O hackathon tem se mostrado um processo essencial na construção de networking e aquisição de talentos na área de Tecnologia.
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Publicado em:23/10/2020 às 10:00
Atualizado em:23/10/2020 às 10:00
Você já pensou em participar de uma competição que reúne talentos em tecnologia e ainda pode te ajudar a obter uma colocação profissional? Essa é a ideia por trás de um hackathon, palavra de origem inglesa que engloba os termos “hack” (quebrar, fatiar, alterar) e “marathon” (maratona), o que poderia ser traduzido literalmente como uma maratona para quebrar códigos.
Mas se você pensa que são apenas programadores que podem participar de um hackathon, está muitíssimo enganado! Esse tipo de maratona pode ter participantes de várias áreas com um core tecnológico, como por exemplo:
E diversas outras profissões! “Todos os perfis são bem vindos” afirma Rodrigo Terron, CEO da Shawee, maior organizadora de hackathons da América Latina, que trabalha com seu próprio software e sistema de ranckeamento.
“A gente tem hackathons com advogados, arquitetos, pessoas da área da Saúde… quanto mais diversidade, quanto mais multidisciplinar for a estrutura melhor, mas obviamente é um evento de tecnologia, então sempre tem ali a figura do desenvolvedor.” explica.
“A gente levanta muito a bandeira de que a tecnologia pode mudar a vida de todas as pessoas, independente de quem é essa pessoa ou do seu contexto de vida.”
Desde 2017, a organizadora já elaborou mais de 400 projetos em 12 países diferentes. Atualmente, tem uma comunidade com quase 80 mil participantes de brasileiros, elaborando inclusive eventos voltados para a promoção da diversidade nas organizações, como o Mega Hack For Women, com mais de 2 mil mulheres desenvolvedoras.
Algumas das empresas para quem a Shawee já organizou hackathons são:
Sony Music
QuintoA ndar
Loft
Stone
Itaú
Uber
Visa
Globo
“A gente sempre se colocou muito na responsabilidade de educar o mercado, de compartilhar as boas práticas e defender pontos importantes relacionados à propriedade intelectual”, explica o CEO sobre a missão da Shawee e como ela tem influenciado na forma que as empresas lidam com os hackathons.
Folha+ bateu um papo com Rodrigo Terron para saber o que é um hackathon, como funciona, como é participar de um e como a maratona pode te ajudar a garantir a vaga dos seus sonhos. Confira!
Para Rodrigo Terron, CEO da Shawee, o hackathon permite aos
participantes se mostrarem para o mercado (Foto: Arquivo Pessoal)
O que é um hackathon?
A característica principal de um hackathon é sempre ter um objetivo, um desafio de criar algo a partir de um determinado problema usando tecnologia. Em uma maratona para a área da Saúde, que a primeira vista pode parecer que não tem nada a ver, é desenvolver alguma aplicação que solucione uma determinada questão envolvendo um problema da saúde através da tecnologia.
O grupo vencedor é que aquele que se destaca com a melhor solução. A premiação pode envolver viagens, dinheiro, equipamentos tecnológicos, bitcoins, etc.
Os hackathons nasceram no Vale do Silício, entre as décadas de 1980 e 1990, e surgiram justamente da necessidade das empresas de resolver problemas complexos dos quais apenas a equipe interna não dava conta.
Como funciona um hackathon?
O hackathon costuma acontecer em um espaço de tempo pré-definido. Quando presencial, ele normalmente vai de 24h a 48h. Ou seja, ele pode começar no sábado de manhã e terminar no domingo, na sexta e terminar no sábado, e por aí vai.
Dentro desse espaço de tempo, os participantes precisam formar equipes. Formados os times, eles passam pelas seguintes etapas:
Ideação;
Validação do que está sendo desenvolvido;
Mentoria; e
Criação da solução de fato.
A ideação, validação e mentoria normalmente acontecem durante o dia, enquanto a criação da solução fica para a madrugada. É nesse momento que acontece o processo chamado de coding, quando, de fato, começa a se mexer com os códigos, a “colocar a mão na massa”.
Finalizado esse processo, vem o pitch, quando é construída a apresentação do projeto para ser mostrado à banca avaliadora, composta por especialistas que vão decidir quem serão os ganhadores.
Não muda muita coisa do presencial para o online. A principal diferença é que costumam ser apresentados conteúdos e lives antes, durante e depois do evento. Os avaliadores também costumam ter mais tempo para entregar o resultado da competição, divulgado também em live.
Os hackathons organizados online pela Shawee também têm durado mais tempo, geralmente começando em uma quarta-feira e indo até domingo. No entanto, isso não significa dizer que as pessoas ficam logadas e voltadas para o projeto o tempo todo como seria no caso do evento presencial.
Essas maratonas tem sido muito importantes como uma espécie de oportunidade de networking entre os profissionais da tecnologia. É muito utilizado como fonte de employer branding para tech talent, pois é uma excelente forma de se aproximar de talentos do ramo.
Também é muito bacana para gerar discussões dentro da área de Tecnologia ou até mesmo para apresentar como inserir a tecnologia em áreas que, a princípio, não têm envolvimento direto com ela, como a Saúde.
Além de tudo isso, o hackathon funciona como uma ação interna na medida em que os próprios mentores estão passando adiante conhecimentos durante a etapa da mentoria.
“Uma coisa que eu sempre falo muito é do espaço para parcerias”, afirma Rodrigo Terron. “A base do hackathon é a co-criação, uma criação coletiva, onde todos participam ali e contribuem com ideias, skills e técnicas para desenvolver uma solução.”
Como participar de um hackathon pode ajudar a conseguir um emprego?
Quando uma empresa se propõe a fazer um hackathon, ela também está se expondo e se colocando no radar de quem está buscando emprego, principalmente na área de Tecnologia. Durante a maratona, é possível avaliar se o participante:
Tem uma boa oratória
Tem os skills técnicos
Sabe trabalhar em grupo
Tem capacidade de resolver problemas complexos rapidamente
Fazer a contratação após um hackathon também ajuda a empresa a fazer o recrutamento de uma equipe completa, em vez de sempre precisar estar buscando talentos porque sempre falta alguma coisa. Além de, obviamente, a empresa já ter visto como a pessoa trabalha durante a maratona.
Como organizadora, a Shawee ajuda a empresa em três níveis:
Organizar o hackathon como provedor tecnológico
Consultoria
Facilitação
Desde o ano passado, a Shawee também mudou o posicionamento 100% para o online, justamente para conseguir abranger mais pessoas nos eventos, visto que essa acabava sendo uma limitação no presencial. Esse alcance se tornou ainda maior durante a pandemia.
“Muita gente mandou mensagem falando: ‘vocês salvaram minha pandemia, isso me deu um gás para estudar, me deu um gás para mudar um pouco meus objetivos, me tirou de uma angústia de ter que ficar em casa’”, relata Rodrigo Terron.
A Shawee vem organizando entre quatro e cinco eventos por final de semana. E ainda que o online seja mais desafiador, devido ao maior número de jurados, participantes e projetos, pelo menos nesse aspecto, 2020 vem se mostrando um ano bem interessante.