Como o teste vocacional pode ajudar na escolha da profissão?

Em entrevista à FD, a consultora de RH Neirieri Politano falou sobre a ferramenta

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Publicado em:14/05/2020 às 06:30
Atualizado em:14/05/2020 às 06:30

Uma das maiores questões que as pessoas têm que resolver durante a vida é a escolha da profissão. A tarefa de escolher o caminho que deseja seguir profissionalmente acaba não sendo fácil, ainda mais para aqueles que não estão convictos do que querem ser.

O teste vocacional é uma ferramenta que pode auxiliar nesta decisão. Basicamente, através de um questionário, a pessoa consegue descobrir suas aptidões e interesses e, com isto, quais são as atividades direcionadas ao seu perfil.

FOLHA DIRIGIDA conversou com Neirieri Politano, consultora de RH da Super Estágios, em uma transmissão ao vivo no Instagram do FD Empregos. Durante o bate-papo, a consultora explicou sobre o funcionamento da ferramenta.

Segundo Neirieri, a grande maioria dos testes é de múltipla escolha, porém ela ressalta que, nas questões, não há certo ou errado. "Todas [as respostas] vão levar a algum resultado e esse resultado é satisfatório".

A escolha das alternativas nos testes vai resultar nas suas dominâncias e, a partir daí, serão encontradas as suas maiores aptidões. Vai ser possível descobrir, por exemplo, se você tem uma vocação mais voltada para a área de Humanas ou Exatas.

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Antes de escolher o curso, é importante saber mais sobre a profissão

Através da descoberta das aptidões e da área de vocação, o próximo passo é a escolha de uma profissão. A consultora indica que, além do teste, a pessoa busque mais informações a respeito do curso que vai escolher.

“A minha orientação para o estudante que está em busca de determinar a escolha da carreira é, sim, ele preencher o teste vocacional, mas sem dúvida nenhuma ele pesquisar muito sobre as possibilidades que existem em relação à profissão e o mercado”.

Ela conta a própria história como exemplo. Formada em psicologia, quando Neirieri ingressou na faculdade, ela tinha vontade de trabalhar na área clínica infantil e pesquisa de autismo. No segundo ano do curso, ela já havia mudado o campo de interesse.

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"Então, é importante você pesquisar o que é a profissão, quais são as ramificações que a profissão oferece e o que o mercado oferece. Eu sugiro que faça visitas em empresas que absorvem profissionais no segmento que você deseja e entreviste profissionais", aconselha.

Após o início da graduação, a consultora indica que o estudante faça estágio logo no início para poder descobrir as áreas da profissão. "Dentro do próprio curso, ele pode encontrar ramificações com qual ele possa se identificar mais".

"O teste vocacional vai te dar o primeiro direcionamento", explica. Quando você começa o estágio, você "vai ter oportunidade de conhecer mais áreas que a sua profissão escolhida oferece e vai ter a oportunidade de dar um passo atrás o quanto antes se você julgar se isso é necessário".

 

Teste Vocacional
Teste vocacional auxilia na escolha da profissão
(Foto: Freepik)

 

Teste também é usado em recrutamento

A consultora pontua que o teste vocacional também é uma ferramenta utilizada pelos recrutadores nas seleções de estágio, trainee ou emprego. No processo seletivo, o teste é mais do que uma etapa eliminatória, ele serve para realocação de candidatos para áreas que tenham mais a ver com os respectivos perfis.

"O teste é também uma ferramenta de eliminação, mas ele é mais utilizado para que a gente te coloque na função onde as atividades têm mais relação com as suas aptidões", explica Neirieri, que já trabalhou por mais de oito anos como recrutadora.

Ela também destaca que por mais que você escolha uma profissão que goste, haverá atividades que não te agradarão tanto. "Todas as profissões que você escolher vão ter um percentual, não muito pequeno, de coisas que precisam ser feitas você gostando ou não".

Uma outra função do teste vocacional é descobrir quais são os seus pontos fracos e, se assim for necessário, conseguir desenvolvê-los. Segundo ela, o teste é autoconhecimento.

No entanto, ela frisa que nem toda inaptidão precisa ser trabalhada e desenvolvida. "Tem ponto fraco que é fraco e você vai passar a vida toda com ele sendo fraco e não vai impactar no seu resultado".

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Expectativa x realidade

Outro ponto que você precisa levar em consideração na escolha da profissão são as suas expectativas em relação aos ganhos e ao estilo de vida que você quer levar. Ela conta que algumas pessoas culpam o teste vocacional, porém ele não direciona em relação a esses aspectos.

"Você tem uma expectativa em relação a ganho, você tem uma expectativa em relação a estilo de vida... e você tem que pesquisar se essas profissões vão de encontro com isto, porque muitas vezes está totalmente fora", conta.

Ela conta que os jovens acabam escolhendo profissões que exigem aptidões e dedicação de tempo e de padrão de vida, e acaba ficando fora da expectativa criada. Caso isso se torne uma frustração, ela aconselha a não ter medo de mudar. "Mudança faz parte da vida, são ciclos", completa.

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Iniciei o curso e não gostei. O que faço?

O conselho que a consultora de RH dá é que "antes de você mudar completamente, vá conhecer a abrangência que aquele curso oferece". Ela explica que todos os cursos oferecem diversas áreas de atuação, e pode ser que você se encontre em alguma delas.

Ela reforça a importância de ter vivência prática (estágio) no início do curso, pois você acaba tendo mais tempo de dar um passo atrás. Mas antes de tomar uma decisão a respeito da profissão, é preciso ponderar os motivos que estão te fazendo não gostar.

"Qualquer profissão é composta pelas atividades, ambiente de trabalho, ferramentas disponibilizadas e relacionamento interpessoal. Então, às vezes você entra em uma empresa que o ambiente é muito hostil e você não vai gostar, e você pode projetar aquilo para profissão e não tem nada a ver com a profissão".

Segundo ela, o inverso também acontece. "Você entra em uma empresa onde você não se identifica com a função, mas você se identifica muito com as pessoas e com o ambiente, e aquilo te segura ali".

A consultora explica que é importante se questionar: "Eu não estou gostando. Mas não estou gostando do quê?" Assim, aconselha que o estudante tenha curiosidade e faça estágios e trabalhos em outras áreas".

Consolidação no mercado de trabalho

Para conquistar a tão sonhada consolidação no mercado de trabalho, a consultora diz que é preciso "fazer o que tem que ser feito". Ela sugere que as pessoas fujam do idealismo de fazer só o que gosta.

"A consolidação vem de resultado. Você só se consolida em um profissão se você der resultado para você e para o outro que você está prestando serviço", conta. Segundo Neirieri, os profissionais estão sempre vendendo algo - seja serviço ou produto - e isso precisa atender necessidades.

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"A partir do momento que você não faz o que precisa ser feito, esse resultado não vem. Muitas coisas a gente não faz porque varre para debaixo do tapete aquilo que não gosta. E aí a gente vai deixando para depois, aquilo vai crescendo e impacta diretamente no resultado".

Ela conta que todas as profissões tem indicadores de desempenho e a dica é que os profissionais procurem atingir esses indicadores. Além disso, é preciso ter disposição para realizar as atividades.

Para os estudantes que estão em busca de estágio, ela indica que realizem o cadastro na Super Estágios. "Nós temos excelentes oportunidades de estágio. Somos apaixonados e temos um propósito de inserir o jovem no mercado de trabalho".

Por fim, aconselha: "vá em busca daquilo que você deseja!" Segundo ela, durante a trajetória é natural voltar atrás, começar de novo e cair, mas ela insiste para continuar na busca, e, finaliza indicando duas palavras: curiosidade e autoconhecimento.