Concurso PRF: sindicato cobra mais vagas para cargos administrativos
Segundo sindicalista, concurso PRF para a área administrativa é necessário porque mais de 3 mil policiais estão em desvio de função.
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Publicado em:27/06/2020 às 07:45
Atualizado em:27/06/2020 às 07:45
FOLHA DIRIGIDA - Como o SinaPRF recebe a notícia de que a PRF encaminhou ao Ministério da Economia pedido de concurso para 138 vagas de agente administrativo?
Rejane Maria da Rosa - Com preocupação recebemos essa informação, visto que hoje é grande a deficiência de servidores administrativos na PRF.
Temos hoje, em todo o Brasil, aproximadamente 3 mil policiais rodoviários federais que estão em desvio de função, executando atividades administrativas e ganhando duas vezes mais que os servidores administrativos, o que desestimula muito a categoria.
Seria mais fácil se a PRF realizasse um concurso para 2 mil vagas de servidores administrativos dos níveis médio e superior, e disponibiliza-se esse mesmo quantitativo de policiais que está em desvio de função para realizar as atividades para as quais foram contratados.
FOLHA DIRIGIDA - O SinaPRF está otimista que o concurso será autorizado pelo Ministério da Economia? Qual a importância dessa seleção para a PRF?
Rejane Maria da Rosa - Sabemos que a conjuntura nacional não é favorável à aprovação de concursos públicos, embora entendamos que estes concursos são investimentos e não gastos, como pensam os economistas do atual governo.
Talvez, por conta da necessidade de ampliar o atendimento à sociedade em tempos de pandemia, este concurso seja aprovado, Pelo menos queremos acreditar nesta possibilidade.
FOLHA DIRIGIDA - Qual a atual situação do quadro de pessoal administrativo da PRF? Quantos servidores estão na ativa? Qual o limite estabelecido em lei?
Rejane Maria da Rosa - Hoje, na ativa, somos aproximadamente 600 servidores administrativos. Não existe um limite estabelecido em lei.
O quadro administrativo da PRF foi criado pela Lei 11.095, de 2005, com servidores oriundos de outros órgãos da administração pública, sendo um Plano Especial de Cargos para a área Administrativa da PRF.
Estes servidores estão na corporação desde sua emancipação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), em 1991. Atualmente, estamos lutando pela reestruturação da carreira e valorização dos servidores em busca de melhores índices de remuneração.
FOLHA DIRIGIDA - Como a falta de pessoal vem afetando o bom funcionamento da PRF?
Rejane Maria da Rosa - Hoje estamos com um grande número de policiais na área Administrativa e pouquíssimos PRFs na linha de frente.
Sentimos por esses colegas guerreiros operacionais, que têm que se desdobrar em plantões absurdos, muitas vezes sozinhos nos postos, para atender a uma malha viária enorme.
FOLHA DIRIGIDA - Há muitos servidores com idade para se aposentar a curso ou médio prazo, o que elevará ainda mais o déficit de pessoal?
Rejane Maria da Rosa - Sem dúvida. Boa parte dos servidores que está na ativa, com exceção dos que entraram nos concursos de 2012 e 2014, já estão com tempo para aposentaria.
Lembrando que alguns ainda não entraram com o pedido para se aposentar porque estão aguardando melhoria no que diz respeito à reestruturação da carreira administrativa na PRF.
FOLHA DIRIGIDA - Há necessidade de pessoal em todos os estados ou ela se concentra somente em Brasília? Qual a situação específica no Rio de Janeiro?
Rejane Maria da Rosa - A necessidade administrativa é no país inteiro. Brasília e Rio de Janeiro concentram hoje o maior número de servidores administrativos, sendo que no Rio a grande maioria já está à beira da aposentadoria.
FOLHA DIRIGIDA - Qual o cenário que a senhora traça para a PRF se não houver ingresso de novos servidores no ano que vem?
Rejane Maria da Rosa - Infelizmente, sem a força e a expertise administrativa ‘de servidores administrativos’ a PRF tende a passar por uma fusão com algum outro órgão de segurança, tipo a Policia Federal.
Mais cedo ou mais tarde, o governo não vai aceitar que um policial fique realizando atividades administrativas e faltando operacionais nas rodovias. E aí, sem essa força especializada, a tendência é o enfraquecimento da nossa instituição.
FOLHA DIRIGIDA - A senhora já teve a oportunidade de conversar com o diretor-geral da PRF, Eduardo Aggio, sobre a situação do quadro de pessoal e da necessidade de se abrir concurso para administrativos? Caso positivo, qual foi o retorno obtido? Considera que ele este empenhado nesse sentido?
Rejane Maria da Rosa - Infelizmente não fomos nem convidados e nem citados no discurso de posse. Ele só falou do trabalho dos policiais.
FOLHA DIRIGIDA - Além de concurso público, quais são hoje as principais reivindicações do SinaPRF?
Rejane Maria da Rosa - A principal é a valorização dos servidores administrativos nos quadros da PRF. Infelizmente, não temos a valorização que merecemos. Nós damos o sangue pela instituição.
Um exemplo é na atual crise da pandemia de Covid-19, onde muitos servidores administrativos estão diariamente trabalhando presencialmente, realizando atividades de risco, levando EPIs para todas as unidades operacionais, e cuidando dos PRFs operacionais.