Com queda recorde de ocupados, desemprego sobe para 13,3%
No final do 2º trimestre, o número de desocupados ficou em 12,8 milhões
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Publicado em:06/08/2020 às 08:00
Atualizado em:06/08/2020 às 08:00
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre deste ano, a taxa de desocupação subiu para 13,3%. As informações são da Pesquisa Nacional de Amostra a Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira, 6.
A pesquisa mostra também que o número de pessoas ocupadas teve uma queda recorde de 9,6%, se comparada ao trimestre anterior. Esse número representa cerca de 8,9 milhões de pessoas que deixaram de trabalhar.
No entanto, o número de desocupados se manteve estável em 12,8 milhões. Isso é justificado pelaqueda na força de trabalho - que são as pessoas que trabalham ou estão em busca de emprego.
Com as medidas de isolamento social adotadas no início do ano, cerca de 6,5 milhões de pessoas saíram da força de trabalho desde o primeiro trimestre, segundo o IBGE. A expectativa é que, com o afrouxamento dessas medidas, essas pessoas voltem a procurar emprego.
Dessa forma, a taxa de desocupação tende a subir. Além disso, no Brasil há 5,7 milhões de desalentados, ou seja, pessoas que não buscaram trabalhos, mas estão disponíveis para trabalhar.
Os desalentados entram no que é considerado uma força de trabalho potencial (nem ocupados, nem desocupados). Ao todo, esse grupo já soma 13,3 milhões de pessoas e é o maior desde 2012.
Taxa de desocupação sobe para 13,3% do 2º trimestre
(Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT)
Nível de ocupação tem queda em todo os setores
Em relação ao último trimestre, nenhum setor apresentou alta em número de ocupação. As principais reduções foram em Alojamento e Alimentação (-25,2%), Serviços Domésticos (-21,1%), Construção (-16,6%), seguidos de:
Comércio e Reparação de Veículos (-12,3%);
Transporte, Armazenamento e Correio (-10,9%);
Indústria (-9,4%);
Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias e Administrativas (-5,3%)
Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura (-3,5%)
Outros Serviços (-16,7%).
O número de empregadores apresentou recuo de 9,8%, o que representa menos 429 mil pessoas, frente ao trimestre anterior. O único aumento em ocupação foi no setor público (que inclui estatutários e militares). Atualmente, o Estado emprega 12,4 milhões de trabalhadores, 6,1% a mais do que no último trimestre.
Cai número de trabalhadores com e sem carteira assinada
No setor privado, o número de trabalhadores sem carteira assinada é de 8,6 milhões de pessoas. Se comparado ao último trimestre, houve uma queda de 2,4 milhões. Além disso, teve queda de 10,3% entre os que trabalham por conta própria, o que representa 2,5 milhões de pessoas a menos nessa categoria.
“Da queda de 8,9 milhões da população ocupada, 6 milhões eram de ocupados informais, ou seja, a queda na informalidade ainda responde por 68% da queda da ocupação”, explica Adriana Beringuy, analista da pesquisa.
O número de trabalhadores com carteira assinada é de 30,2 milhões e é o menor contingente de na série histórica. A pesquisadora explica que essa queda na ocupação está disseminada em todas as formas de inserção no trabalho, seja formal ou não.
O rendimento médio habitual aumentou 4,6%, chegando a R$2.500, o maior desde o início da série histórica. No entanto, essa média aumentou devido a redução da população ocupada.
“No segundo trimestre, com uma redução importante da população ocupada, a maior parte dessa redução vem dos trabalhadores informais, que são os de menor rendimento. Isso faz com que a média do rendimento acabe aumentando. Com relação à massa de rendimento, por mais que o rendimento médio aumente, sempre acaba pesando mais essa redução bastante forte da população ocupada”, conclui.