Quais habilidades socioemocionais compõem um candidato ideal?

Entenda como essas competências podem influenciar no recrutamento

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Publicado em:24/02/2020 às 06:30
Atualizado em:24/02/2020 às 06:30

O mercado de trabalho está em constante mudança e atualização. Profissões que já estiveram em alta, hoje não estão mais, e funções que há alguns anos nem existiam, atualmente têm bastante procura.

Muitas profissões acompanharam essas mudanças: o jornalista, por exemplo, que no século XX escrevia para jornais impressos, hoje tem também que pensar em técnicas SEO (otimização para motores de busca) e em produção de conteúdos para a rede.

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Mas, para além disso, os profissionais que querem se manter empregados precisam ter competências que também serão avaliadas durante uma entrevista de emprego e que têm tanto valor quanto cursos, intercâmbios e experiências.

À medida que os trabalhos mudam, as habilidades que fazem o profissional uma pessoa ideal para uma vaga também sofrem mudanças. De acordo com o World Economic Forum, daqui a cinco anos, 35% das habilidades que, hoje são consideradas essenciais, vão mudar.

E as empresas estão atentas a essas mudanças. Susana Falchi, consultora de Recursos Humanos (RH) e CEO da HSD, destaca 8 competências que já serão avaliadas no candidato ideal:

1. Capacidade de se comunicar;
2. Capacidade de negociar;
3. Capacidade de liderar;
4. Conduta ética;
5. Abraçar uma causa;
6. Inteligência emocional;
7. Ser flexível;
8. Criatividade.

A partir dessas competências apontadas por Susana, a FOLHA DIRIGIDA conversou com Eluard Moraesdiretor de Recursos Humanos da seguradora Prudential do Brasil, que falou sobre essas competências e deu dicas para desenvolvimento e atualização.

Quais são as competências de um candidato ideal?
(Foto: Nappy)

Essas habilidades podem estar no currículo?

O diretor responde que sim, mas de forma implícita." O currículo do candidato deve ser atrativo, contar uma história. Ele deve resumir seus grandes resultados profissionais, deixando implícita a aplicação de suas competências". 

Ou seja, não se deve listar essas competências no currículo. "Digo 'implícita', pois o currículo não pode conter uma lista de qualidades e, sim, um resumo de feitos e realizações", completa.

Eluard conta que o currículo, acima de tudo, deve “aguçar a curiosidade do recrutador". Portanto, o currículo tem que ser atrativo ao ponto do recrutador ficar 'curioso' e querer saber mais sobre o candidato na entrevista.

"Uma vez que o currículo chame a atenção, o candidato poderá explorar suas competências de forma mais abrangente em uma entrevista", frisa.

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Na entrevista, como mostrar essas competências?

"A melhor forma é preparando-se para a entrevista, destacando os projetos e realizações das quais suas competências foram chave, dando exemplos reais. Além disso, vale sempre lembrar que nunca se deve mentir sobre os fatos de sua carreira profissional", conta.

Como o recrutador percebe as habilidades?

Uma dúvida que surge para alguns candidatos é a forma que o recrutador vai analisar se ele possui ou não aquelas competências/habilidades. Para responder essa dúvida, Eluard fala sobre o papel do profissional de RH, que deve estar preparado para essas análises nas entrevistas.

"O recrutamento é, sem dúvida alguma, uma das funções mais nobres da área de gestão de pessoas (talvez a mais nobre). Por isso, é necessário termos profissionais de RH e líderes preparados para o processo de entrevistas", conta o diretor de RH.

Portanto, a análise dessas habilidades depende da preparação do profissional que conduz a entrevista. "O recrutador ou o entrevistador precisa ter sensibilidade para reconhecer essas competências na entrevista com o candidato", explica.

Entre as técnicas utilizadas pelo RH nas entrevistas, Eluard conta que "perguntas dirigidas e diretas sobre o tema não resultam em respostas sinceras", por isso, o entrevistador pode buscar entender essas habilidades de uma forma mais sútil.

"O entrevistador pode conseguir por meio de uma conversa leve na qual encaixe perguntas de forma sutil, buscando alguns exemplos reais, para entender se o candidato tem essas habilidades".

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Para conseguir ter essa leitura e análise do candidato, o recrutador precisa, segundo Eluard, ter uma preparação adequada e experiência. Outra ferramenta utilizada pelos entrevistadores é a busca de referências profissionais.

"A busca de referências profissionais também pode ser uma ferramenta poderosa para confirmação dos itens encontrados nas entrevistas", completa.

Sobre as competências

Em relação às competências listadas pela CEO da HSD, Eluard diz concordar que elas realmente serão analisadas pelos entrevistados e ainda acrescentou outras quatro:

  • Capacidade de ser liderado – com as organizações cada vez mais horizontais, não importa seu nível hierárquico, você liderará e será liderado;
  • Resiliência – Palavra utilizada em excesso no mundo corporativo, mas que não pode ser esquecida;
  • Humildade – Aceitar erros (os próprios e os dos outros), ter baixo ego, exercitar a escuta ativa e aceitar as dificuldades;
  • Foco – ter foco, metas e flexibilidade para ajustar as ações na rotina profissional.

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É possível desenvolver competências?

Segundo o diretor, sim. "Toda competência pode ser desenvolvida. Isso não quer dizer que a pessoa conseguirá ser excelente em todas elas, já que cada um tem suas características pessoais. Mesmo assim, é possível trabalhar para melhoria dessas características", explica.

Para que isso aconteça, Eluard conta que é preciso fazer uma avaliação para saber onde estão as oportunidades de desenvolvimento. Ele ainda dá dicas para essa análise:

"Isso pode ser alcançado por meio de assessments formais (espécie de avaliação/relatório, que visa entender e apontar tendências de comportamento, performance e potencial de colaboradores e candidatos), feedback dos líderes e, o mais importante, uma autoavaliação".

Após a avaliação, o diretor de Recursos Humanos explica que há métodos para desenvolvimento e, por fim, cita ferramentas que podem ajudar na busca do aperfeiçoamento de competências.

"Para desenvolvê-las, recomenda-se também a leitura de livros e artigos, networking e participação em eventos. Essas são ferramentas que podem ajudar nesse desenvolvimento", conclui.