Concurso INSS: criticado, governo pode rever convocação de militares
Após entidades se mobilizarem contra chamada de militares para o INSS, governo pode estar revendo a decisão.
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Publicado em:22/01/2020 às 08:40
Atualizado em:22/01/2020 às 08:40
O anúncio de que o Governo Federal quer convocar militares para atuarem no atendimento das agências da previdência, ao invés de abrir o concurso INSS, tem levantado inúmeras críticas e questionamentos sobre a legalidade da medida.
Por conta desses entraves legais, a Secretaria Especial de Previdência estaria considerando abandonar ou rever a ideia e convocar servidores aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social, como já haviam sugerido entidades sindicais da categoria.
As informações são da Veja, mas a secretaria e o Governo Federal não confirmaram essa decisão ainda. Ao Correio Braziliense, o secretário Rogério Marinho teria dito que, na verdade, estão sendo estudadas ações complementares à chamada dos militares da reserva.
Enquanto isso, servidores do INSS e sindicatos estão se mobilizando para reivindicar a realização do concurso público. A Fenasps realiza um abaixo assinado e o SindspRev-RJ convoca trabalhadores para reuniões e protestos.
IBDP denuncia prejuízo de R$14 milhões com benefícios represados
Outra entidade que está na briga pela regularização do INSS é o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP). De acordo com ele, se o Governo liberasse hoje os pedidos de benefícios atrasados, a autarquia teria que desembolsar mais de R$14 milhões somente em correção monetária.
Segundo estabelecido por lei, o prazo para análise de um pedido de benefício é de até 45 dias. Atualmente, 1,3 milhão desses processos estão pendentes há mais tempo, ou seja, atrasados.
Com a demora, o INSS tem que pagar mais para compensar o segurado pela longa espera. Além disso, esses atrasos fazem com que aumente o número de ações contra a autarquia e, consequentemente, haja mais gastos.
Segundo o IBDP, o cálculo dos R$14 milhões foi feito considerando o valor médio mensal dos benefícios (R$1.286,86) e o volume acumulado de 1,3 milhão de requerimentos atrasados. Foi considerado ainda o tempo médio de concessão de 72 dias, e a correção pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que fechou 2019 em 4,48%.
TCU pode suspender a decisão de convocar militares
O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, questionou a legalidade da chamada de 7 mil militares para atuarem em agências do INSS.
Nesta última semana ele ingressou com um pedido de medida cautelar para que o TCU suspenda a contratação. De acordo com ele, a convocação não poderia ser direcionada apenas aos militares da reserva.
O subprocurador-geral também defendeu a realização de concurso público, do contrário, a medida estaria violando a Constituição. Saiba mais:
A chamada de militares é apenas uma das medidas anunciadas pelo Governo para tentar regularizar a fila da Previdência até setembro. Além disso, outros propostas apresentadas incluem:
dar prioridade às perícias médicas dos cerca de 1,5 mil funcionários do INSS afastados por problemas de saúde;
restringir a cessão de funcionários do INSS para outros órgãos;
ampliar os convênios com o setor privado para que o setor de recursos humanos de empresas formalizem os pedidos de aposentadoria;
simplificar a tramitação dos pedidos de benefícios.
Embora a estatal, que cuida do processamento de dados das aposentadorias, tenha anunciado a demissão de 493 profissionais, o que vai resultar no fechamento de 20 unidades regionais da empresa.
Sem concurso, INSS tem 20 mil cargos vagos
O déficit de pessoal no INSS atualmente é de cerca de 20 mil cargos, considerando as recentes aposentadorias ocorridas. Esse fator é apontado por profissionais e sindicalistas como o principal motivo para os atrasos na fila da Previdência.
Por isso, órgãos fiscalizadores, sindicatos, servidores do INSS e diversas outras entidades têm batido na tecla de que é necessário abrir um novo concurso público. A autarquia não possui cadastro de reserva de outras seleções que possa utilizar.
Para publicar um novo edital, contudo, é necessária uma autorização do Ministério da Economia, órgão responsável por avaliar e conceder o aval para os pedidos de concursos federais.
Ainda tramita na Pasta o pedido feito pelo INSS em 2018, que solicita o preenchimento de 7.888 vagas efetivas nos níveis médio e superior:
Técnico
Analista
Médico Perito
- Escolaridade: nível médio - Nº de vagas: 3.984 - Remuneração: R$5.186,79
- Escolaridade: nível superior - Nº de vagas: 1.692 vagas - Remuneração: R$R$7.659,87
- Escolaridade: nível superior em Medicina - Nº de vagas: 2.212 - Remuneração: R$12.683,79
O último concurso INSS para técnicos e analistas foi realizado em 2015, com oferta de 950 vagas. Para peritos, a seleção anterior ocorreu em 2011, com 375 vagas.