Porém, para este ano, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta uma retração de 4,8%.
Entretanto, essa notícia não está intimidando os lojistas. Atentos à realidade, eles já buscam estratégias para passar bem pelo período. De acordo com o Sebrae, mesmo com a previsão de queda, há otimismo.
É o caso de Nelson Dominguez, que tinha uma loja de brinquedos há 12 anos em Bauru, e, em julho, mudou seu estabelecimento para a capital paulista. Ele comenta que, apesar de ter aberto há poucos meses, os resultados surpreenderam.
Mas não foi à toa. O empresário, mesmo diante da crise, avaliou o cenário e aplicou estratégias. Nelson acredita que o fato dos pais estarem mais tempo em casa com as crianças fez com que eles se preocupassem mais com o bem-estar e com o lazer dos filhos.
Com isso em vista, para atrair os clientes, o empresário tem investido bastante nas redes sociais. Para o Dia das Crianças ele planejou uma ação com influenciadores digitais e uma campanha promocional via Whatsapp.
O resultado disso é que agora, mesmo com previsão de queda, o empreendedor tem preparo para passar pela data comemorativa e, talvez, nem sentir a retração nas vendas. Na próxima semana, o empresário vai contratar a primeira funcionária para a loja.
“Até agora, éramos apenas eu, minha esposa e minha filha. Mas com o dia das crianças e a proximidade também do Natal, vimos a necessidade de ampliar a equipe para dar conta do atendimento.”
Dia das Crianças pode ter queda, mas lojistas bolam estratégias
para fugir da retração (Agência Brasil/ Fernando Frazão)
Para CNC, data sentirá primeira retração depois de quatro anos
A pesquisa divulgada pela CNC na terça-feira, 6, projeta uma queda de 4,8% nas vendas para o Dia das Crianças. Seria a primeira retração depois de quatro anos, mas não a pior já registrada, pois a queda em 2016 foi de 8,1%.
A expectativa é movimentar R$6,2 bilhões. À Agência Brasil, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que o desemprego em alta, o aumento da informalidade, a subutilização da força de trabalho e outros fatores também prejudicam as vendas.
“Este é um desafio para o setor não apenas para esta data comemorativa, mas também para as demais que estão por vir. A redução do valor do auxílio emergencial, a partir de setembro, também deverá dificultar a retomada das vendas, mesmo em um cenário de inflação e juros baixos.”
Apesar de uma retração não ser desejada, é interessante destacar que, pelo menos, ela não deverá ser tão grande quanto a do Dia das Mães, no auge da pandemia.
Em maio, a CNC projetou uma queda de 60% nas vendas para a data comemorativa. Ou seja, um cenário bem mais complicado.
Naquele mês, vale lembrar que, as curvas de contágios por Covid-19 estavam em crescimento acelerado no país e o comércio estava fechado por causa das medidas de isolamento social para conter o vírus.
Veja tendências que podem ajudar na estratégia de vendas
Para os empreendedores que temem a chegada do Dia das Crianças, é importante observar alguns aspectos do comportamento dos consumidores, como fez o empresário Nelson. Isso dará uma base para a elaboração de estratégias.
O Sebrae aponta, por exemplo, que no contexto da pandemia, como os pais estão tendo de manter seus filhos em isolamento por meses, o cuidado com a saúde mental e o estado emocional das crianças assumiu uma importância tão significativa quanto a própria prevenção à Covid-19.
Assim, as famílias devem buscar oferecer às crianças, uma experiência que contribua para aliviar o estresse causado pela pandemia. Este é um aspecto que pode ser explorado.
Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) mostram que, com o isolamento social, a procura por jogos de tabuleiros, quebra-cabeças e outros brinquedos cresceu.
A estimativa dos fabricantes, em 2020, é manter um ritmo de crescimento de pelo menos 3% em relação ao ano passado, quando a alta registrada foi de 6%. Viu? Nem tudo está perdido!
Para o gerente de Atendimento ao Cliente do Sebrae, Enio Pinto, algumas tendências que já eram percebidas desde o ano passado, ganharam ainda mais força neste período de distanciamento.
“Os filhos da Geração Millennial (a chamada Geração Alpha – crianças nascidas a partir de 2010), valorizam a experiência muito mais que a posse de um bem. Ao contrário das gerações passadas, onde o fim ou resultado era mais importante que a jornada, as crianças e adolescentes estão em busca dessa vivência personalizada.”
O gerente exemplifica esse novo modelo de consumo: atividades que permitam a criança construir o próprio brinquedo a partir de um kit ou montar em casa o próprio hambúrguer.
“Seja qual for o produto ou serviço que a empresa vai entregar, o peso da experiência será cada vez maior.”
Outra tendência consolidada pela pandemia e que, de acordo com o gerente do Sebrae, deve permanecer como um comportamento do consumidor após a crise é a transformação digital.
“As empresas precisam estar presentes em todos os canais possíveis e oferecer uma experiência de compra com zero fricção. Isso significa que o cliente não deve ter desgaste de nenhum tipo. Ele quer escolher o produto com rapidez e pagar com facilidade, sem burocracia.”
O cuidado com a higiene é outro comportamento do consumidor que deve perdurar pelo menos até que a crise da Covid-19 esteja superada. Portanto, vale para lojistas ficarem atentos à higiene da equipe, do ambiente e no cuidado com o manuseio dos produtos.
São atitudes que serão observadas pelo consumidor e que podem, inclusive, influenciar na decisão de compra dele.
“E não basta apenas adotar esses cuidados todos. É fundamental que o cliente perceba que a higiene é de fato uma preocupação da empresa. Para isso, a comunicação é fundamental. Desde as redes sociais até o ambiente da loja, esse cuidado precisa ser visto.”