Como o início da vacinação pode influenciar no mercado de trabalho

Com exclusividade ao Folha+, Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital, explica que o início da vacinação permitirá o reaquecimento da economia.

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Publicado em:19/01/2021 às 11:00
Atualizado em:19/01/2021 às 11:00

O primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil foi diagnosticado em fevereiro de 2020. Desde então, o país vem passando por uma crise que afeta diversos setores, inclusive o mercado de trabalho. 

No último domingo, 17, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou por unanimidade o uso emergencial das vacinas Coronavac e de Oxford contra a Covid-19. Por isso, é bem provável que muitas pessoas possam estar se perguntando como o início da vacinação poderá influenciar o mercado de trabalho. 

Com exclusividade ao Folha+,  Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital, explica que o início da vacinação permitirá que muitas pessoas voltem a circular pela cidade. No entanto, ainda será preciso respeitar todas as normas de higiene e segurança, pois irá demorar para toda a população ser vacinada.

"Com a volta de circulação, o mercado reaquece. Quando nos sentimos confiantes de algo, tomamos decisões mais assertivas e com a proposta de uma 'solução' para a pandemia, que garanta mais segurança e saúde para a população, elas tendem a criar planos, que obviamente envolvem gastos e compras."

Mastrodomenico explica que, com a esperança do aumento nas vendas, os empresários e comerciantes acabarão adquirindo mais estoque e produzindo em maiores quantidades. E é dessa forma que a economia tende a melhorar cada vez mais. 

"É claro que temos que entender que ainda não se tem uma garantia de nada, mesmo com a eficácia da vacina, com as declarações do ministro da saúde afirmando que irão comprar diversas unidades, a instabilidade ainda prevalece, mas não impede de que o otimismo seja alcançado, e sejamos sinceros, é disso que precisamos", comenta o CEO. 

Outra consequência trazida pela vacinação, será o aumento da procura pelo comércio o que, de acordo com Caio, impactará diretamente o mercado de trabalho. O motivo é a volta dos profissionais que estavam fazendo home office aos escritórios e, por isso, consumirão dos comércios locais.

"De maneira direta, isso gera um benefício muito grande para a economia, porque a medida que os postos de trabalho vão sendo reativados, a micro economia volta à atividade, o dinheiro volta a circular na região, refletindo positivamente na economia", explica Caio Mastrodomenico.

Cada vez mais onde há atividade de trabalho voltando também se cria novos postos de trabalho, porque vai aumentando a demanda para o consumo de bens e serviços. "É um marco importante porque permite e permitirá a recirculação de pessoas na sociedade, podendo reativar os postos de trabalho", finaliza o CEO. 

 

vacinação covid-19
Vacinação contra Covid-19 não anula as normas de higiene e segurança
(Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT)


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Presidente do Sebrae fala sobre o início da vacinação no Brasil

Desde o registro dos primeiros casos da Covid-19 no Brasil, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) vem monitorando o impacto da pandemia sobre os pequenos negócios. 

Depois de sofrer uma perda média de 70% do faturamento (em abril), as micro e pequenas empresas conseguiram recuperar lentamente o fôlego, chegando a reduzir as perdas para 36% (novembro), quando comparado ao período pré-crise. 

Ao mesmo tempo, os pequenos negócios foram os que mais rapidamente iniciaram a retomada de empregos, chegando - em outubro - bem próximo de recuperar todos os postos de trabalho perdidos desde o início da pandemia. 

Porém, o efetivo retorno à normalidade só será alcançado, avaliam os especialistas, na medida em que a disseminação da doença esteja controlada e que as medidas de isolamento social possam ser extintas.

Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, é fundamental que a população brasileira abrace a campanha de vacinação. 

"Os cientistas fizeram a sua parte produzindo as vacinas em um tempo recorde na história da Medicina. Agora, é a nossa parte. Como sociedade civil e governo, precisamos estar unidos nessa ampla mobilização para que todos possam estar vacinados no menor tempo possível", destaca.

Segundo Melles, é importante também que o governo avalie, até que as medidas de isolamento possam ser abolidas, a possibilidade de extensão das medidas de apoio aos pequenos negócios, em especial na ampliação do acesso ao crédito, nas políticas de manutenção do emprego e no auxílio-emergencial. 

"Os empreendedores conseguiram recuperar parte do fôlego, graças - principalmente - ao processo de digitalização das vendas de produtos e serviços e às ações emergenciais do governo. Mas a situação ainda está longe de ser controlada."

 

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