Primeiro emprego aos 30 anos: conquistar uma vaga é mais desafiador?

Nos dias atuais, é comum que os jovens optem por se dedicar mais aos estudos e adiem um pouco a entrada no mercado de trabalho. Mas, quais serão os desafios para quem está à procura do primeiro emprego aos 30 anos?

Folha+ conversou com a professora do MBA em Gestão de Recursos Humanos do IAG – Escola de Negócios da PUC Rio — Alessandra Nogueira. A especialista destacou que não há nenhuma referencia de estudo que aponta o aumento no número de pessoas com 30 anos ou mais que nunca atuaram no mercado de trabalho.

No entanto, as pessoas dessa faixa etária nasceram no início da década de 90 e são conhecidos como os Millennials. É característico dessa geração conviver mais com os pais e com a liberdade que possuem em casa, de modo que não precisam deixar a casa dos pais tão cedo.

“É a geração também que busca propósito no consumo e valoriza menos a posse do bem e mais o compartilhamento. Em muitos casos, são jovens que estão desde cedo produzindo conteúdo para internet, realizando trabalhos voluntários. Estas são também formas de trabalho que começam a ganhar espaço no mercado”, destacou Alessandra.

Para a especialista, há fatores mais importantes que a idade quando o assunto é o ingresso no mercado de trabalho pela primeira vez. Entre eles, o autoconhecimento dos pontos fortes e diferenciais que o profissional tem.

“Vamos viver cada vez mais, então é fato que também iremos cada vez mais ter que nos reinventarmos e sermos novos entrantes no mercado a cada mudança.”

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Investir em uma aprendizagem continuada pode ser um diferencial

De acordo com Alessandra, os profissionais precisam ter em mente que quanto menos nos conhecemos, mais difícil fica conseguir uma oportunidade, independentemente da idade. Nesse sentido, uma dica é aproveitar esse mundo cada vez mais digital e trabalhar para aprender algo novo todos os dias.

“É importante fazer cursos online ou presenciais, há uma enorme variedade de cursos de qualidade que são online, pagos ou gratuitos. Além de existir muito conteúdo gratuito de grandes empresas como a Microsoft, onde é possível aprender Power BI (ferramenta de visualização de dados, muito usada hoje) disponibilizada sem custo no site da empresa”, recomendou.

Ter uma boa formação e estar atualizado com o que está mais em alta nas organizações, além de habilidades com diferentes idiomas, são grandes diferenciais para quem está em busca da primeira oportunidade de emprego.

Alessandra ainda orientou que os candidatos aprendam a valorizar as chamadas soft-skills (habilidades socioemocionais, como a inteligência emocional, que permitem ao indivíduo tomar decisões e manter as relações).

“Estar em boas instituições de ensino para fazer um MBA ou uma Pós-graduação, traz a combinação de excelência de professores com forte formação acadêmica e experiência de mercado, ajuda muito não só a ganhar mais habilidades e conhecimentos como também estes professores muitas vezes podem apoiar na conexão com o mercado de trabalho” ressaltou.

Profissionais podem produzir conteúdos na internet para destacar suas habilidades

Além dos investimentos em aprendizado contínuo, usar a internet para criar um portfólio de qualidade também é um bom caminho. Esses conteúdos podem ser elaborados em diferentes formatos: vídeos, textos, podcasts, entre outros. Outra ação que pode agregar muito ao currículo é participar de trabalhos voluntários.

“Estas ações ajudam a fortalecer as soft-skills, como mencionei. Por exemplo, você faz parte de um grupo que distribui refeições e resgata a autoestima de moradores de rua. Veja quantas habilidades estão sendo desenvolvidas: adaptação da comunicação, empatia, resiliência, entre outras.”

A especialista aconselhou que os profissionais invistam um tempo para analisar seus propósitos e entender como está sendo sua evolução na carreira.

“Vejo a maturidade da idade como algo positivo no sentido de que, em geral, vamos aumentando nosso autoconhecimento ao longo dos anos e sabendo lidar mais com as emoções e potenciais frustrações. Como estamos em um momento de mudança de era industrial para digital, todos nós, independentemente da idade, vamos vivenciar sempre mudanças como se estivéssemos começando em algo que não dominamos ainda”, analisou.

Por fim, Alessandra Nogueira destacou que toda dificuldade/desafio, vem acompanhado de oportunidades. “Em geral, quando temos mais dificuldades/desafios nos tornamos mais criativos e achamos melhores soluções.”

É por esse motivo que a especialista reforçou a importância de ter repertório, estudar com frequência e aprender algo novo todos os dias.

“Fazer parte de grupos de discussão nas redes sociais, clube de livros, meet ups (aplicativo que promove encontros de grupos de afinidade, como grupos que se encontram presencial ou virtualmente para falarem inglês, grupos que gostam de tecnologia) pode ajudar a ampliar sua rede de contatos e abrir oportunidades”, alertou.