11,5 milhões de brasileiros perderam o emprego em 12 meses
O levantamento foi feito pela consultoria IDados e reflete as consequências da pandemia do novo Coronavírus no mercado de trabalho.
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Publicado em:27/01/2021 às 09:37
Atualizado em:27/01/2021 às 09:37
Um levantamento divulgado pela consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Trimestral, mostra que entre os meses de setembro de 2019 a setembro de 2020, 11,5 milhões de brasileiros saíram da população ocupada no setor privado.
Por outro lado, nesse mesmo período, o setor público criou 145,4 mil postos de trabalho. Além da criação de vagas, o funcionalismo paga o dobro da iniciativa privada. De acordo com o IDados, a remuneração média dos servidores era de R$3.951 em setembro de 2020, enquanto o oferecido pela iniciativa privada era de R$2.032.
"O ciclo de contratações do setor público acompanha muito mais o calendário das eleições do que a economia do país. Até porque os servidores, em sua maioria, têm estabilidade no emprego. E a demanda por serviços públicos, em momentos de crise, não diminui tanto quanto a demanda por serviços privados", explica Mariana Leite, pesquisadora do IDados.
Com a queda do emprego privado, a participação do setor público no mercado de trabalho passou a rondar um patamar recorde.
No trimestre encerrado em junho de 2020, por exemplo, a proporção de funcionários público chegou a 14,8% da população ocupada, percentual máximo já apurado desde que a Pnad Contínua começou a ser realizada, em 2012. Já em setembro, o índice apresentou um leve recuo, indo para 14,3%.
Mesmo na crise, setor público seguiu contratando
(Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT)
Crise atual é mais grave do que a de períodos anteriores
O levantamento do IDados também identifica que a atual crise no mercado de trabalho é diferente das observadas em anos anteriores. Em períodos recessivos, a população ocupada sempre recua no setor privado, mas não com a intensidade vista atualmente.
Entre dezembro de 2015 e 2016, por exemplo, período que o país passava por uma crise econômica e financeira, foram fechados quase 2 milhões de postos no setor privado.
Ou seja, o número de empregos afetados pela pandemia do novo Coronavírus é cerca de seis vezes maior do que a verificada na última recessão.
"Em outras crises, o que a gente via, principalmente na de 2014, era uma saída muito forte do mercado formal, mas ela era compensada com uma maior informalidade da população. Dessa vez, o que parece estar acontecendo é que, por falta de emprego, a população tem saído totalmente da força de trabalho", diz a pesquisadora.
Além da pandemia, o descontrole do avanço da doença pelo país contribuiu para que muitos brasileiros deixassem de sair de casa para procurar emprego e, por isso, passaram a ser considerados fora da força de trabalho do país.
Segundo Mariana, outro fator foi o pagamento do auxílio emergencial, que também contribuiu para quem uma parcela significativa da população pudesse ficar sem trabalhar durante a crise sanitária.
"Pelo menos para a população mais pobre, o auxílio emergencial ajudou a manter a renda. Existem registros que a pobreza caiu no Brasil, em grande parte por causa do auxílio."