5 temas de Atualidades para concursos 2022

Ainda que a disciplina não esteja explícita no edital, estar por dentro das principais notícias pode ser o diferencial para se sair bem em uma redação

Autor:Audryn Karolyne
Publicado em:07/04/2022 às 22:18
Atualizado em:23/08/2023 às 17:55

Você já sabe quais são os temas de Atualidades para concursos de 2022, futuro servidor?

Pois saiba que saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo é fundamental para se sair bem na sua prova.

Ainda que a disciplina não esteja explícita no edital, estar por dentro das principais notícias pode ser o diferencial para se sair bem em uma redação ou em uma questão de interpretação de texto, por exemplo.

Por esse motivo, conversamos com o professor da matéria Alessander Mendes, que falou sobre os principais temas de Atualidades para concursos de 2022 e como eles podem ser cobrados nas provas. Confira!

Guerra na Ucrânia

Um dos principais temas de Atualidades para concursos de 2022, o primeiro passo para a entender a Guerra na Ucrânia é se perguntar: por que a Rússia resolveu invadir o país?

Para responder, é preciso compreender que desde o fim da União Soviética, em 1991, há uma tendência de expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), pacto de defesa mútuo-capitalista-ocidental liderado pelos Estados Unidos, em direção ao leste europeu, incorporando países que fizeram parte do bloco soviético.

A questão com a Ucrânia é que ela sempre foi o segundo país mais importante da União Soviética, atrás apenas da Rússia, com grande extensão territorial e população. Ter a Ucrânia dentro da Otan significa ter forças consideradas hostis pela Rússia na fronteira imediata do país.

Por um outro lado, há um expansionismo da União Europeia, que já incorporou uma série de países do leste europeu, como por exemplo a República Tcheca e a Polônia. Esse bloco também se aproxima cada vez mais da fronteira da Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, entende que isso é uma maneira de diminuir a influência geopolítica e econômica da Rússia sob o leste europeu e parte da Ásia.

Dentro desse contexto, a Rússia considerou a aproximação da Ucrânia da Otan e da União Europeia uma tentativa clara de minar a influência russa na região e de ter tropas na fronteira imediata.

Em suma, a invasão russa tem o objetivo de impedir a entrada da Ucrânia em ambos os blocos.

Porém, o que a Rússia talvez não esperasse é a tentativa da União Europeia e de países como Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Canadá de sufocar a economia com uma série de sanções muito abrangentes no campo econômico.

Se por um lado isso fortalece o discurso de Putin de que o mundo está tentando sufocar a economia russa e que o povo russo precisa estar unido nessa guerra, por outro, tende a reverberar nas condições socioeconômicas dentro do próprio país, com piora na qualidade de vida para a própria população da Rússia.

Quando será o fim da guerra?

“O desfecho dessa crise a gente ainda não tem no horizonte imediato”, afirma o professor Alex. “Uma das possíveis soluções seria o que nós chamamos de ‘finlandização’ da Ucrânia.”

A Finlândia, depois da Segunda Guerra Mundial, assumiu uma posição neutra para evitar qualquer tipo de ataque russo em seu território.

É o que pode acontecer em relação à Ucrânia. Decidir não entrar para a Otan e, ao declarar neutralidade, tentar impedir que a guerra continue.

Outra solução possível seria uma intervenção da Otan no conflito. Um possível embate entre Ucrânia e Rússia agiria como uma espécie de estopim para a Terceira Guerra Mundial.

Mineração em terras indígenas

Por mais incrível que possa parecer, a mineração em terras indígenas tem a ver com a guerra entre Rússia e Ucrânia, explica Alessander Mendes. Por isso, o tema vem quente entre as Atualidades para concursos em 2022.

O Brasil importa 85% dos fertilizantes que utiliza, sendo um dos maiores players globais na produção agropecuária.

O grande problema é que o modelo brasileiro, que é o dominante no mundo como um todo, é o chamado agronegócio. E o agronegócio faz um uso intensivo do solo, no qual entra grande quantidade de fertilizante artificial, o chamado NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio).

A grande maioria, sobretudo do Fósforo e do Potássio que o Brasil utiliza, vem da Rússia. Com o grande número de sanções que o país vem sofrendo devido à guerra, é possível que haja maior dificuldade por parte do Brasil em comprar o NPK deles.

O Brasil poderia produzir NPK?

A ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já havia tentado comprar o material do Canadá. Porém o governo já alegou só ter estoque até o mês de agosto.

Com isso, o presidente Jair Bolsonaro, que já havia se mostrado favorável à prática, tenta passar no Congresso um projeto de lei, em caráter de urgência, que dá regulamentação da mineração em terras indígenas alegando que, assim, o Brasil poderia se tornar menos dependente ou autossuficiente na produção de NPK para os próximos anos.

“O que obviamente é uma inverdade”, afirma o professor Alex. Ele justifica a afirmação em três motivos:

  • O Brasil tem nove minas de produção de material para fertilizante artificial subutilizadas, porque o custo de produção nacional é maior do que o custo da importação desses materiais.
  • O próprio governo Bolsonaro já fechou uma fábrica de fertilizantes da Petrobrás, no Sul do país, alegando que ela não era viável economicamente falando.
  • O Brasil precisaria avançar muito na tecnologia de produção de fertilizantes, e isso só acontece em médio e longo prazo, para que o país possa reduzir a demanda externa e se tornar autossuficiente.

Inclusive, a mineração em terras indígenas poderia levar esses povos à morte pelo país inteiro, já que causa de um impacto socioambiental muito profundo, atrai ainda mais a prática ilegal e a criação de estradas e pistas não-legalizadas de pouso e decolagem de aviões.

Outras consequências seriam a extração de madeira, a transformação de áreas indígenas para a agricultura e pecuária, devastação ambiental com queima de florestas, desmatamento etc.

O projeto de lei, apelidado de PL da mineração em terras indígenas, já passou pela Câmara dos Deputados em regime de urgência e agora segue para o Senado Nacional. A própria Federação Nacional das Mineradoras se mostrou contra, já que os maiores potenciais brasileiros para a produção de NPK não estão nesse território.

Tragédia de Petrópolis

Outro tópico importante nas Atualidades para concursos de 2022 é a tragédia em Petrópolis. Na região serrana do Rio de Janeiro, que tem um clima tropical de altitude, chove em torno de 2.000 a 2.500 milímetros por ano, o mesmo que entre 2.000 a 2.500 por m² em um ano.

A grande questão é que esse ano em Petrópolis foram 254mm de chuva em apenas três horas.

A primeira causa natural é um acúmulo de chuva em um curto período de tempo. O segundo fator natural é a topografia de cidade, que fica em uma região de planaltos e serras do Leste e Sudeste, com grande quantidade de morros espalhados e um relevo muito inclinado.

Isso cria um cenário de grande possibilidades de desabamento, fenômeno chamado formalmente na Geografia de escorregamento.

Você tem uma rocha matriz impermeável revestida por uma camada de solo. Como a água não passa pela rocha, a terra vai ficando cada vez mais encharcada à medida que vão ocorrendo as chuvas.

“Em um determinado momento, há um descolamento desse solo em relação à rocha. E literalmente tudo que está em cima escorrega para baixo com a força da gravidade”, explica o professor.

Desastre antrópico

Apesar dos fatores naturais, o desastre pode ser considerado de causa antrópica, isto é, causado pelo ser humano.

Como o Brasil não tem uma política nacional de construção de moradias populares, resta à população mais pobre procurar moradia nas regiões de morros, margens de rios e rodovias.

Ao precisar desmatar essa área para estabelecer residências, o solo perde a sua proteção natural em relação à erosão pluvial, isto é, da chuva.

Outro problema de Petrópolis é a falta de investimento em macrodrenagem. Se a microdrenagem é realizada através dos bueiros, a macro é a retirada da água dos rios e jogá-las mais à frente. Assim, diminuindo a chance de haver alagamentos e inundações pela cidade.

Petrópolis não teve investimento em macrodrenagem nos últimos 50 anos. A cidade cresceu muito e o solo ficou impermeabilizado devido à urbanização, o que diminui sua taxa de infiltração.

Essa água escorre superficialmente, desce para a galeria de água pluvial (os bueiros) e vai para os rios que, sem largura e profundidade suficientes para a escoar, causam um processo de inundação.

Portanto, a causa da tragédia em Petrópolis é resultado da macrocefalia urbana, processo caracterizado pelo crescimento desordenado urbano, somado à falta de políticas habitacionais e de micro e macrodrenagens.

O professor ainda lembra que desastres como esse devem se repetir. Um relatório de 2017 da prefeitura já identificava mais de 27 mil habitações em áreas de alto risco. Diante desse resultado, nada foi feito nos últimos cinco anos.

Novo aumento dos combustíveis

O anúncio do novo aumento dos combustíveis feito pela Petrobras fez com que a gasolina subisse mais de 18%, o óleo diesel mais de 26% e o gás de cozinha mais de 16%.

Desde 2016, o então presidente na época Michel Temer junto com a presidência da Petrobras resolveram mudar a fórmula de cálculo do preço do barril do petróleo e, consequentemente, o preço dos combustíveis no Brasil.

Com isso, a Petrobras passou a desconsiderar:

  • O seu custo de produção
  • A sua margem de lucratividade
  • Um valor para amortizar dívidas
  • Um determinado valor para financiar investimentos
  • Uma margem que poderia ser colocada em reação ao petróleo internacional

O Brasil passou a adotar a chamada Paridade Preço Internacional (PPI) do barril de petróleo.

Ou seja, a Petrobras agora calcula o preço do barril do petróleo e derivados como se ela estivesse adotando 100% do petróleo internacional. O que não é verdadeiro, já que a estatal importa cerca de 15% de petróleo e derivados e o resto é produção nacional.

“Quando você adota a PPI, você tem dois problemas graves”, afirma Alex Mendes. Primeiro que você não controla a demanda mundial de petróleo, que pode ser afetado por fatores como a Guerra na Ucrânia ou ações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Segundo que o Brasil foi um dos cinco países que mais teve desvalorização da moeda no mundo desde 2019, o que interfere diretamente na política cambial. Por consequência, o preço do barril e derivados importados também fica mais caro em reais.

“O que é correto seria que a Petrobras calculasse o custo de produção, a amortização de dívida, uma lucratividade média dentro do mercado, reservasse um determinado percentual para novos investimentos e, em relação àquilo que ela compra importado, colocasse um fator qualquer em relação a quantidade produto importado que ela faz no momento atual”, justifica Alessander Mendes.

Refino do petróleo nacional

Outra questão, a qual a maioria dos brasileiros não estão atentos, é que as refinarias do país estão subutilizadas, funcionando com cerca de 75% da capacidade de refino.

Isso acontece porque grande parte do petróleo brasileiro, extraído na bacia de Campos, é considerado um petróleo pesado, que demanda uma etapa maior de refino.

Em um determinado momento, a direção da Petrobras entendeu que valeria mais a pena subutilizar as refinarias e comprar um petróleo mais leve no exterior ou comprar diretamente derivados de petróleo.

Isso tem provocado no Brasil aumentos sucessivos do barril de petróleo e, consequentemente, dos combustíveis. Por consequência, encarece o custo:

  • De transporte para o trabalhador, que tem a sua renda diminuída
  • De transporte das mercadorias já que, aproximadamente, 65% delas são transportadas pelo modal rodoviário
  • O custo de produção das empresas, o que afeta o preço que chega para o consumidor final

A consequência se reflete diretamente no aumento da inflação, que no ano passado ultrapassou mais de 10%, retirando poder de compra da classe trabalhadora e acarretando na perda de renda.

PIB de 2021

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 2021 foi de 4,6%, um crescimento que o professor Alex considera interessante em relação ao anterior e que pode ser tema de prova nas Atualidades para concursos de 2022.

“A base de comparação também é o ano anterior, o que revela para a gente alguns problemas nesse indicador”, destaca.

Desde 2014 o Brasil tem a sua economia colapsada, tendo mergulhado na mais longeva recessão da sua história contemporânea, com a queda do nível do produto em dois trimestres seguidos.

O país ficou com oito trimestres com queda da atividade econômica, entre 2015 e 2016. Em 2017, o Brasil cresceu 1,3%, em 2018, 1,8% e em 2019, 1,2%. Em 2020, extremamente afetado pela covid-19, a queda foi de 3,9%.

“A gente diz que não é para comemorar porque nós não conseguimos recuperar ainda a renda e o PIB em termos reais desde 2013”, explica.

A elevada taxa de desemprego também é motivo de preocupação. Ainda que esteja caindo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a massa salarial continua em queda.

Isso significa dizer que a população está partindo para a informalidade e, ainda que não esteja desempregada, tem uma média salarial em queda.

Perspectiva de crescimento do PIB

Como no Brasil o consumo das famílias representa 65% do PIB, com a taxa de desemprego superior a 11% da população economicamente ativa e a massa salarial em queda, há uma tendência de que PIB não consiga evoluir nos próximos anos. Isso já se revela na expectativa do mercado para o PIB de 2022, de entre 0,3% e 0,5%.

Isso também faz com que as empresas não façam investimentos que poderiam gerar mais emprego e renda, por não verem perspectiva de crescimento da demanda agregada.

Tem mais algum tema que você apostaria para as Atualidades para concursos 2022, futuro servidor? Conta pra gente nos comentários!