Concurso PRF: como funciona a avaliação psicológica?
Psicóloga explica o que é analisado e mais 4 pontos sobre a avaliação psicológica do concurso PRF. Seleção é prevista com 2.772 vagas.
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Publicado em:25/06/2020 às 03:30
Atualizado em:25/06/2020 às 03:30
Como funciona e o que é analisado na avaliação psicológica
Para começar, a especialista explica que a avaliação psicológica pode ter mais de uma fase, dependendo do cargo que o examinador pretende avaliar.
No caso da PRF ela, que atua na área de concursos há 20 anos, acredita que será aplicada uma bateria de testes, mas que a prova oral não deve estar entre eles.
"É importante a gente observar que a etapa não é para avaliar se a pessoa tem algum distúrbio psicológico, pois nesse caso seria um outro tipo de exame. Ali o examinador quer analisar se o candidato está apto para aquela função".
Exemplificando, Juliana detalha como funciona:
"Há um molde para aquela determinada carreira que está sendo avaliada, e um teste que aquela função seja adaptada para aquele tipo de personalidade. É como se fosse um encaixe mesmo, e quem não tem o tipo de perfil psicológico está fora daquele cargo."
A psicóloga também conta o que normalmente é avaliado.
"É analisado memória, empatia, resiliência, relações espaciais (a percepção dentro de um espaço), concentração, atenção, flexibilidade perante determinado momento, a questão da perseverança do policial em determinados casos, a perspicácia para avaliação de situações, a própria confiança para exercício da função. São outros pré-requisitos do que, por exemplo, quando se avalia se a pessoa possui algum transtorno".
Ela reforça que em avaliação psicológica de concursos o objetivo é identificar traços e habilidades de pessoas que estão aptas a exercerem aquele tipo de função. Por isso é feito o que chama de "corte transversal" para analisar naquele momento.
"Pode ocorrer que depois se aplicado o mesmo teste se tenha uma mudança, mas normalmente os resultados estão avaliados na fidedignidade da validação dos testes e são todos testes autorizados pelo Conselho Federal de Psicologia", explica.
Existe resposta certa ou errada?
Quando o assunto é a avaliação psicológica a dúvida de muitos candidatos é: existe uma resposta certa ou errada para cada teste? Segundo a psicóloga, não existe. O que é avaliado é a compatibilidade da resposta com o que é necessário para exercer o cargo.
Segundo Juliana Gebrim, a questão de se preparar para o teste psicológico pode trazer mais complicações do que ajuda ao candidato.
"Eu costumo falar que se você se preparar pode trazer mais ansiedade. Na hora da avaliação, o aluno vai acabar tendo duas respostas: aquela que ele realmente gostaria de marcar e aquela que ele foi orientado a marcar. Essa ambiguidade na hora de marcação de respostas traz muita ansiedade para o candidato, pode atrapalhar e inclusive eliminar algumas pessoas" comenta.
"Vejo muitos casos de pessoas que procuraram este tipo de" ajuda" com pessoas que não são profissionais da área, o que é até um exercício ilegal da profissão, e foram bem prejudicados com essas pseudos orientações", diz Juliana.
Importância da preparação emocional no estudo para concurso
Para a psicóloga, a preparação emocional é até mais importante do que os estudos de matérias para concurso. Ela menciona que não adianta a pessoa saber tudo de conteúdo e na hora ter alguma crise que não sabe administrar e a prova ser jogada fora.
"É preciso prezar por este equilíbrio, o que é necessário melhorar no dia a dia. Já está mais do que comprovado em diversas pesquisas que questões como ansiedade, depressão, atrapalham a concentração, memorização. Então se você tiver uma questão de saúde mental, você não anda nos estudos".
Segundo Juliana, todas as questões de saúde mental devem ser iguais as matérias para concurso, é preciso estar ali preparado e sabendo lidar com aquele tipo de emoção. "Se você fizer um preparo anteriormente das suas emoções sempre dá certo", afirma.
A ansiedade em realizar as etapas de avaliação costuma ser, inclusive, uma queixa recorrente entre os futuros servidores. Para quem tem a ansiedade entre as suas preocupações, a Drª Gebrim aconselha.
"Não é algo que no dia você vá conseguir mexer com esse quadro. Todo quadro de saúde mental tem que ser tratado com antecedência".
A psicóloga menciona que algumas técnicas e exercícios podem ajudar o candidato emocionalmente. "Se a pessoa praticar algumas orientações ajuda a ficar bem menos ansiosa".
Como dica de técnica para a rotina de estudos ela aconselha o mindfulness e técnicas de respiração.
Como mensagem aos candidatos do concurso PRF, Juliana Gebrim recomenda: "mantenham o equilibrio, se necessário busquem ajuda para questões de saúde mental com antecedência e sempre procurem profissionais formados na área".
O que foi cobrado no teste psicológico do último concurso PRF?
Conforme o edital de 2018, durante a fase foi avaliado a compatibilidade de características psicológicas do candidato com as atribuições do cargo pleiteado, visando verificar:
a) personalidade: controle emocional, empatia, liderança, tomada de decisão, dinamismo, comunicabilidade, planejamento, organização, relacionamento interpessoal, persistência, prudência, objetividade, criatividade/inovação, urbanidade, comprometimento, autoconfiança, assertividade, proatividade, entre outros.
b) raciocínio: raciocínio espacial, raciocínio lógico, raciocínio verbal.
c) habilidades específicas: atenção concentrada/sustentada, atenção dividida/difusa, memória visual.
O próximo concurso para a Polícia Rodoviária Federal aguarda a autorização do Ministério da Economia para ser realizado. Foram solicitadas 2.772 vagas, sendo 2.634 vagas para policial, de nível superior, e 138 vagas de agente administrativo, de nível médio.