Concurso Bacen: cerca de 81% do déficit é de analistas
Conforme dados coletados por FOLHA DIRIGIDA em julho, à espera do concurso Bacen, faltam 2.349 analistas de nível superior. Confira!
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Publicado em:24/08/2020 às 05:00
Atualizado em:24/08/2020 às 05:00
À espera de um novo concurso, o Banco Central atingiu déficit de 2.888 servidores. Os dados são referentes ao mês de julho e constam no portal da instituição. Desse total, 2.349 cargos vagos são para analista de nível superior.
Isso significa que da carência total do Banco Central, cerca de 81% é para analista, cargo que exige nível superior para inscrição. Há ainda 403 postos sem preenchimento de técnico, de nível médio.
Além de 136 de procurador, carreira que requer Bacharelado em Direito para inscrição. Com a crescente defasagem de servidores, a instituição enviou pedido de novo concurso Bacen para análise no Ministério da Economia.
O Banco Central informou com exclusividade à FOLHA DIRIGIDA que foram solicitadas 260 vagas para provimento em 2021. Das chances pleiteadas, 30 são para técnicos, 200 para analistas e 30 para procuradores. Esse é mesmo número solicitado pelo Banco Central em 2019, ao qual foi negado pelo governo federal.
Em resposta ao pedido, o Ministério da Economia ressaltou “a indisponibilidade de autorização de novos concursos públicos em face da atual situação fiscal do país”. Mesmo assim, o Departamento de Gestão de Pessoas do BC assegura que a instituição está comprometida com a recomposição mínima do quadro de servidores.
“O Banco Central enviou nova solicitação equivalente à do ano passado (200 vagas para analistas, 30 para técnicos e 30 para procuradores), mas permanece considerando baixa a probabilidade de atendimento, dado o cenário fiscal. O BC continuará mantendo o Ministério da Economia constantemente atualizado quanto à necessidade mínima de reposição de seus servidores”, consta em nota enviada à reportagem.
A carreira de técnico tem como exigência o ensino médio completo. As remunerações inciais são de R$7.741,31, incluso o auxílio-alimentação de R$458. Já analista requer o nível superior em qualquer área de formação. Os ganhos, após aprovação no concurso, são de R$19.655,06.
Por sua vez, para ser procurador do Banco Central é necessário ter Bacharelado em Direito e exercício comprovado de dois anos de prática forense. Após ingresso, os salários são de R$21.472,49 por mês.
Os aprovados no concurso Bacen podem ser lotados em dez municípios diferentes. A maior concentração é em Brasília. Em média, 42% dos servidores trabalham na capital federal.
Há oportunidades também para São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Fortaleza, Salvador e Belém. De acordo a instituição financeira, dos 3.589 aprovados no concurso Bacen até hoje, 18,4% atuam em São Paulo, por exemplo.
Na tabela abaixo, confira a porcentagem de servidores por lotação:
3.589 servidores no Banco Central (dados de abril/2020)*
Os editais do concurso para o Banco Central são regionalizados e oferecem vagas distribuídas por região? A última seleção para ingresso no BC, em 2013, teve oportunidades divididas por praça de lotação. Dessa forma, a inscrição deveria ser feita para um local em específico.
As provas, na época, foram aplicadas nas dez capitais com possibilidade de lotação. Os inscritos a técnico e analista foram submetidos a provas objetiva e discursiva, além de avaliação de títulos (apenas para analista) e programa de capacitação.
Resumo concurso Bacen
Órgão: Banco Central do Brasil
Vagas: 260 solicitadas
Cargos: técnico, analista e procurador do Banco Central
Remunerações: R$7.741,31 a R$21.472,49
Status: aguardando autorização do Ministério da Economia
O governo federal busca a votação no Congresso Nacional de sete projetos com mudanças em marcos regulatórios importantes para destravar a economia no semestre.
De acordo com líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), o primeiro projeto deve ser a autonomia do Banco Central, favorável ao concurso Bacen.
A estimativa é que esteja na pauta do Congresso ainda este mês. “Queremos pautar a autonomia do Banco Central”, disse Coelho ao jornal O Globo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também defende a independência do Bacen. “Precisamos de um BC autônomo, que não está a serviço de interesses de reeleição, como já ocorreu no passado”, disse no evento Expert XP 2020, promovido pela XP Investimentos.
A autonomia pode ser positiva para abertura do concurso Bacen. Isso porque a instituição não precisaria mais de aval do Ministério da Economia para divulgar editais e preencher o déficit de servidores.
Estão em análise no Congresso dois projetos de lei para independência do Banco Central. O mais avançado é o projeto de lei (PLP 19/2019), protocolado no Senado pelo senador Plínio Valério. O texto teve aprovação no dia 18 de fevereiro, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa.
Dessa maneira, segue com pedido de urgência para análise do Plenário. O projeto poderia ser votado em março, como informou Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.
Com a pandemia do Coronavírus, porém, a discussão em Plenário foi adiada, sem data para retomada. Essa pauta já foi incluída na Ordem do dia do plenário de 3 de março. Em caso de aprovação pela maioria, o texto será enviado para apreciação na Câmara dos Deputados.
Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro também assinou um projeto de lei complementar (PLP 112/2019) para independência do Banco Central. Esse texto está na Câmara dos Deputados, no entanto, não registra andamentos desde junho do ano passado.