50% das indústrias não encontram profissional qualificado
Segundo pesquisa da CNI, há escassez de mão de obra qualificada
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Publicado em:11/02/2020 às 13:17
Atualizado em:11/02/2020 às 13:17
Mesmo com mais de 11 milhões de desempregados, o setor industrial do Brasil está com dificuldade para contratação de profissionais. O problema, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é a falta de mão de obra qualificada.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 11, na Sondagem Especial feita pela CNI. De acordo com a pesquisa, cinco a cada dez indústrias não conseguem contratar profissionais qualificados.
Nos setores de atividade industrial, o de Biocombustíveis lidera com 70% entre as empresas com maior dificuldade para contratação de mão de obra qualificada. Em seguida, está o de Móveis com 64% e em terceiro lugar estão o do Vestuário e o da Borracha empatados com 62%.
Entre os cargos em que há escassez de mão de obra qualificada, o destaque fica para os operadores. 96% das empresas afirmam que têm dificuldades para contratar esse profissionais.
Ainda na área de produção, 90% das empresas dizem que enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores de nível técnico. Também falta profissionais qualificados para as áreas de vendas e marketing (82%), administrativa (81%), engenharia (77%), gerencial (75%) e pesquisa e desenvolvimento (74%).
Segundo o levantamento, a falta de mão de obra qualificada afeta a produtividade das empresas e a qualidade dos produtos. Portanto, o problema acaba afetando a competitividade das indústrias.
As empresas foram questionadas sobre os objetivos prejudicados pela falta desses profissionais, e "buscar eficiência ou reduzir desperdícios, ou seja, aumentar a produtividade” foi a opção mais respondida (72%).
A previsão, segundo a pesquisa, é de que esse problema se intensifique com a retomada da economia, vindo a se tornar um dos principais obstáculos para o crescimento econômico. Ainda de acordo com o levantamento, a solução não é simples e envolve esforços de curto e de longo prazo.
Educação é a solução!
Como forma de amenizar a situação, 91% das empresas têm políticas e ações para lidar com esse problema. A principal delas é a capacitação do profissional, realizada por 85%.
Entre as empresas que capacitam os seus trabalhadores, 55% realizam treinamentos internamente, 7% externamente e 38% fazem as capacitações tanto de forma interna quanto externa.
A prática de treinar os profissionais já era uma prática adotada pelas empresas, conforme mostra pesquisa realizada em 2013. Porém, mesmo entendendo que o treinamento é necessário, 88% afirmam que há dificuldades para realizar tal investimento.
A maior barreira citada pelas empresas é a falta de qualidade na educação básica. De acordo com resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil tem uma educação de base precária.
A pesquisa diz que os alunos, já com educação básica defasada, têm o problema agravado no ensino médio, que "tem uma tradição generalista e que não prepara os alunos para o mercado de trabalho".
"O jovem nem aprende uma profissão ao longo do ensino médio, nem adquire uma base educacional que facilita o aprendizado de uma profissão, seja na educação superior, seja nos cursos profissionais e tecnológicos", diz a pesquisa.
A CNI realizou o levantamento entre os dias 1º e 11 de outubro de 2019. Na ocasião, foram consultadas 1.946 empresas, sendo 794 pequenas, 687 médias e 465 grandes. Confira a pesquisa completa: