Bolsonaro defende privatizações e reforma, mas admite dificuldades

Nesta quarta, 12, em sua rede social, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre a saída de secretários e defendeu as privatizações e reformas.

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Publicado em:12/08/2020 às 09:39
Atualizado em:12/08/2020 às 09:39

O presidente Jair Bolsonaro falou, nesta quarta-feira, 12, em sua rede social, sobre a saída dos secretários especiais de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel. Na publicação, Bolsonaro defendeu as privatizações e reformas, mas admitiu dificuldades.

Tanto o pacote de privatização quanto o avanço das reformas, em especial a Administrativa, foram os motivos que levaram aos pedidos de demissão dos secretários, que integravam a equipe econômica do governo.

"O Estado está inchado e deve se desfazer de suas empresas deficitárias, bem como daquelas que podem ser melhor administradas pela iniciativa privada", disse Bolsonaro em sua rede social.

Apesar de defender a venda das estatais, o presidente disse ter dificuldades. Segundo Bolsonaro, "privatizar está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira para aquele que der mais 'levá-la para casa'".

O presidente citou ainda que, "para agravar", o STF decidiu, em 2019, que as privatizações das empresas "mães" devem passar pelo crivo do Congresso.

Desta forma, Bolsonaro justificou o atraso em relação às desestatizações previstas pelo governo. Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, o secretário Sallim Mattar afirmou que estava insatisfeito com o ritmo das privatizações.

Quanto à Reforma Administrativa, que levou à saída do secretário Paulo Uebel, Bolsonaro disse que "os desafios burocráticos do estado brasileiro são enormes e o tempo corre ao lado dos sindicatos e do corporativismo e partidos de esquerda".

A declaração, feita na conta de Bolsonaro no Facebook, foi acompanhada de uma foto do presidente com os ministros Paulo Guedes e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). A foto é do trecho de um vídeo, gravado na terça-feira, 11, durante cerimônia fechada no Palácio do Planalto.

Tarcísio faz parte da ala do governo que defende o aumento de investimentos públicos, enquanto Paulo Guedes vê nisso uma ameaça ao teto de gastos.

Na útlima terça, 11, Guedes disse que "pessoas" aconselham o presidente a furar o teto de gastos. Isso, segundo o ministro, pode levar o presidente da República para "uma zona sombria, uma zona de impeachment".

Na publicação desta quarta, no entanto, Bolsonaro disse que ele e seus ministros "continuam unidos e cônscios da responsabilidade de conduzir a economia e os destinos do Brasil com responsabilidade".

Bolsonaro defende privatizações e reforma (Foto: Reprodução Facebook)
Bolsonaro defende privatizações e reforma, mas admite dificuldades
(Foto: Reprodução Facebook)

 

Sobre a saída dos secretários, Bolsonaro afirmou que, "em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais. Todos os que nos deixam, voluntariamente, vão para uma outra atividade muito melhor".

Confira aqui a publicação feita na conta do presidente, no Facebook, nesta quarta-feira, 12.

Guedes pode deixar governo? Entenda!

Com as saídas de mais dois secretários, Paulo Guedes perde "braços" no Ministério da Economia. No anúncio da última terça, 11, o ministro afirmou que há insatisfações pelas mudanças nos rumos da política econômica do governo.

Não é a primeira vez que dificuldades em aprovar projetos e avançar com o plano econômico foram citados no governo. Quando Rubem Novaes deixou a presidência do Banco do Brasil, os obstáculos com a privatização e modernização da instituição foram motivos anunciados nos bastidores do Planalto.

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Segundo o Blog de Valdo Cruz para o G1 desta quarta, 12, com as demissões da última terça, assessores do presidente Jair Bolsonaro avaliam que o ministro Paulo Guedes mandou sinais claros de que pode seguir a "debandada" de secretários e deixar o cargo, caso o governo decida furar o teto de gastos públicos.

Para os interlocutores do presidente, Paulo Guedes até aceita não enviar a Reforma Administrativa este ano, motivo da saída do secretario Paulo Uebel. Mas, avaliam, que Guedes não vai tolerar mudanças no teto de gastos públicos.

Na terça, 11, ao anunciar os pedidos de demissão, Guedes disse que "pessoas" aconselham o presidente a furar o teto de gastos. Isso, segundo o ministro, pode levar o presidente da República para "uma zona sombria, uma zona de impeachment".