Em home office, profissionais sofrem ansiedade e outros transtornos

Mesmo conseguindo aproveitar o tempo em casa, alguns trabalhadores em home office apresentaram transtornos psicológicos.

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Publicado em:11/11/2020 às 17:00
Atualizado em:11/11/2020 às 17:00

Segundo uma pesquisa realizada pela Workana, maior plataforma que conecta freelancers a empresas da América Latina, 76,1% dos trabalhadores em regime CLT conseguiram se adaptar bem trabalhando de casa.

Inclusive, 27,3% dos trabalhadores com carteira assinada afirmaram ter aproveitado o tempo que gastavam para se deslocar até o escritório para investir em cursos online, e 20,9% aproveitaram para passar mais tempo com a família.

No entanto, o home office também chama atenção para um outro ponto: a saúde mental dos trabalhadores. Mesmo com os fatores positivos, o cenário atípico que a pandemia trouxe gera inúmeras incertezas quanto à economia, gerando uma sensação de instabilidade.

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Além disso, nesse novo modelo de trabalho, os profissionais precisam se dividir entre afazeres domésticos, atenção à família, videoconferências e outras atividades do trabalho. Consequentemente, 43,7% dos trabalhadores passaram a sofrer dos seguintes transtornos.

  • Ansiedade (13,2%);
  • Depressão (0,8%);
  • Dificuldade de concentração (24%);
  • Solidão (5,8%)
  • Claustrofobia (0,8%);

Ainda de acordo com a pesquisa, as mulheres foram as mais acometidas pela ansiedade durante o trabalho à distância: 28% delas disseram ter enfrentado o problema; enquanto, entre os homens, o índice ficou em 8,33%.

Em relação à dificuldade de concentração, o percentual foi de 24% entre as mulheres, e 17,71% entre homens. Já quanto ao estresse, eles sofreram mais, com 7,29% e elas com 5%.

 

Saúde mental
Gestores precisam estar atentos à saúde emocional dos seus funcionários
(Foto: Freepik)

 

Inteligência emocional está entre as prioridades do mercado

A capacidade de equilibrar seus próprios sentimentos está sendo bastante visada pelo mercado de trabalho. No entanto, na busca pela inteligência emocional, algumas questões acabam influenciando, como a pressão do próprio mercado. 

Você sabia? Inteligência emocional é a soft skill mais buscada por empregadores

Analisando os números de transtornos psicológicos apresentados acima, Daniel Schwebel, country manager da Workana no Brasil, destaca que o discurso de que questões pessoais devem ser separadas do lado profissional está ultrapassado, e não condiz mais com a realidade.

"O trabalho remoto está aí, como uma opção vantajosa e saudável a todos, desde que as empresas compreendam que são movidas por pessoas, e atuam para pessoas. É fundamental humanizar as relações, até porque, o gestor contribuir para que o funcionário desenvolva sua inteligência emocional só trará ganhos a ambas as partes", explica.

A pesquisa da Workana também mostra que 84,2% das empresas pensam em promover o trabalho remoto depois da pandemia. Positivamente, muitas delas entenderam a importância de focar no bem-estar das pessoas.

Algumas companhias já colocaram na lista de prioridades algumas ações voltadas ao lado humano, como flexibilidade de horário e suporte para quem tem filhos.

"A pandemia por si só já causa uma sobrecarga psicológica, e todo mundo enfrenta problemas diariamente. Se ao invés de apostar em especialistas para acompanhar, dar suporte aos profissionais, e mantê-los mentalmente saudáveis, o mercado colocar mais e mais empecilhos, colaboradores incríveis serão perdidos, não haverá mais contratações, e nem evolução", conclui Schwebel.

 

Ambiente de trabalho é fundamental no bem-estar dos funcionários

Normalmente, as pessoas passam a maior parte do seu dia no ambiente de trabalho. Com isso, a pressão e o ritmo intenso das atividades podem comprometer a saúde mental dos trabalhadores.

9 em cada 10 brasileiros que trabalham têm sintomas de ansiedade e 47% deles convivem com a depressão em algum nível, segundo pesquisa do ISMA (International Stress Management Association).

Além disso, 72% dos profissionais que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela causada pelo estresse. Desse total, 32% apresentam a Síndrome de Burnout.

"É comprovado que o ambiente físico pode impactar nosso cérebro, que trabalha a partir de estímulos externos. A neuroarquitetura, aplicada em projetos, obras e construções, consiste na observação e compreensão dos impactos arquitetônicos sobre o cérebro e o comportamento humano", explica Denise Moraes, diretora de projetos e sócia da AKMX Arquitetura Corporativa.

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"Por isso, é importante pensar em espaços corporativos mais humanizados, com soluções que mesclem funcionalidade e aconchego. Um ambiente funcional e, ao mesmo tempo, harmonioso, contribui com o bem estar dos colaboradores, melhora a qualidade de vida e traz ainda mais resultados", complementa.

Para promover o equilíbrio nos ambientes corporativos, a especialista conta que "uma copa com mais cara de cozinha, espaços com materiais mais acolhedores e confortáveis, por exemplo, ajudam bastante".

"Poltronas e sofás, com uma luz mais aconchegante, permitem a realização de reuniões online e trazem um diferente tipo de estímulo, trazem conforto. Espaços colaborativos também são muito importantes, pois fazem com que as pessoas tenham mais contato humano e, assim, trabalhem mais satisfeitas e sejam mais produtivas", afirma.

A AKMX apresentou o Neuro-bio-ux: Neurociência, Biofilia e User Experience (experiência do usuário), em arquitetura que conecta a rotina de um escritório, baseada na neuroarquitetura, na biofilia e na customização dos ambientes, de acordo com as necessidades específicas de cada empresa.

A proposta traz a natureza para dentro dos ambientes, provocando reações cerebrais positivas e resultando em uma grande mudança na experiência do usuário. "É possível, com o Neuro-bio-ux, que o escritório passe a ser reconhecido pelo seu papel na saúde e bem estar dos colaboradores", afirma Denise.

Já para o home office, a empresa tem o desafio de levar funcionalidade, conforto e eficiência para a casa dos seus colaboradores, a fim de resultar em uma maior produtividade e qualidade de vida.