O anúncio do PDV ocorre em meio ao pior cenário fiscal da estatal em anos. Somente no primeiro semestre, os Correios registraram um déficit de R$ 4,37 bilhões, aprofundando a crise que já havia sido apontada em balanços anteriores.
A difícil situação financeira está entre os principais fatores que travam qualquer avanço nas nomeações.
O novo PDV dos Correios é a primeira grande ação da fase inicial do Plano de Reestruturação Operacional e Financeira. A direção da empresa fará um diagnóstico interno para identificar áreas e unidades com ociosidade — somente esses empregados poderão aderir ao programa.
A medida busca reduzir custos operacionais e aliviar a folha salarial, etapa considerada essencial para estabilizar as contas antes de qualquer ampliação do quadro de pessoal.
Segundo especialistas, é comum que empresas públicas realizem convocações após PDVs, mas, por ora, a estatal não projeta datas.
A empresa respondeu ao Qconcursos Folha Dirigida que:
“A convocação dos candidatos aprovados será iniciada conforme a necessidade da empresa e a ordem de classificação.”
Ainda não há prazos sobre quando essa necessidade será configurada.

Em colapso e sem chamar aprovados do concurso, Correios projeta novo PDV
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Concursos Correios seguem válidos, mas sem chamadas
A validade dos dois concursos dos Correios está em vigor:
- Área Operacional (carteiro e analista) – válida até abril de 2026;
- SESMT – prorrogada em 30 de outubro, válida agora até novembro de 2026.
Mesmo com a prorrogação do concurso do SESMT, nenhum aprovado foi chamado desde a homologação em 2024. O concurso Operacional, homologado em abril de 2025, também segue sem movimentação.
Os aprovados temem que o prolongamento da crise e o PDV sejam usados como justificativa para adiar ainda mais as nomeações.
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Crise financeira paralisa convocações
O cenário negativo se agravou ao longo de 2025. Em maio e setembro, reportagens do Qconcursos Folha Dirigida já mostravam que a empresa poderia precisar de um aporte bilionário da União, hipótese levantada pelo próprio governo.
Além disso:
- o déficit de 2023 foi de R$633,5 milhões;
- em 2024, saltou para R$2,6 bilhões;
- entre janeiro e março de 2025, o prejuízo já somava R$1,7 bilhão.
A crise motivou a renúncia do então presidente Fabiano Silva dos Santos, em julho, e a indicação, em setembro, de Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, para comandar a estatal.
A chegada do novo presidente elevou a expectativa de que o Concurso Correios fosse destravado, já que o BB possui histórico de convocar todos os aprovados em seus concursos. Porém, até o momento, não houve mudanças práticas.
STF afasta substituição de temporários por concursados
Outro ponto relevante no cenário recente é a decisão do STF, de 24 de setembro, que anulou a exigência do TST para substituir temporários por aprovados do concurso Correios de 2011.
A Corte entendeu que não houve comprovação de preterição e destacou que uma substituição automática poderia levar à demissão de até 20 mil temporários, gerando insegurança jurídica.
Na prática, a decisão tirou da estatal a obrigatoriedade de ampliar contratações — o que também reduz pressão sobre as convocações atuais.
A Findect e sindicatos regionais continuam a pressionar o governo federal. Entre as demandas enviadas ao presidente Lula e ministros estão:
- devolução parcial dos dividendos retirados entre 2011 e 2016;
- criação de um comitê de crise com participação dos trabalhadores;
- investimentos em tecnologia, logística e marketplace próprio;
- defesa da valorização dos Correios como empresa pública;
- revogação da “taxa das blusinhas”, que impacta o e-commerce.
As entidades também pedem uma reunião direta com Lula para tratar da crise e das convocações.
