Com o Coronavírus, turismo adota medidas para reduzir impactos

Setor é responsável pela geração de 2,6 milhões de empregos no país

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Publicado em:18/03/2020 às 10:40
Atualizado em:18/03/2020 às 10:40

Um dos setores do Comércio e Serviços que mais sofre com a propagação do Coronavírus no Brasil é o de turismo. De acordo com o Conselho Nacional do Turismo (CNT), ainda não há como fazer uma estimativa precisa sobre os impactos da pandemia no setor.

Isso porque os dados sofrem alterações constantemente, diante do momento de instabilidade. Ainda de acordo com o CNT, o Ministério do Turismo acompanha as variáveis diariamente, em todos os setores turísticos (hospedagem, passagens aéreas, cruzeiros, entre outros).

Também é mantido contato com o Governo Federal para avaliar as possíveis medidas para ajudar a reduzir os impactos, além de medidas de prevenção. O trabalho agora, segundo o conselho, é de gerenciamento de crise.

Em nota, a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) informou que vem trabalhando desde a semana passada em um plano contingencial para o setor. Uma carta contendo cinco medidas emergenciais foi enviada ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, com o intuito de garantir a sustentabilidade das empresas do setor de viagens e turismo, frente aos impactos do Covid-19.

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Abav apresentou medidas para tentar reduzir impactos no setor

Mais setores devem sofrer os impactos da pandemia, porém o turismo é um dos primeiros a apresentar queda, por conta do fechamento das fronteiras em muitos países, o que ocasiona o cancelamento de muitas viagens. 

Segundo dados apurados pela Abav, a taxa de cancelamento de viagens em março de 2020 chegou a 85%. “Considerando que no mês de março de 2019 o faturamento do setor foi de R$ 19,2 bilhões, os impactos imediatos já preocupam a sustentabilidade dos negócios, uma vez que não há previsões de novos faturamentos”, descreve a associação em nota.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor do turismo gerou um faturamento de R$238,6 bilhões em 2019 e emprega formalmente cerca de 2,9 milhões de pessoas no Brasil. Mundialmente, são 319 milhões de pessoas trabalhando formalmente com turismo, de acordo com a World's Travel and Tourism Council (WTTC).

Se antecipando às possíveis consequências sofridas no setor, com o intuito de frear o aumento do desemprego no setor e impactos diretos e indiretos no PIB Brasileiro, a Abav solicitou apoio do Ministério do Turismo para implantação das seguintes medidas:

  1. Disponibilização de linha de crédito especial na Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil para as empresas de turismo, com carência para início do pagamento de no mínimo seis meses; 
  2. Aprovação de decreto para postergar o pagamento de impostos relativos à folha de pagamento, também por seis meses, desde que quitados no exercício de 2020; 
  3. Liberação do saque do FGTS para funcionários de empresas que exerçam atividade turística; 
  4. Parecer favorável do Ministério da Justiça em relação à remarcação de viagens contratadas pelo consumidor, frente ao cancelamento e devolução de valores. As agências não possuem reservas hoje para realizar a devolução de valores e a remarcação da viagem seria uma solução para manutenção do negócio sem prejudicar o consumidor. 
  5. Redução do IRRF a 0% nas remessas para pagamentos de serviços turísticos ao exterior.

Cenário no setor de hospedagem no Sudeste era otimista até poucos dias atrás

O atual cenário no mercado de turismo brasileiro destoa muito do apresentado dias atrás. O Ministério do Turismo, por meio da Subsecretaria de Inovação e Gestão do Conhecimento, divulgou, no último dia 13, mais uma etapa da Sondagem Empresarial dos Meios de Hospedagem no Brasil.  

Os resultados de uma pesquisa, que foram divulgados pelo Conselho Nacional do Turismo mostraram perspectivas otimistas para os meios de hospedagem no Sudeste para os próximos meses. Participaram da sondagem empreendimentos de todos os portes, entre hotéis, pousadas, resorts e acampamentos turísticos.

O objetivo da pesquisa era apurar as perspectivas quanto ao desempenho dos estabelecimentos e dos destinos onde se localizam. Segundo o levantamento, empresários da região estavam otimistas em relação à geração de empregos no setor até julho deste ano

A Sondagem Empresarial, realizada pelo Ministério do Turismo em janeiro de 2020, demonstrou que 23,6% dos empresários do setor de hospedagem queriam ampliar seu quadro de funcionários até julho. Outros 70% desejavam investir em seus estabelecimentos.

Ainda de acordo com a pesquisa, 32,3% dos empreendedores avaliavam que a rentabilidade do setor de turismo teve alta no 4º trimestre de 2019 e 37,3% acreditavam que o rendimento poderia aumentar ainda mais até julho de 2020. 

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Resort
Setor é responsável pela geração de 2,6 milhões de empregos no país
(Foto: Pixabay)
 

 

Também havia perspectiva de crescimento no setor nordestino

Os seis primeiros meses de 2020 também pareciam otimistas para os empresários do setor hoteleiro nordestino. Cerca de 42,8% de empresários da região projetavam um aumento na demanda por serviços ofertados, o que também acarretaria em novas contratações. 

O valor é mais de sete pontos percentuais acima da expectativa da última pesquisa, realizada em setembro do ano passado. Outros 45,8% dos empreendedores esperavam alta no faturamento de seus empreendimentos.

Ainda de acordo com a pesquisa, também havia incidência de crescimento da procura pelos serviços e de receitas no segmento. Cerca de 29,4% dos consultados disseram que o volume de tarefas aumentou e 31,8%, tiveram faturamento maior que no mesmo período de 2018. Para os próximos seis meses, a perspectiva era de que o crescimento no número de funcionários aumentasse para 27,4%. 

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Abav faz campanha para que as pessoas adiem viagens e eventos sociais

 A Associação Brasileira de Agências de Viagens também trabalha na busca de alternativas para padronizar as políticas de remarcações de viagens. De acordo com o órgão, suas associadas em todo o Brasil têm reforçado equipes e canais de atendimento aos clientes, priorizando as solicitações de remarcações e reitinerações das viagens previamente marcadas.

A associação destacou que este é um período de baixa temporada no Brasil, o que naturalmente diminui o fluxo das viagens de lazer, especialmente as de longa duração e distância. Por isso, a Abav acredita que haverá o tempo necessário para a contenção da pandemia e recuperação do mercado de turismo.

A Abav lançou em suas redes sociais uma campanha para que as pessoas adiem viagens e eventos sociais neste momento. Eles descrevem a campanha como uma ação de apoio à sustentabilidade econômica de todos os setores da economia que dependem do adiamento.

“A campanha não é uma ideia nova, as redes sociais já foram tomadas por ela de forma desordenada. O que propus à ABAV foi uma voz única, que pudesse chegar a todos os consumidores e a todos os setores”, disse Sheila Nassar, CEO da Vertebratta, empresa de marketing que apoia a campanha.

E continuou: “se há a possibilidade de unirmos forças, esse momento é agora, porque estamos todos, profissionais e consumidores de todas as áreas, com o mesmo foco: proteger-nos e continuar nossa subsistência como pessoas, nação e economia nos próximos meses”.