Brasil cria 401 mil vagas de carteira assinada em fevereiro, aponta Caged

Apesar de alta nos números, mudança no método de pesquisa não permite comparação com resultado dos anos anteriores.

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Publicado em:30/03/2021 às 12:55
Atualizado em:30/03/2021 às 12:55

Em fevereiro, o Brasil gerou 401.639 empregos com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia nesta terça-feira, 30.

Esse número é a diferença entre as contratações do mês, que chegaram a 1.694.604, e as demissões, que totalizaram 1.292.965. Segundo a Economia, é o melhor resultado registrado em fevereiro desde o início da série histórica em 1992, mas comparação é questionável (entenda no fim desta matéria).

O país encerrou o mês passado com saldo de 40.022.748 empregos com carteira assinada, o que mostra um aumento em relação a janeiro deste ano e também a fevereiro do ano passado — em ambos os casos, o número registrado era de 39,6 milhões.

Cinco setores apresentaram saldo positivo. O setor de serviços liderou com a abertura de 173,5 mil postos, seguido por indústria (93,6 mil), comércio (68,1 mil), construção (43,4 mil) e agropecuária (23,1 mil).

Esses dados do Caged não consideram trabalhadores informais. Os números são coletados das empresas e abarcam apenas o setor privado com carteira assinada.

 

Caged
Brasil cria 401 mil vagas de carteira assinada em fevereiro, aponta Caged
(Foto: Agência Brasil)

 

Mudança no método da pesquisa torna comparação imprecisa

Os recordes na criação de empregos com carteira assinada acontecem após o Caged passar por mudanças e começar a usar dados mais abrangentes. No ano passado, foram incluídos os trabalhadores temporários, que não eram contabilizados anteriormente. Dessa forma, os resultados não podem ser comparáveis.

De 1992 até dezembro de 2019, os dados sobre o mercado de trabalho formal tinham como base apenas o Caged. Entretanto, a partir de janeiro de 2020, a divulgação passou a trazer informações de três sistemas: Caged, eSocial e Empregador Web — e, com isso, foi batizada de Novo Caged.

No eSocial, por exemplo, todos os trabalhadores formais precisam ser registrados, inclusive bolsistas, agentes públicos, profissionais temporários e dirigentes sindicais.  Com um novo sistema que inclui mais pessoas, o resultado fica diferente e tende a ser um número maior.

As notas técnicas do Ministério da Economia informam a mudança, mas ela é omitida no discurso do governo. Com isso, esses números estão sendo utilizados fora de contexto para mostrar uma grande melhora no mercado formal.

Em uma entrevista coletiva, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, afirmou que "esse janeiro é um janeiro recordista, o maior janeiro da série histórica". Ele não fez nenhuma ressalva sobre a mudança no método de pesquisa.

Em nota, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho disse que as essas mudanças não impedem de dizer que foi um mês melhor ou pior, "desde que sejam feitas as ressalvas metodológicas".

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