'10 milhões já perderam o emprego', diz Bolsonaro sem citar fonte

No mesmo dia, secretário comemora manutenção de 6 milhões de empregos

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Publicado em:08/05/2020 às 12:00
Atualizado em:08/05/2020 às 12:00

O presidente Jair Bolsonaro disse que cerca de “10 milhões de pessoas perderam emprego de carteira assinada” como efeito da crise do Coronavírus. A declaração ocorreu na quinta-feira, 7, no Palácio da Alvorada, sem a citação de uma fonte oficial que comprove o levantamento estatístico.

Questionado pelos jornalistas sobre a origem do dado, Bolsonaro explicou que foi repassado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente também revelou ter se surpreendido com o número. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.

Bolsonaro afirmou que em um pequeno comércio com cinco funcionários, a tendência é que três tenham sido demitidos. De acordo com o presidente, dos 38 milhões de autônomos no Brasil, cerca de 80% também perderam o poder aquisitivo em decorrência da pandemia.

Nesse caso, ele referenciou os dados à Organização Internacional do Trabalho (OIT), sem entrar em detalhes. Entre março e a primeira quinzena de abril, foram registrados, em média, 800 mil pedidos de seguro-desemprego.

Acredita-se que outros 200 mil pedidos estejam represados em função do fechamento das agências do Sine, conforme os próprios técnicos da equipe econômica anunciaram.

 

Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro revela dados sobre desemprego no 
Brasil sem citar fontes (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

 

Dessa forma, pelos números oficiais do Ministério da Economia, o Brasil teria atingido em torno de 1 milhão de desempregados em virtude do Coronavírus. O que representa um aumento de 150 mil em comparação com o mesmo período do ano passado.

Divulgada no final de abril, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) indica que a taxa de desemprego no país ficou em 12,2% no primeiro trimestre. O levantamento é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A população desocupada atingiu a marca de 12,9 milhões de pessoas, representando alta de 10,5%. Isto é, 1,2 milhão de desempregados a mais em relação ao último trimestre do ano passado. Se comparado à taxa do último trimestre de 2019, houve aumento de 1,2%.

Ainda segundo o IBGE, a taxa de informalidade atingiu 39,9% da população ocupada, de forma a representar um contingente de 36,8 milhões de trabalhadores informais.

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Secretário comemora manutenção de 6 milhões de empregos

Em contrapartida aos dados de Bolsonaro, o secretário especial da Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, publicou um vídeo em suas redes sociais em que comemora a manutenção de 6 milhões de empregos formais.

A divulgação do vídeo ocorreu na própria quinta-feira, 7. A permanência dos empregados foi justificada pela redução da jornada de trabalho e salários, estabelecida pela Medida Provisória 936/2020.

Notícias de empregos

O presidente também assinou e publicou um decreto que inclui o setor de construção civil e as atividades industriais nas atividades essenciais. Isto é, que podem funcionar durante a pandemia da Covid-19, desde que "obedecidas as determinações do Ministério da Saúde".

A orientação ocorre no momento em que cada vez mais municípios têm adotado ou falado em adotar medidas de "lockdown" (confinamento obrigatório) na tentativa de conter o avanço do vírus.

"Vamos colocar novas categorias com responsabilidade e observando as normas do Ministério da Saúde. Porque senão, depois da UTI, é o cemitério, e não queremos isso para o Brasil", declarou Bolsonaro.