Concurso PC RJ: 'até março para definir tudo', diz diretor da Acadepol

Em evento da FOLHA DIRIGIDA, o diretor da Academia de Polícia Civil (Acadepol), delegado Carlos Eduardo Rangel, falou sobre o concurso PC RJ

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Publicado em:25/01/2020 às 07:30
Atualizado em:25/01/2020 às 07:30

O que dizer a quem vem estudando para o concurso da Polícia Civil-RJ

Delegado Carlos Eduardo Rangel - "A minha trajetória dentro da Polícia Civil e dentro de concursos não é uma trajetória que posso chamar de exemplo para outras pessoas. E depois vocês vão entender porque estou falando isso.

Em 1996, eu fiz o meu primeiro concurso público, que foi o Vestibular para Medicina. Fui aprovado como 2º colocado para a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cursei Medicina, fiz dez períodos e, para o desespero dos meus pais, quando estava a dois períodos de me tornar médico, eu falei: 'não, não é isso que quero para minha vida. Eu quero outra coisa'.

Abandonei a faculdade de Medicina e fui cursar Direito. E aí, em 2000, entrei para a Polícia Civil como oficial de cartório. E aí veio a minha ligação com a FOLHA DIRIGIDA, porque, naquela época, era impressa. Então era ali que eu comprava as questões dos concursos antigos. Fiz concurso para oficial de cartório.

Fui aprovado em quarto lugar. Para mim foi uma surpresa, porque estava iniciando a minha carreira jurídica, nos primeiros períodos da faculdade de Direito - naquela época, o concurso ainda era de nível médio. E aí tive o primeiro contato com a Polícia Civil. Me lembro até hoje no dia que entrei no salão da Academia de Polícia para fazer minha inscrição.

Posteriormente, voltei à Academia de Polícia. Fui aprovado em oitavo lugar para delegado. Hoje estou como diretor de Ensino da Academia de Polícia, onde já passei como aluno e professor. E hoje para mim é muito gratificante voltar à Academia de Polícia.

Meus pais estão mais tranquilos porque acabou tudo dando certo. Isso porque tenho três irmãos médicos. E uma família tradicional de avô médico, tio médico. Mas meus pais me deram apoio na época. E isso é muito importante, pois concurso público também é um processo familiar.

E por que digo que essa trajetória não serve de espelho para vocês? Porque a preparação é individual. Você precisa encontrar o seu ritmo, seu planejamento e suas metas. O que serve para um não serve para outro. Tem gente que consegue estudar dez, 12, 15 horas por dia. Tem gente que estuda três horas.

Tem gente que estuda fragmentado. Tem gente que trabalha e estuda. Que estuda melhor à noite ou pela manhã. É esse equilíbrio que você precisa encontrar para a preparação.

Paralelamente à minha carreira na Polícia, tenho a minha carreira acadêmica. Hoje sou também examinador de concursos públicos e sou presidente da banca de Direito Processual Penal."

Quando saem os editais?

"São sete concursos autorizados. Nós estamos na fase atualmente de escolha das empresas organizadoras.  Obviamente trabalhamos com planejamento, ou seja, marcos para isso. Desde o ano passado, o nosso marco era março deste ano para termos tudo definido.

Os editais estão prontos desde 2019, porque quem faz o edital é a Academia de Polícia Civil. Então os editais estão prontos e só vão para a organizadora por uma questão de supervisão e publicação. Após a contratação, a banca tem prazo de 45 a 60 dias para divulgar o edital. E aí você pode trabalhar com uma perspectiva de provas em mais 30 ou 60 dias."

Ordem dos editais

"Isso ainda não está definido. Sabe-se apenas que o primeiro edital é o de delegado, porque o concurso é mais longo, já que há provas objetiva, discursiva, esta em três dias diferentes. No primeiro, Penal e Processo Penal, no segundo dia, Administrativo e Constitucional, e no terceiro dia, Medicina Legal e Processo Civil.

E essa etapa é uma logística muito complicada porque os candidatos são reunidos no local de prova, a banca se reúne, elege o ponto, elabora a questão na hora, vai para a gráfica da empresa, roda e distribui na hora.

Ou seja, o candidato chega às 8h da manhã e fica aguardando até o meio-dia para começar a prova. E depois você tem a prova oral, que é filmada acerca de questionamentos sobre pontos de todas as disciplinas. Então ele é um concurso mais longo. É o primeiro a começar e, provavelmente, o último a terminar.

E as outras carreiras vêm logo em seguida. Acreditamos que, pela importância e pela quantidade de déficit, logo em seguida sejam divulgados todos os editais, em sequência, com cronogramas obviamente diferentes para que os candidatos participem das diversas seleções. Provavelmente, os concursos de inspetor, investigador e de perito legista, pelo déficit funcional, devem vir aí primeiro."

Banca organizadora

"O aluno fica apreensivo de saber qual será a banca. Não se preocupem quanto a isso em concursos da Polícia Civil.

Coloquem no planejamento de vocês quais são as expertises que o policial civil precisa ter, o que a instituição espera do perfil profissional do candidato. A importância da banca organizadora é logística, no planejamento e na execução, na elaboração e na execução dos concursos.

O capital intelectual para delegado, por exemplo, é 100% da Polícia Civil. A banca faz todas as provas de Conhecimentos. Para os outros cargos é misto, ou seja, as bancas utilizam seus examinadores, mas eles são supervisionados pelo nosso capital intelectual. Então, o perfil das provas anteriores vale muito mais a pena do que você investir em um formato de banca. 

Estamos nessa fase (de escolha da banca), tendo muito cuidado nessa etapa de escolha da empresa organizadora porque, na verdade, temos sete concursos e estamos os tratando como sete operações.

Temos que ter muito cuidado na contratação, com quesitos como segurança no ambiente de prova, logística de distribuição, sistema antifraudes, tipos de provas de Conhecimentos. Então isso acaba sendo uma etapa tratada com muito cuidado, mesmo que não tão burocrática, já que ocorrerá uma dispensa de licitação."

Inscrição para mais de um cargo

"As carreiras estão dispostas em níveis de escolaridade distintos. São sete concursos autorizados e nós estamos tratando como sete operações isoladas, a princípio. Por conta do trabalho que está sendo feito dessa maneira, é possível que as provas sejam em datas distintas e possibilite vários candidatos, desde que atendam aos requisitos mínimos".

Chamada de excedentes no concurso

"O Regime de Recuperação Fiscal impede qualquer tipo de contratação. Mas, por um outro lado, o Conselho de Recuperação Fiscal e os tribunais de conta já entendem que a vacância durante a vigência do regime é mera reposição. Então, a previsão continua sendo de, no mínimo, mil vagas. Porém, na assinatura do processo de autorização o governador tem que trabalhar com o número de vacâncias daquela data. Quando o governador deu o aval para o concurso, nós tínhamos aquele quantitativo de vagas (864). E com o passar do tempo e crescente vacância por aposentadorias e exonerações, esse número vai aumentando gradativamente".

Perspectiva de aposentadorias na Polícia Civil

"O impacto nas aposentadorias é muito grande porque você tem dois fatores trabalhando de forma conjugada. Por um lado, você tem o envelhecimento da mão de obra na Polícia Civil por conta da escassez de ingresso, de concursos públicos. E de outro lado, as Reformas da Previdência. Então, isso contribui para o aumento do número de aposentadorias e subsequentemente se amplia as vagas por vacância".

Prazo para o curso de formação

"Na Academia de Polícia, nós divulgamos o calendário excepcionalmente até o primeiro semestre, porque no segundo semestre deste ano a gente já trabalha com a ideia de poder ter algum curso de formação em andamento".

Novidades para o curso de formação

"A matriz curricular de todos os cursos de formação está sendo reformulada e basicamente os candidatos na Acadepol vão receber um ferramental em quatro eixos temáticos diferentes. Eles vão estudar disciplinas ligadas a investigação criminal, inteligência policial, a gestão pública e as táticas operacionais, que são os grandes quatro braços da Polícia Civil".

Importância da Acadepol na formação dos policiais

"A Acadepol basicamente hoje atua em duas grandes frentes. A frente de formação policial, que são os cursos de formação profissional para as diversas carreiras, em que o cidadão ingressa e se torna policial civil. Em que ele recebe um núcleo mínimo de disciplinas para formação policial. E um segundo eixo de atuação que seria a capacitação e o aprimoramento continuado. No ano de 2019, nós desenvolvemos 54 ações policiais, capacitamos mais de 5 mil policiais, inclusive no interior inteiro".

Novos concursos para Polícia Civil RJ

"O governador teve uma sensibilidade estrategicamente importante ao retomar a Polícia Civil ao status de Secretaria de Estado. Com isso, nós ganhamos maior autonomia para planejamento, para execução das nossas atividades. Temos um déficit funcional imenso. A Polícia Civil opera, hoje, com déficit de 60% do efetivo legalmente previsto. Porém, no outro ponto temos um Regime de Recuperação Fiscal, e que limita as contratações. Mas, a gente acredita, sob ponto de vista político, que o governador, está muito sensível e o secretário

Marcus Vinicius também ao investimento do maior material, o maior tesouro da Polícia Civil que é o seu material humano. Isso vem se refletindo nos números. Em 2019, tivemos redução de todos os índices de criminalidade. Inclusive, voltamos a patamares de Segurança que não tinham sido alcançados desde a década de 90. Tivemos um investimento grande em combate à corrupção e lavagem de dinheiro.

Um bloqueio, no ano passado, da ordem de R$90 milhões em dinheiro ligado à corrupção. E essa tônica deve seguir no ano de 2020. A nossa meta é cada vez mais aumentar os números e entregar para população do Rio de Janeiro, que é nosso principal cliente, um produto de Segurança cada vez melhor".

* Colaborou Bruna Somma - bruna.somma@folhadirigida.com.br