Oferta de vagas temporárias no Natal será a menor em cinco anos

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) estima a contratação de 70,7 mil temporários para o Natal. Média salarial e efetivação também serão menores.

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Publicado em:22/10/2020 às 12:30
Atualizado em:22/10/2020 às 12:30

O Natal é a data mais importante do ano para o varejo, pois é quando os comerciantes têm um aumento significativo nas vendas. Esse consumo maior também é bom para quem busca emprego, pois as lojas precisam de mais profissionais para atender a alta demanda.

Com isso, surgem muitas oportunidades de trabalho temporário. No entanto, por conta dos efeitos causados pela pandemia, a oferta de vagas temporárias, neste ano, deverá ser a menor em cinco anos, de acordo com a Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A entidade projeta a criação de 70,7 mil postos de trabalho no varejo, número 19,7% menor do que o registrado em 2019 (88 mil). Apesar disso, a estimativa é que, durante a data comemorativa, sejam movimentados R$37,5 bilhões - 2,2% a mais do que no ano passado.

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A justificativa para esse aumento de vendas não refletir nas contratações é o e-commerce. Segundo José Roberto Tadros, presidente da CNC, apesar do varejo estar impulsionado pelas vendas online, há uma retração no consumo presencial.

"A intensificação de ações de vendas online pelos comerciantes tem ajudado na recuperação gradual do varejo nos últimos meses e também será um dos impulsionadores das vendas para o Natal. Porém, apesar de o comércio eletrônico ter crescido bastante, as vendas em shopping centers vêm registrando retrações, e isso impacta diretamente o número de temporários contratados, em especial os vendedores", afirma Tadros.

Em comparação aos anos anteriores, o número de oportunidades temporárias será menor em todas as unidades federativas do país. Nas regiões Sul e Sudeste, quatro estados concentram 55% da oferta de vagas:

  • São Paulo - 17,9 mil;
  • Minas Gerais - 8,33 mil;
  • Rio de Janeiro - 6,92 mil;
  • Rio Grande do Sul - 6,02 mil.

As lojas de vestuário e calçados - que, historicamente, respondem pela maior parte das vagas temporários no período - deverão ofertar 30,7 mil oportunidades neste ano. Em 2019, foram 59,2 mil postos criados por esse ramo do varejo.

Fábio Bentes, economista da CNC responsável pelo estudo, explica que esse tipo de loja "vem apresentando mais dificuldades de recuperar o nível de vendas anterior ao início do surto de Covid-19".

Junto ao ramo de vestuário, as lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,7 mil) e os hiper e supermercados (13,4 mil) deverão responder por cerca de 82% das vagas oferecidas no Natal.

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Vagas temporárias Natal
No Natal, contratação de temporários será a menor em cinco anos
(Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

 

Média salarial será maior

Cálculos da CNC estimam que o salário médio de admissão para as vagas temporárias no Natal deverá ser de R$1.319. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o valor é 4,6% maior. 

Olhando por setor, as lojas especializadas em vendas de produtos de informática e comunicação terão os maiores salários (R$1.618), seguida pela companhias do ramo de artigos farmacêuticos, perfumarias e cosméticos (R$1.602).

enlightened No entanto, esses segmentos terão uma baixa oferta de vagas. Juntos, os dois deverão responder por apenas 7% das vagas.

Em relação às profissões, a estimativa é que o cargo de vendedor represente a maior parte da oferta, com 34,6 mil vagas. Em seguida, estão as funções de operadores de caixa (12,1 mil), atendentes (8,2 mil), repositores de mercadorias (6,9 mil) e embaladores de produtos (2,9 mil).

De acordo com a Confederação, nove em cada dez oportunidades temporários serão de um dos cinco cargos mencionados acima. Sobre a média salarial, operadores de caixa e repositores de mercadorias terão maiores ganhos: R$2.272,78 e R$1.576,24, respectivamente.

Taxa de efetivação

É muito comum que alguns profissionais busquem as vagas temporárias almejando uma efetivação. Além disso, as empresas também costumam absorver os funcionários que apresentam bom rendimento. 

No entanto, com a incerteza em relação à economia, a taxa de efetivação dos funcionários deverá ser a menor dos últimos quatro anos. "É um cenário distinto daquele observado até 2014, quando, em média, 30% dos trabalhadores contratados costumavam ser efetivados", conclui o economista da CNC.