Paulo Guedes compara servidores a saqueadores e gera repúdio

Representantes da segurança pública se manifestam, após ministro da Economia comparar servidores a saqueadores.

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Publicado em:18/05/2020 às 02:40
Atualizado em:18/05/2020 às 02:40

Em entrevista coletiva concedida na sexta-feira, 15, o ministro da Economia, Paulo Guedes voltou a criticar os servidores públicos. Durante a sua fala, Guedes comparou os servidores a "saqueadores".

Discursando sobre os problemas da pandemia do novo Coronavírus, o ministro ressaltou a importância de não deixar a economia do país parar devida ao atual momento. Quando falava sobre o que o Governo tem feito para melhorar a economia do país em meio a pandemia, Guedes disparou:

“É inaceitável que tentem saquear o gigante que está no chão. Que usem a desculpa da crise da Saúde para saquear o Brasil na hora que ele cai. As medalhas são dadas após a guerra, não antes. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário porque um policial vai à rua exercer a sua função, ou porque um médico vai à rua exercer a sua função. Só pedimos uma contribuição: por favor, não assaltem o Brasil".

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"Por favor não assaltem o Brasil" (Foto: José Cruz)


A fala causou impacto nos servidores e representantes de setores. principalmente da área de segurança, que se posicionaram contra a fala do ministro.

A Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) uma nota de repúdio mediante a declaração de Guedes. Em nota, a FenaPRF questiona ao ministro da economia até quando vai a afronta contra os servidores 

"Qual o limite do escárnio, do desrespeito e da covardia desse Senhor que, além de negar seu papel de funcionário público, trata os milhares de brasileiros que servem a esse país com expressões brutais, agressivas e mentirosas? 

É estarrecedor ouvir que o Ministro da Economia compara os funcionários públicos do Brasil a assaltantes. Trata-se de uma afronta a dignidade pessoal de todas as categorias, não apenas aos da Segurança Pública, em parte aqui representados nesta manifestação pela FenaPRF.

Ressaltamos nosso compromisso com o Estado Brasileiro e com o seu povo que luta literalmente pela vida, contra essa pandemia que ataca nossa saúde e nossa economia.

O que estamos pedindo, Sr. Ministro, como representantes dos Policiais Rodoviários Federais, não é aumento. É respeito.

 

enlightenedFalta de respeito, Paulo Guedes! - Leia editorial FOLHA DIRIGIDA sobre o tema


Outro sindicato que também se manifestou foi o Sindicato dos Policiais Federais no Estado da Bahia (Sindipol-BA). Em nota de repúdio, o Sindipol-BA ressaltou que o ministro, de forma agressiva e desrespeitosa, chamou de "assalto" a possibilidade de qualquer tipo de progressão funcional de carreira, prevista em Lei. O sindicato ainda classifica a declaração de Guedes como irresponsável. 

Vale lembrar que em fevereiro, Paulo Guedes comparou os servidores a parasitas, o que causou um atrito entre o ministério e o servidores. Dias depois, o ministro se retratou sobre a declaração.
 

Senado aprova auxílio e retira categorias do congelamento de salários

No começo de maio o Senado Federal aprovou o novo texto para o PLP 39/2020, acatando parte das propostas enviadas pela Câmara dos Deputados. Dentre as principais mudanças em relação ao auxílio aos estados e municípios foi o congelamento do salário dos servidores públicos

No novo texto foi firmado que os seguintes setores ficarão fora do congelamento de salários:

  • Saúde;
  • Segurança Pública;
  • Forças Armadas;
  • Educação Pública;
  • Servidores de carreiras periciais;
  • Polícia Federal;
  • Polícia Rodoviária Federal;
  • Guardas municipais;
  • Agentes socioeducativos;
  • Profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários e da Assistência Social.
     

O projeto, que cria o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, segue agora para a sanção presidencial. Foram 80 votos favoráveis, ou seja, unanimidade, já que o presidente da sessão não vota.

O auxílio financeiro aos estados, Distrito Federal e municípios poderá chegar a R$125 bilhões, com o objetivo de ajudar no enfrentamento da pandemia da Covid-19 e suas consequências sociais e econômicas.