Ex-BBB Victor Hugo é aprovado em concurso e conta sua trajetória

Ex-BBB Victor Hugo é aprovado em concurso e conta sua trajetória de estudos e atuação pelo SUS.

Papo de concurseiro
Autor:Fernanda Gomes
Publicado em:01/08/2024 às 18:46
Atualizado em:02/08/2024 às 12:20

Victor Hugo ficou conhecido nacionalmente após sua participação no reality show Big Brother Brasil, em 2020. O que poucos sabem, no entanto, é que atualmente ele dedica seus dias ao Sistema Único de Saúde (SUS) .


Formado em Psicologia, ele concilia sua vida profissional entre o entretenimento e o serviço público. Aos 30 anos, ele já ocupa cargo público em uma prefeitura no interior de São Paulo e conseguiu mais uma aprovação recente.


De acordo com ele, o que mais o atraiu foi a estabilidade que o cargo público proporciona.


"Você entrar ali e saber que tem um plano de carreira, que você tem uma aposentadoria que vai ser bacana", diz. 


Além da estabilidade, a possibilidade de conciliar o cargo público com outras de suas atividades profissionais também foi um motivo relevante.


"Poder conciliar com outras coisas e ter uma renda fixa e outra variável. No caso, a renda fixa seria o meio do concurso e a variável com as outras coisas que eu faço. Eu também sou prestador, tenho reality show, faço também trabalhos como influenciador digital".


Já na lista de aprovados, Victor Hugo tem experiência na área, já tendo prestado seis concursos. Ele conta que o tempo entre a aprovação e a convocação pode variar conforme cada concursos.


"O que eu fiz em 2021, o resultado só saiu agora esse ano. Então eu já estava assim, nem esperava que eu ia ser chamado e eu fui. Só que já tinha assumido em outra prefeitura, em Santana de Parnaíba (SP). Lá foi tudo muito mais rápido. Eu fiz a prova em dezembro e me chamaram já em fevereiro e, eu comecei em março. Então não tem um prazo, acho que vai muito da emergência do local que está fazendo o concurso".


O nome na lista de aprovados em concursos

Sua última prova de concurso foi em abril deste ano e ele ainda aguarda por resultado de outro concurso.


A expectativa por ler seu nome na lista de aprovado é um sentimento compartilhado pela maioria dos concurseiros, mas Victor Hugo afirma que é uma pessoa bem racional neste sentido.


"Sou uma pessoa muito racional. Então, na hora que eu li ali, a primeira coisa que eu pensei não foi nem comemorar ou coisa assim. Foi, deixa eu correr no edital para ver se tem alguma coisa que eu vou precisar entregar de documentação que esteja faltando. É tudo muito rápido. Então a primeira coisa que eu pensei foi, eu não posso vacilar nisso, o mais difícil eu já consegui", conta. 


Ele reforça a importância de estar atento a essa fase de convocação, com tudo que é preciso em ordem.


"Nesse aqui que eu estou agora, eles pediam até que a gente entregasse exame de sangue. Eu não tinha plano de saúde na época, então eu tive que fazer os exames de sangue do meu próprio bolso", diz.


Ele conta que só depois de confirmar que deu tudo certo nos exames, comemorou sua aprovação. "Aí eu comecei a divulgar e falar para as pessoas, porque imagina o mico, né?  Você fala, passei, aí depois não dá certo".


Outra vivência que ele compartilha, que pode auxiliar outros concurseiros, é como lidar com a exoneração de um cargo público para assumir outro.


"Eu tomei posse aqui em Sorocaba e exonerei em Santana de Parnaíba no mesmo dia. Só quando estava tudo certinho aqui, aí eu exonerei, entendeu? Então, essa é a dica, galera, porque tudo pode acontecer. Eu já ouvi histórias de pessoas que estavam já contando com o ovo, sem ter a galinha e principalmente sem ter o galo. E aí não dá certo, tem que prevenir-se, tem que ter precaução. Aí depois você vai ter muito tempo para comemorar. Não precisa ser na hora, calma!".


Preparação e rotina de estudos

Sobre sua preparação, ele conta que se baseia em editais anteriores.


"Primeira coisa, eu pegava um edital e aí eu ia separando pelos tópicos. Via o que em cada edital se repetia. Então, o que se repetia em todos os editais era o que eu ia estudar com prioridade.  E os que fossem específicos de cada edital, eu deixava por último".


Ele explica que gosta de fazer seus próprios conteúdos.


"Quando eu faço o meu próprio conteúdo, isso fixa, né?  Fixa na cabeça. É diferente de você só consumir. Quando você só consome, você digere aquilo e foi. Agora, quando você mesmo produz, você acompanha artesanalmente tudo. Todo o seu processo de aprendizagem. Então, para mim, dá muito certo."


As técnicas de estudo e planejamento

Sobre suas técnicas na hora do estudo para concurso, Victor Hugo afirma que gosta de utilizar post-it e mapas mentais, além de resumos como já mencionou.


"Eu faço tudo em uma folha. Aí, quando eu termino tudo, eu monto um mapa mental e boto o meu post-it. Se for amarelo, é tipo Atenção, não estou me sentindo tão seguro. Se for vermelho, é tipo eu tenho que buscar ajuda nesse assunto.  Em verde, é segue o baile e já está de boa. Então, eu faço o meu semáforo com post-it ".


Ele conta que ao começar a estudar para concurso público já estava trabalhando e adequava sua rotina entre o trabalho e estudo. Para Victor Hugo, é mais importante alinhar a frequência de estudo, do que o tempo estudado por dia.


"Eu acho que a frequência é mais importante do que o tempo de duração. Por isso que eu acho que tudo parte do planejamento. Por exemplo, vou fazer três provas. Então, são esses os tópicos e se repetem em tudo? Então, eu vou dar prioridade para esses", explica.


Ele descreve uma situação que viveu ao longo dessa jornada de concurseiro enquanto já trabalhava com psicologia.


"Às vezes, em dias mais tranquilos usava aquilo mesmo que eu estava fazendo no meu trabalho para estudar mais sobre aquele assunto. Por exemplo, na época eu trabalhava com psicologia organizacional e iria cair na prova psicologia organizacional. Então tudo que eu tiver aprendendo aqui, eu posso estar colocando em prática e não vou estar desviando de uma função nem nada. Vou estar aqui, estudando, pra dar o melhor para os dois lados. Tanto pra minha prova, quanto pro meu trabalho"


Ele também reforça a importância de treinar com provas anteriores. Assim é possível  saber como que, por exemplo, a banca organizadora da prova faz perguntas, o que geralmente eles cobram e se são muito mais conteudistas.


"Fiz um concurso e lá teve uma questão que eu fiquei indignadíssimo quando caiu. Que era uma coisa totalmente tipo decoreba, sabe? Então tem umas questões que é você entender também que eles vão colocar no modo difícil. E que é muito específico e não ficar se culpando".


Com sua experiência de algumas aprovações, ele também aconselha a sempre estar atento às fases do concurso, incluindo depois do resultado.


"Você tem que ficar de olho ali pra ver se você vai ser chamado. Que rumo tomou. Porque tem concurso que demora muito tempo pra chamar".


Depois das aprovações, é preciso tomar decisões

O momento da aprovação é de felicidade para o concurseiro, mas também pode ser a hora de tomar decisões.


Isso porque há os concurseiros que prestam provas para diferentes cidades e precisam decidir uma mudança, além dos que são aprovados em diversos concursos e devem escolher qual tomar posse.


"Às vezes, você já tá em outra vida, está em outro momento, e tem que tomar decisões. Eu, por exemplo, passei nesses agora.  Eu não sei se eu vou assumir lá. Ou vou ficar aqui, porque são cidades diferentes e acabei de vir pra cá tem três meses. Tem todo um custo. Transporte, mudança, aluguel. Ter que pagar multa de aluguel para encerrar o contrato antes. Então, são muitas decisões a tomar. Isso no meu caso, que sou solteiro, imagino que é bem mais fácil, do que pra quem é casado e tem filhos".

Lindando com o emocional e reprovações em concurso


Além de lidar com o planejamento de estudo e organização de tempo para se dedicar a preparação, o candidato deve levar em conta seu lado emocional.


Afinal, é comum ter q lidar com reprovações e frustações nessa jornada.


Sobre o lado emocional, Victor Hugo compartilha que chegou a se cobrar muito no início dos estudos.


"Teve um momento, no início dos meus estudos, que eu fiquei muito me pressionando. Tipo, 'tem que passar, tem que passar, eu quero muito passar'.  E aí, isso não é legal! Você tem que curtir o processo. A aprovação, vai ser uma consequência desse seu processo. Se o seu processo não for bom, não vai ser legal a prova. Não vai ser legal nada, sabe? Depois você vai ficar assim: fiz tanto esforço, não me valeu de nada".


Ele conta sobre uma reprovação que teve.


"O primeiro que eu fiz, que foi da Prefeitura do Suzano, eu não passei, nem cheguei perto. Pra mim, foi muito aprendizado. Se eu tivesse me organizado dessa forma,  talvez eu teria tido uma nota melhor. Então, é isso. Eu acho que é você ter planejamento. No início, eu não tinha muito planejamento, me sentia meio perdido. Agora, eu me sinto mais à vontade pra me programar".


"Fazer prova é racional"


O dia da prova é mais um dos desafios dos concurseiros, principalmente para lidar com o controle emocional. E sobre isso, ele opina que deve-se ser o mais racional possível.


"O primeiro ponto é a gente entender que fazer prova é racional, não é emocional".


Ele menciona a importância de se programar para realizar as provas com tranquilidade.


"Saiu o local da prova, não espera pra você ver como você vai chegar lá e tudo, já faz todos os cálculos. Quanto tempo vou levar pra chegar lá, o que eu preciso levar, para não levar um material que não pode entrar. Então é se programar. Eu acho que é deixar o emocional um pouquinho de lado e ser racional mesmo".

Para Victor Hugo esse lado racional o ajudou muito.


"Eu não via com olhos de eu estou indo atrás do meu sonho. Eu via muito como uma prova qualquer na minha vida. É mais uma prova, não é 'A prova'. Eu não botava essa lupa sobre aquilo. Porque eu sabia que se eu botasse uma lupa, ia ficar muito nervoso, ia ser muito maior do que de fato é, porque, na verdade, só é uma prova, não é nada mais do que isso".


Ele também comenta sobre a importância do equilíbrio durante a preparação.


"Vejo amigos meus estudando e, às vezes, eles ficam muito 'eu tenho que estudar', não vou sair de casa pra nada. Acho que não é o caminho. Até porque lazer é uma coisa que você não pode abrir mão, porque senão sua mente vai ficando muito puxada, sobrecarregada e você não vai conseguir render. Acredito que eu podia ser mais racional e equilibrar tudo".


Como é trabalhar no serviço público

Atualmente, Victor Hugo trabalha em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), em Sorocaba (SP). Ele conta que em três meses de trabalho, junto com seus colegas, já conseguiram avançar nos atendimentos aos pacientes, o que é uma motivação.


"Eu estou amando atender crianças [...] Vou direcionando para os meus grupos terapêuticos, pras ações interdisciplinares, pra equipe multi. É bem legal. Estou gostando. Aos poucos, você vai conhecendo a rede". 


Ele comenta que ao chegar no serviço público são muitas informações e é preciso aprender muita coisa do zero.


Para ele, saber que com seu trabalho está prestando um serviço a sociedade o motiva muito, porém é preciso entender que o servidor não vai mudar tudo do dia para a noite.


"A primeira semana de trabalho, eu falei assim: quero resolver todos os problemas. Mas aí a gente entende que não vai resolver. Porque não depende só da gente. Existem uma série de fatores que fazem com que você seja uma parte disso. É importante (entender) até pra evitar uma frustração. Então, eu acho que é importante a gente fazer nossa parte, mas também entender que várias outras pessoas têm que fazer sua parte pra que tudo saia.  E isso foi uma coisa pra mim, foi um aprendizado muito grande" diz.


Sobre trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS) ele conta que está gostando da experiência, por esse foco em comunidade.


"Isso é muito legal, é uma coisa que eu não teria no meu trabalho particular. De articular com as coisas da comunidade, usar esses espaços. Todo o SUS visa essa questão da integração ali comunitária, participação social. É a coisa que eu estou achando mais legal, inclusive. Para Psicologia é ótimo".


Experiência no BBB ajudou na área de concursos?


Victor Hugo acumula experiência no reality show Big Brother Brasil e agora também com seu próprio reality (A Bolha), além da carreira de influencer. Para ele, dessas vivências pode tirar em comum a necessidade de resiliência.


"Talvez o maior ganho nessa relação, a bolha e concurso, BBB e concurso, é a resiliência. Porque todo dia você vai matando um leão por dia, você tem que realmente ter um foco e um bom planejamento. Eu acho que resiliência é uma coisa que você aprende bastante, que tanto num programa de TV, de todo dia ali se superar, porque não é fácil, estar dentro de uma casa, confinado, não é fácil, quanto também não é fácil levar um programa diário como a Bolha para o ar, todo dia, administrando tanta gente. Talvez a união dos três aí é a resiliência. Você todo dia dá a volta por cima".


Ele afirma que pretende continuar conciliando sua vida de servidor e na área de entretenimento. Mas, tem em mente que o concurso é sua prioridade.


"Conseguindo conciliar os dois excelente. Mas tem que saber que a prioridade é o concurso, porque existe a renda fixa e a renda variável. A renda variável é aquilo que esse mês pode ter, pode não ter. Então a renda fixa você tem que sempre dar prioridade para ela".


Assista a entrevista completa




Livre-se do "peso" do concurso


Como recado a quem está na jornada de concurseiro, em busca de sua aprovação, Victor Hugo aconselha a tirar o peso que o concurso carrega.


Para ele, é necessário encarar as provas com naturalidade e não se cobrar com tanta pressão para os concursos.


"Se você não passar, não vai ser o fim do mundo. Está tudo bem, vai ter muito aprendizado! Você vai entender melhor como é que funciona a dinâmica das provas, entender melhor cada banca, estudar bastante com o material. A dica que eu dou é assim estudem, porque vocês já chegaram em um lugar, vocês já estudaram muita coisa. Então, você já tem uma bagagem.  Você não está saindo do zero".


Ele complementa afirmando a relevância da Educação.


"Confia no seu taco,  confia no seu estudo, no seu método e vai com tudo. Agora, se você ficar questionando, você já está se boicotando. Eu acho que não é o caminho. E a educação muda sim a vida das pessoas. E não só depois de um concurso".


Clique e saiba mais