Governo libera empréstimo para custear salários em pequenas empresas

Serão liberados R$40 bilhões para financiar salário dos trabalhadores

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Publicado em:27/03/2020 às 16:00
Atualizado em:27/03/2020 às 16:00

O governo federal anunciou nesta sexta-feira, dia 27, uma linha de crédito emergencial para pequenas e médias empresas e que vai auxiliar no pagamento dos salários dos funcionários pelo período de dois meses.

Anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o programa vai disponibilizar no máximo R$20 bilhões por mês, ou seja, R$40 bilhões em dois meses.

Feito no Palácio do Planalto, o anúncio ocorreu após o aumento da pressão sobre Bolsonaro para que adote medidas semelhantes a outros países para facilitar medidas como o isolamento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir o crescimento no número de doentes pela covid-19.


Crédito liberado pelo governo é essencial para sobrevivência dos pequenos negócios

Responsáveis por 54% dos empregos formais do país, as micro e pequenas empresas devem ganhar fôlego para sobreviver durante a crise provocada pelo novo coronavírus. 

Para o Sebrae, o lançamento de uma linha de crédito para financiar a folha de pagamentos de pequenas e médias empresas, como forma de apoiá-las, é fundamental para garantir a sobrevivência dos negócios. 

A linha emergencial de financiamento deve beneficiar 1,4 milhão de empresas, atingindo 12,2 milhões de trabalhadores. O crédito será destinado a empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil a R$ 10 milhões. Essa linha vai financiar dois meses da folha de pagamento, com volume de R$ 20 bilhões por mês. O valor financiável por empregado é até 2 salários mínimos. O dinheiro irá direto para a conta do trabalhador. De acordo com medida, a empresa que aderir a essa linha fica obrigada a manter o emprego durante os dois meses de programa. O governo vai entrar com 85% dos recursos, os bancos entram com 15%.

Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, essa linha de crédito é essencial para a sobrevivência dos pequenos negócios, que são o alicerce da economia brasileira. 

“O Brasil tem 16,9 milhões de pequenos negócios, equivalentes a 44,3% da massa salarial do país e 29,5% do PIB nacional. Essas empresas estão entre as mais vulneráveis na crise. Agora, esses empreendedores começam a enxergar um horizonte”, avalia Meles. 

“Nós temos insistido na importância de incentivar a população a comprar dos pequenos negócios. Mais do que nunca, é hora de acreditar no pequeno comércio de bairro perto de nossas casas para a compra de produtos e utilização de serviços pagos, bem como pela internet e por aplicativos”, conclui o presidente do Sebrae.

Empréstimo cobrirá dois meses de folha e será limitado a dois salários mínimos por funcionário
Empréstimo cobrirá dois meses de folha e será limitado
a dois salários mínimos por funcionário
(Foto: divulgação)

Caixa e Sebrae negociam linha com recursos do Fampe

A Caixa Econômica está estruturando uma linha de crédito com taxas diferenciadas e prazos de carência que contarão com a garantia do Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa (Fampe). Com patrimônio atual de R$ 476 milhões para alavancagem de empréstimos, o Fampe, gerido pelo Sebrae, passa por um processo de reformulação para favorecer o acesso a crédito das micro e pequenas empresas, principalmente com foco no enfrentamento da crise do Coronavírus.

O Fampe garante até 80% do valor do financiamento diretamente com os bancos. O aval do fundo diminui o risco das operações e, assim os agentes financeiros passam a emprestar mais.

A partir do processo de reformulação, nesse momento em articulação com a Caixa, o Fampe terá o acréscimo de R$ 500 milhões em aporte de garantias, passando a ter novo patrimônio de R$ 976 milhões. Esse novo aporte permitirá a alavancagem para operações entre R$ 8 e R$ 12 bilhões para micro e pequenas empresas, por meio da garantia real. Todo o crédito será assistido pelo Sebrae em todas as etapas desde a liberação até a liquidação.