Concurso Correios: novo PDV pode atingir 10 mil empregados

Sem convocar aprovados do concurso, Correios podem anunciar um novo PDV com meta de 10 mil desligamentos. Veja detalhes!

Autor:Mateus Carvalho
Publicado em:17/11/2025 às 11:23
Atualizado em:17/11/2025 às 11:23

A abertura de um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV) reacendeu a preocupação entre aprovados dos concursos Correios, que seguem sem previsão de convocações mesmo com as seleções válidas.


O plano faz parte do pacote de reestruturação financeira e poderá atingir até 10 mil empregados, segundo interlocutores da empresa.


O anúncio do PDV ocorre em meio ao pior cenário fiscal da estatal em anos. Somente no primeiro semestre, os Correios registraram um déficit de R$ 4,37 bilhões, aprofundando a crise que já havia sido apontada em balanços anteriores.


A difícil situação financeira está entre os principais fatores que travam qualquer avanço nas nomeações.



PDV dos Correios mira áreas com ociosidade e tenta reduzir folha

O novo PDV dos Correios é a primeira grande ação da fase inicial do Plano de Reestruturação Operacional e Financeira. A direção da empresa fará um diagnóstico interno para identificar áreas e unidades com ociosidade — somente esses empregados poderão aderir ao programa.


A medida busca reduzir custos operacionais e aliviar a folha salarial, etapa considerada essencial para estabilizar as contas antes de qualquer ampliação do quadro de pessoal.


Segundo especialistas, é comum que empresas públicas realizem convocações após PDVs, mas, por ora, a estatal não projeta datas.


A empresa respondeu ao Qconcursos Folha Dirigida que:

“A convocação dos candidatos aprovados será iniciada conforme a necessidade da empresa e a ordem de classificação.”

Ainda não há prazos sobre quando essa necessidade será configurada.


Em colapso e sem chamar aprovados do concurso, Correios projeta novo PDV

(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)



Concursos Correios seguem válidos, mas sem chamadas

A validade dos dois concursos dos Correios está em vigor:

  • Área Operacional (carteiro e analista) – válida até abril de 2026;
  • SESMTprorrogada em 30 de outubro, válida agora até novembro de 2026.

Mesmo com a prorrogação do concurso do SESMT, nenhum aprovado foi chamado desde a homologação em 2024. O concurso Operacional, homologado em abril de 2025, também segue sem movimentação.


Os aprovados temem que o prolongamento da crise e o PDV sejam usados como justificativa para adiar ainda mais as nomeações.


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Crise financeira paralisa convocações

O cenário negativo se agravou ao longo de 2025. Em maio e setembro, reportagens do Qconcursos Folha Dirigida já mostravam que a empresa poderia precisar de um aporte bilionário da União, hipótese levantada pelo próprio governo.


Além disso:

  • o déficit de 2023 foi de R$633,5 milhões;
  • em 2024, saltou para R$2,6 bilhões;
  • entre janeiro e março de 2025, o prejuízo já somava R$1,7 bilhão.

A crise motivou a renúncia do então presidente Fabiano Silva dos Santos, em julho, e a indicação, em setembro, de Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, para comandar a estatal.


A chegada do novo presidente elevou a expectativa de que o Concurso Correios fosse destravado, já que o BB possui histórico de convocar todos os aprovados em seus concursos. Porém, até o momento, não houve mudanças práticas.



STF afasta substituição de temporários por concursados

Outro ponto relevante no cenário recente é a decisão do STF, de 24 de setembro, que anulou a exigência do TST para substituir temporários por aprovados do concurso Correios de 2011.


A Corte entendeu que não houve comprovação de preterição e destacou que uma substituição automática poderia levar à demissão de até 20 mil temporários, gerando insegurança jurídica.


Na prática, a decisão tirou da estatal a obrigatoriedade de ampliar contratações — o que também reduz pressão sobre as convocações atuais.


A Findect e sindicatos regionais continuam a pressionar o governo federal. Entre as demandas enviadas ao presidente Lula e ministros estão:

  • devolução parcial dos dividendos retirados entre 2011 e 2016;
  • criação de um comitê de crise com participação dos trabalhadores;
  • investimentos em tecnologia, logística e marketplace próprio;
  • defesa da valorização dos Correios como empresa pública;
  • revogação da “taxa das blusinhas”, que impacta o e-commerce.

As entidades também pedem uma reunião direta com Lula para tratar da crise e das convocações.


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