Na América Latina, Brasil foi o que mais reduziu salário e jornada

Estudo também analisou o mercado de trabalho de outros cinco países

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Publicado em:17/06/2020 às 16:30
Atualizado em:17/06/2020 às 16:30

As empresas brasileiras são as mais favoráveis à redução de salário e jornada de trabalho durante a pandemia do novo Coronavírus. É o que evidencia o levantamento ‘Aprendizados e Tendências do Covid-19 na América Latina’, desenvolvido pelo PageGroup, consultoria líder em recrutamento executivo especializado.

Realizado em abril deste ano, o estudo foi feito com 3 mil executivos em cargos de alta e média gestão no Brasil, Peru, Argentina, México, Chile e Colômbia.

A pesquisa revelou que o Brasil é propenso à redução salarial (11,8%), diminuição da jornada de trabalho (7,8%) e trabalho em meio período (5,9%). Tais medidas estão dispostas na Medida Provisória 936, aprovada pelo Congresso Nacional para manutenção de empregos na pandemia.

 

Brasil lidera países que reduziram salário e jornada de trabalho durante pandemia
Brasil lidera países que reduziram salário e jornada de trabalho
durante pandemia (Foto: Agência Brasil)

 

Para Patrick Hollard, diretor executivo do PageGroup para América Latina, África e Oriente Médio, os empresários encontraram nesse respaldo jurídico um suporte para manter suas operações na ativa

 "Como a maior parte das empresas foi afetada por interrupções de atividades e paralisações na linha de produção, tiveram de amargar quedas bruscas no faturamento. Com essa nova realidade, viram-se obrigadas a reduzir o salário e jornada de trabalho para mitigar esses impactos e manter os empregos ativos", analisou.

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Redução de custos é prioridade para manter empregos

A redução dos custos foi apontada pelos executivos latino-americanos como medida prioritária para manutenção dos empregos na pandemia, com 52,7%. Em seguida, apareceram os auxílios financeiros das empresas (26,2%), redução salarial (7,1%).

Além da diminuição da jornada de trabalho (4,2%), redução de benefícios e licenças não-remuneradas (3,8%, cada) e trabalho em meio período (2,1%).

Questionados sobre a possível redução significativa na folha de pagamento, os brasileiros foram os únicos a obterem maioria favorável, com 50,9% de intenções de colocar o plano em prática. Nos outros países a opção foi rechaçada por argentinos (76,2%), colombianos (74,7%), mexicanos (65%), chilenos (61,5%) e peruanos (60,8%).

Quais opções você tem para proteger seus funcionários nesse contexto? Confira a resposta dos executivos brasileiros na tabela abaixo:

BRASIL
Suporte nas finanças da empresa 29,40%
Redução de custo e orçamento 43,10%
Licenças não-remuneradas 2%
Redução de salários 11,80%
Meio período 5,90%
Redução de jornada de trabalho 7,80%

Brasil e Peru têm menor adesão ao trabalho remoto

O estudo do PageGroup ainda apresentou dados quanto à adesão ao trabalho remoto. Brasil e Peru foram os menos adeptos à modalidade de home office. Os países tiveram os menores percentuais, sendo Peru (37%) e Brasil (40,5%).

Por outro lado, a Colômbia com 58%, e a Argentina com 54,6% obtiveram maior êxito dos que representam mais de 80% trabalhando em casa. A atuação remota tem a menor representatividade da amostra no Brasil (90,5%) quando comparado aos vizinhos Argentina (98,6%), Chile (98,4%), Colômbia (97,5%), Peru (96,2%) e México (95,6%).

Outro dado que chama atenção se refere ao trabalho no escritório durante a pandemia. Mais uma vez, o Brasil aparece à frente nesse quesito, com 45,7%.

Qual a porcentagem de sua força de trabalho trabalhando remotamente? Veja as respostas na tabela abaixo:

BRASIL
Mais de 80% 40,50%
50% a 80% 19,80%
20% a 50% 19%
Menos de 20% 19%
Nenhuma 1,70%

 

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Novos desafios para ingresso no mercado durante pandemia

O PageGroup também listou os principais desafios das empresas para contratação de profissionais nesse período. O Brasil aparece à frente nos itens: dificuldade de encontrar profissionais com perfis específicos (32,1%), a área de RH não encontra o perfil (13,2%).

Assim como escassez de talentos no mercado (28,3%), candidato está em quarentena ou isolado (19,8%) e não dispõe de meios para fazer remotamente (13,2%).

O levantamento aponta que a maior parte das empresas decidiu congelar contratações durante a pandemia. Vagas de cargos estratégicos foram verificadas com mais intensidade no Brasil (25,5%) e Colômbia (22,1%).

Quais são os principais desafios da organização para incorporar novos talentos no contexto atual? A seguir, verifique a resposta dos empresários brasileiros:

BRASIL
A organização está em quarentena 76,40%
Não consigo encontrar profissionais com perfis específicos 32,10%
Não tenho área de recrutamento 6,60%
Não conheço (ou conheço poucos) canais para recrutar 1,90%
A área de RH não encontra o perfil 13,20%
Há uma escassez no mercado para os talentos que preciso 28,30%
O candidato está em zona de quarentena ou isolado 19,80%
Não tenho meios para fazê-lo remotamente 13,20%
Não tenho um processo de integração para fazer remotamente 21,70%


Os executivos consultados no levantamento ainda indicaram que os governos dos países onde atuam implementaram leis que trouxeram impacto na gestão das companhias. Os resultados dessas medidas foram mais sentidos no:

  • Orçamento da empresa (44,5%);
  • Produtividade (36,7%);
  • Demissões (35,8%);
  • Desenvolvimento comercial (32,9%);
  • Pagamento de encargos sociais (29,8%);
  • Contratações (19,5%);
  • Compra de novos equipamentos e infraestrutura (8,7%).