Pandemia dá nova cara ao mercado de trabalho, segundo CNC
Pesquisa realizada pela CNC apontou as transformações no mercado e quais foram os setores que mais se destacaram em meio à pandemia.
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Publicado em:08/02/2021 às 16:00
Atualizado em:08/02/2021 às 16:00
Em meio aos desafios trazidos pela pandemia do novo Coronavírus, alguns setores conseguiram se destacar mais que outros. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as áreas de Logística, Agricultura e Construção foram algumas das que apresentaram bons resultados durante a crise mundial de saúde.
Segundo o estudo, ao longo do período de isolamento social, esses três setores tiveram seu ritmo de contratação impulsionado, especialmente em postos como logística e estoque.
Já a agricultura, foi o único grande setor a crescer no ano e a construção civil, foi impulsionada pela demanda de habitações, o que também acarretou em aumento de vagas na área. Apesar das perdas econômicas, o ano terminou com saldo positivo de 142,7 mil postos formais, um aumento de 0,4% – em relação a 2019.
"Os setores produtivos, mais do que nunca, tiveram de se reinventar. Em especial o comércio, que, de um dia para o outro, precisou se digitalizar. O impacto foi muito grande, mas teria sido ainda pior sem visão estratégica e adaptações, que permitiram que novas vagas surgissem. Muitas dessas essenciais para manter o país de pé", avaliou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Trados acredita que os desafios ainda vão perdurar este ano. "Em 2021, ainda vamos viver grandes desafios, em especial no setor de serviços, com o turismo e a educação."
Ainda com base no estudo da CNC, das 10 profissões com maior nível de ocupação tradicional no mercado de trabalho, apenas a de alimentador de linhas de produção se manteve entre as que registraram maior crescimento no último ano.
Setor de turismo teve a maior queda em contratações no último ano
(Foto: Pixabay)
Educação, Arte e Cultura e Turismo são alguns dos setores que sofreram mais impactos negativos
A recuperação do comércio, a partir da segunda metade do ano, também acarretou na abertura de oportunidades em ocupações típicas como atendentes de lojas e mercados, armazenistas e repositores. No entanto, a queda no consumo presencial, provocou uma redução de 4% na ocupação de vendedores.
As ocupações relacionadas a serviços de entrega e ao atendimento remoto à população foram destaques no setor terciário. Em contrapartida, ocupações ligadas ao atendimento presencial foram as mais prejudicadas.
O setor de transporte também sofreu impactos negativos. Cobradores e motoristas de coletivos perderam representatividade no emprego formal. Além deles, ainda integraram o ranking dos mais afetados os profissionais da área de Educação, que representam metade das ocupações com maiores retrações no ano.
Comparando as áreas mais afetadas, o setor de Educação aparece à frente, apenas, das áreas de Alojamento e Serviços de Alimentação (-13,5%) e da área de Arte, Cultura, Esporte e Recreação (-10,1%).
Porém, o setor mais impactado negativamente pela pandemia foi o de turismo. A queda foi de 37% em 2020, de acordo com estimativa recente da CNC. Somados, Turismo, Cultura, Educação e Transportes perderam 421,7 mil postos de trabalho em 2020.
Segundo Fabio Bentes, economista da CNC e responsável pelo estudo, embora o saldo de vagas no ano seja o menor desde 2017, o resultado geral é surpreendente, considerando as dificuldades enfrentadas pela economia.
"Os saldos levemente positivos verificados nos dois primeiros meses foram rapidamente revertidos em grandes perdas de postos formais entre março e junho, quando foram eliminados mais de 1,6 milhão de postos de trabalho. A partir de julho, passou-se a registrar um avanço gradual em saldos mensais positivos, totalizando, até novembro, a abertura líquida de quase 1,5 milhão de novas vagas. Foi o que equilibrou o resultado no fim do ano", explicou Bentes.