Reajuste salarial ficou abaixo da inflação em dezembro de 2020

Fipe prevê que neste ano os reajustes reais sejam raros, já que as projeções para o INPC continuam altas, superiores a 5%, podendo chegar a 7% em junho.

Autor:
Publicado em:22/01/2021 às 09:56
Atualizado em:22/01/2021 às 09:56

O boletim Salariômetro divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) nesta sexta-feira, 22, revela que o reajuste salarial no Brasil, em dezembro, ficou abaixo da inflação (-0,9%). 
 

enlightened O Salariômetro analisa resultados de 40 negociações salariais, que são coletadas no portal Medidor, do Ministério da Economia. 


Em dezembro, o reajuste mediano negociado foi de 4,3%, enquanto o índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), no acumulado de 12 meses, ficou em 5,2%. O piso salarial mediano - que corrige discrepâncias - negociado foi de R$1.333 em dezembro, enquanto o piso médio foi de R$1.442.

"Em dezembro, tivemos um repique muito forte da inflação. E a inflação, na mesa de negociação, é medida pelo INPC. Como no final do ano tivemos um aumento muito grande, principalmente na alimentação, isso refletiu no custo de vida dessas famílias e o INPC mostrou isso", disse Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Projeto Salariômetro, em entrevista à Agência Brasil.

No ano passado, dezembro foi o único mês em que o reajuste das negociações salariais ficou abaixo da inflação. Nos outros meses os reajustes se equipararam, com um pequeno reajuste real de 0,1% em fevereiro. 

Em todo o ano de 2020, foram negociados 5.038 instrumentos, sendo 4.472 por meio de acordos coletivos e 566 por convenções coletivas. Em dezembro, a proporção de reajuste nessas negociações, que ficou abaixo do INPC, atingiu 70,2%. 

"São negociações que não deram nem a inflação acumulada. Só 10,6% ficaram acima [da inflação]", afirmou Zylberstajn. Já as negociações salariais que terminaram em reajustes que corrigiram a inflação [ou seja, ficaram iguais à inflação] somaram 19,1%. Para uma empresa que esteja disposta a repor a inflação com o sindicato, já teria que começar com 5,2%. Se for dar aumento real, teria que ser mais do que isso. E isso em uma época de recessão profunda."

Se for levado em consideração todo o anos de 2020, o reajuste mediano nominal foi de 3% e o piso mediano de R$1.273. Para 2021, a Fipe prevê que os reajustes reais serão raros, já que as projeções para o INPC continuam altas, superiores a 5%, podendo chegar a 7% em junho.

 

Salariômetro
Dezembro foi o único mês de 2020 em que o reajuste das negociações
salariais ficou abaixo da inflação (Foto: Pixabay)


O que + você precisa saber:


Como o início da vacinação pode influenciar no mercado de trabalho

O primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil foi diagnosticado em fevereiro de 2020. Desde então, o país vem passando por uma crise que afeta diversos setores, inclusive o mercado de trabalho. 

No último domingo, 17, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou por unanimidade o uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford contra a Covid-19. Por isso, é bem provável que muitas pessoas possam estar se perguntando como o início da vacinação poderá influenciar o mercado de trabalho. 

Com exclusividade ao Folha+,  Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital, explica que o início da vacinação permitirá que muitas pessoas voltem a circular pela cidade. No entanto, ainda será preciso respeitar todas as normas de higiene e segurança, pois irá demorar para toda a população ser vacinada.

"Com a volta de circulação, o mercado reaquece. Quando nos sentimos confiantes de algo, tomamos decisões mais assertivas e com a proposta de uma 'solução' para a pandemia, que garanta mais segurança e saúde para a população, elas tendem a criar planos, que obviamente envolvem gastos e compras."

Mastrodomenico explica que, com a esperança do aumento nas vendas, os empresários e comerciantes acabarão adquirindo mais estoque e produzindo em maiores quantidades. E é dessa forma que a economia tende a melhorar cada vez mais. 

"É claro que temos que entender que ainda não se tem uma garantia de nada, mesmo com a eficácia da vacina, com as declarações do ministro da saúde afirmando que irão comprar diversas unidades, a instabilidade ainda prevalece, mas não impede de que o otimismo seja alcançado, e sejamos sinceros, é disso que precisamos", comenta o CEO. 

Outra consequência trazida pela vacinação, será o aumento da procura pelo comércio o que, de acordo com Caio, impactará diretamente o mercado de trabalho. O motivo é a volta dos profissionais que estavam fazendo home office aos escritórios e, por isso, consumirão dos comércios locais.

"De maneira direta, isso gera um benefício muito grande para a economia, porque a medida que os postos de trabalho vão sendo reativados, a micro economia volta à atividade, o dinheiro volta a circular na região, refletindo positivamente na economia", explica Caio Mastrodomenico.

Cada vez mais onde há atividade de trabalho voltando também se cria novos postos de trabalho, porque vai aumentando a demanda para o consumo de bens e serviços. "É um marco importante porque permite e permitirá a recirculação de pessoas na sociedade, podendo reativar os postos de trabalho", finaliza o CEO. 

+ Leia mais 

Carregando...