Exclusivo! Secretária detalha Concurso Unificado em entrevista
Em entrevista exclusiva, secretária do MGI e coordenadora da comissão do Concurso Unificado traz todos os detalhes da seleção. Veja!
Concursos Abertos
Autor:Bruna Somma
Publicado em:18/01/2024 às 10:30
Atualizado em:18/01/2024 às 15:20
O Governo Federal abriu o primeiro Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), também chamado de Enem dos Concursos. A oferta é de 6.640 vagas para carreiras de níveis médio e superior, com salários iniciais de até R$23 mil.
As inscrições começam na sexta-feira, 19 de janeiro, e muitos candidatos ainda estão em dúvida sobre o novo modelo de seleção.
Para esclarecer os pontos, Folha Dirigida por Qconcursos fez uma entrevista exclusiva com a secretária adjunta de Gestão de Pessoas do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) e coordenadora da Comissão de Governança do CPNU, Regina Camargos.
Ela explicou que o Concurso Unificado visa democratizar o acesso ao serviço público federal. Para isso, as provas, marcadas para 5 de maio, serão realizadas em 220 cidades espalhadas por todo país.
Antes, a maioria dos concursos federais só tinha provas aplicadas nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal. O que gerava um custo de deslocamento para as pessoas que moravam fora dessas regiões.
“Com o Concurso Unificado, a pessoa pode fazer a prova na cidade dela ou em uma cidade a até 100 km das grandes capitais. Nós estamos interiorizando o concurso. Um dos custos que os candidatos teriam, de deslocamento e hospedagem, já não mais terão”, detalhou Regina.
O Governo Federal também deseja ter uma maior inclusão na Administração. “Colocamos o valor da inscrição acessível de R$60, para cargos de nível médio, e R$90, para cargos de nível superior”, disse a secretária.
Secretária adjunta de Gestão de Pessoas do MGI detalha Concurso Unificado
(Foto: Folha Dirigida por Qconcursos)
Há ainda a reserva de 5% das vagas para pessoas com deficiência e 20% para pessoas negras. No caso da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também há cota de 30% das vagas para indígenas.
Como escolher o bloco temático do concurso?
As mais de 6 mil vagas do Concurso Unificado são para diferentes cargos de 21 órgãos do Poder Executivo Federal. Essas oportunidades estão distribuídas por oito blocos temáticos.
A secretária Regina Camargos explicou que esses blocos temáticos representam as áreas de políticas públicas brasileiras.
Confira a divisão das vagas por bloco:
Bloco 1 - Infraestrutura, Exatas e Engenharias - 727 vagas;
Bloco 2 - Tecnologia, Dados, e Informação - 597 vagas;
Bloco 3 - Ambiental, Agrário e Biológicas - 530 vagas;
Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Servidor - 971 vagas;
Bloco 5- Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos - 1.016 vagas;
Bloco 6 - Setores Econômicos e Regulação - 359 vagas;
Bloco 7 - Gestão Governamental e Administração Pública - 1.748 vagas; e
De acordo com Camargos, a vocação e a trajetória profissional devem ser levadas em consideração na hora de escolher um dos blocos.
“O candidato tem que se ver no bloco temático. Olhar qual é a sua trajetória profissional e trajetória acadêmica para fazer a escolha”, pontuou a secretária adjunta de Gestão de Pessoas do MGI.
Mas ela recomendou ter bom senso e parcimônia nesse momento.
“Como é uma experiência pioneira, inovadora, a recomendação é que a pessoa seja parcimoniosa, escolha dois ou três cargos dentro de um bloco. Mas as pessoas mais ousadas podem se candidatar a todos os cargos do bloco, desde que tenham os requisitos”.
O processo será feito por meio da conta GOV.BR, em qualquer nível (ouro, prata e bronze).
Assista a entrevista na íntegra com Regina Camargos:
Como funciona o ranking de preferência entre os cargos?
Com a possibilidade de concorrer a vários cargos no mesmo bloco temático, no momento da inscrição o candidato deverá elencar os cargos por prioridade. É o chamado ranking de preferência.
Veja como funcionará esse ranking:
escolher o bloco temático;
escolher os cargos;
ordenar preferência entre os cargos; e
ordenar preferência das especialidades.
A pontuação do participante nas provas será considerada para todos os cargos incluídos no ranking de preferência. Desta forma, concorre-se simultaneamente a todas as oportunidades listadas.
A secretária Regina Camargos sinalizou que a dinâmica será bem próxima a do Sistema de Seleção Unificado (SISU), em que o candidato usa nota no Enem para concorrer a vagas em diferentes universidades.
“Vamos pegar a nota final do candidato e dizer que está apto para ocupar o cargo X, Y e Z. E aí ele vai escolher. De acordo com a pontuação, o cargo vai ser apontado para o candidato. Quanto maior a nota que a pessoa tiver, mais chances ela terá de ocupar o cargo de sua preferência”, detalhou.
Caso o candidato não tenha pontuação, de imediato, para assumir o cargo que colocou na primeira posição, ele seguirá na lista de espera.
Quem for convocado para a segunda ou terceira opção também continuará na lista de espera dos cargos que listar com maior prioridade.
Segundo Regina Camargos, os candidatos poderão acompanhar as listas em tempo real.
“A intenção do MGI é proporcionar ao candidato total acesso e transparência as informações relativas ao desempenho e posição no ranking para provimento de vagas”.
Quando serão feitas as convocações e como será a lotação?
Conforme o cronograma do concurso, o início da convocação dos aprovados para posse será no dia 5 de agosto. A secretária explicou que as chamadas serão feitas de forma gradativa.
“Não significa que os 6 mil aprovados serão chamados de uma vez, vai haver uma ordem de acordo com a necessidade de cada órgão”, disse Regina.
Ela acrescentou que já existe previsão orçamentária para a realização do concurso e dos provimentos.
“Alguns órgãos têm servidores espalhados por todo país, como o Incra, o Ministério da Agricultura, o IBGE e a Funai”, elencou a secretária.
No caso de cargos em que há mais de um possível polo de trabalho, a definição ocorrerá no momento da convocação para posse. Isso conforme a necessidade do órgão e o interesse do candidato.
A secretária Regina Camargos orientou que pessoas leiam os editais com detalhe na questão da lotação.
“Veja para onde o órgão que está prestando o concurso vai te direcionar. É o caso dos auditores-fiscais do trabalho que atuam em todo o território nacional”, disse.
Secretária detalha provas do Concurso Unificado
O Concurso Público Nacional Unificado será composto pelas seguintes fases:
1ª fase: provas objetivas e discursivas;
2ª fase: perícia médica (avaliação biopsicossocial);
3ª fase: procedimento de verificação da condição declarada: reserva de vagas para pessoas negras; e
4ª fase: procedimento de verificação documental complementar: reserva de vagas a indígenas.
Haverá ainda avaliação de títulos para alguns cargos. As provas objetivas e discursivas serão realizadas no dia 5 de maio, em dois turnos. Confira:
Turno da manhã (2h30 de prova)
Para cargos de nível médio: provas objetivas (20 questões) + redação;
Para cargos de nível superior: provas objetivas de Conhecimentos Gerais (20 questões) + prova discursiva Específica do bloco.
Turno da tarde (3h30 de prova)
Para cargos de nível médio: provas objetivas (40 questões);
Para cargos de nível superior: provas objetivas de Conhecimentos Específicos (50 questões).
"Não queremos decoreba para as provas"
No caso dos cargos de nível médio, do Bloco 8, as provas objetivas serão sobre Língua Portuguesa, Noções de Direito, Matemática e Realidade Brasileira.
A prova discursiva consistirá em uma redação. A secretária adjunta de Gestão de Pessoas do MGI adiantou que devem ser cobrados temas de Atualidades.
“São provas de redação que vão trazer ao candidato temas da realidade brasileira contemporânea, seja na Economia, na Política, Meio Ambiente, Povos Indígenas, questões relacionadas à desigualdade. Então, se mantenha bem informado, leia os noticiários e não leiam fake news”, afirmou Regina Camargos.
Para os cargos de nível superior, as provas terão duas partes: uma de Conhecimentos Gerais, que falará sobre Políticas Públicas, e uma parte de Conhecimentos Gerais, que terá cinco eixos temáticos. Confira a lista de disciplinas aqui!
A disciplina de Língua Portuguesa não será cobrada nas provas objetivas para os cargos de nível superior. A secretária explicou o porquê.
“Não se mede o conhecimento de Língua Portuguesa por decoreba de regras gramaticais. Nós não queremos decoreba, nós queremos alguém que pense, que raciocine, que seja capaz de raciocínios complexos”, disse Regina.
De acordo com ela, o domínio do idioma será avaliado na prova discursiva. Para os cargos de nível superior, a etapa consistirá em uma questão dissertativa sobre Conhecimentos Específicos do bloco temático.
“Para nível superior, as provas discursivas terão relação com o conteúdo do bloco temático. O candidato deve conhecer e dominar o tema que o bloco fala”, detalhou.
Enem dos Concursos terá cadastro de reserva
Além das 6.640 vagas imediatas, o Concurso Unificado terá um cadastro de reserva.
Conforme informado pela secretária Regina Camargos, ele será de até três vezes o número de vagas de cada bloco temático.
As chamadas dos aprovados ocorrerão durante o prazo de validade do concurso, que será de um ano, com possibilidade de prorrogação por igual período.
Uma outra novidade do concurso é que os integrantes do cadastro de reserva poderão ser chamados para vagas temporárias da Administração Pública Federal.
Essa foi uma maneira encontrada pelo governo para economizar com os processos de seleção, uma vez que terá à disposição um banco de candidatos já avaliados.
“Vamos poder usar o banco de aprovados para chamar temporários para administração pública. Vamos olhar os currículos disponíveis e adequar com as necessidades daquele órgão que está demandando as necessidades temporárias”, descreveu Regina.
Atenção! Aqueles que forem chamados para as vagas temporárias continuarão tendo direito ao provimento efetivo e seguirão na lista do Concurso Unificado.
Segundo a secretária, todo o processo do Enem dos Concursos está sendo monitorado diariamente pelos órgãos de controle.
Concursos federais 2024 já estão em análise
Regina Camargos, vinculada à Secretaria de Gestão de Pessoas do MGI, confirmou que os pedidos de autorização de novos concursos federais para 2024 já estão em análise.
Ela citou a área Ambiental como prioritária, por exemplo, “O Ibama já solicitou um novo concurso e provimentos”.
Outro ponto de atenção, segundo ela, é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“É uma área bastante crítica visto que existem milhares de pessoas na fila que não conseguem obter os benefícios. A gente está tentando reduzir essa fila e, para isso, precisamos contratar mais gente. Precisamos equipar o órgão e ter mais servidores”.
Mas, Regina alertou que o governo não tem condição de preencher o déficit total de servidores dos últimos anos por conta de questões orçamentárias.
“Por isso, vamos tentar atender as demandas mais pontuais dos órgãos”, concluiu.