Coronavírus: aula online como alternativa na preparação para o Enem

Professores utilizam ferramentas digitais para ministrar conteúdo durante a quarentena

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Publicado em:27/03/2020 às 14:00
Atualizado em:27/03/2020 às 14:00

A mudança da rotina dos estudantes causada pela paralisação das aulas, em virtude da pandemia do Coronavírus, pegou muitos alunos de surpresa, entre eles, os que se preparam para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

É normal nos sentirmos perdidos nesse cenário de incerteza. No entanto, é preciso buscar alternativas para driblar esse momento de crise e continuar na ativa, buscando manter o equilíbrio e o foco nos estudos em tempos de isolamento social

Para não prejudicar os alunos que estão passando pela quarentena, muitas instituições de ensino optaram por ministrar o conteúdo de forma online, utilizando ferramentas já disponíveis na internet e, até então, pouco exploradas. 

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As ferramentas são amplas e as opções são variadas, como aplicativos de videoconferência, elaboração de aulas e de simulados de vestibulares. O fato é que, com disposição e comprometimento, estudantes e professores podem ter um bom rendimento, mesmo executando suas tarefas através da tela de computadores e smartphones. 

Confira, abaixo, a lista de ferramentas e aplicativos que podem ser úteis para o aprendizado e oferecer alternativas para a atual rotina de estudantes e professores: 

1. Skype  

O Skype foi uma das primeiras plataformas que permite a comunicação à distância por vídeo. Através da ferramenta, é possível realizar chamadas de vídeo e de voz, enviar mensagens através do chat e compartilhar arquivos. 

Além dos computadores, a plataforma do Skype pode ser acessada através de aplicativo disponível para celular com sistema operacional Android e iOS.

2. Google Classroom

O aplicativo, disponível para Android e iOS, funciona como uma sala de aula virtual. Nele, os professores podem organizar e compartilhar conteúdo, além de anexar atividades e materiais, e criar questionário múltipla escolha ou de respostas curtas. 

3. AppProva 

O AppProva é uma plataforma de avaliação que ajuda professores a identificar os pontos fortes e fracos dos seus alunos. Além disso, a aplicativo, disponível para Android e iOS, traz aos estudantes uma seleção de simulados utilizados pelos principais vestibulares do Brasil. 

4. Edmodo

As funcionalidades do Edmodo são bem parecidas com as do Google Classroom. Nela, é possível compartilhar material multimídia, organizar fóruns, gerir projetos educacionais, estabelecer calendários de atividades, acompanhar a frequência e participação nas atividades.

5. História Digital

A plataforma é destinada a professores de História e tem o objetivo de ajudá-los a preparar as suas aulas. São ofertados inúmeros resumos de matérias, videoaulas, jogos, visitas virtuais em 3D a museus e outros ambientes, além de exercícios específicos para aqueles que estão estudando para o vestibular. 

6. Redu

A plataforma contém materiais de ensino e aprendizagem que estão em domínio público. Lá, o professor encontra conteúdos para os níveis fundamental, médio e superior, além de poder criar ambientes virtuais de aprendizagem gratuitos. 

Notebbok, tablet e celular
Durante a quarentena, dispositivos eletrônicos se tornam aliados
de professores e alunos no ensino à distância (Foto: Pixabay)

Educadores que estão inovando o aprendizado durante a quarentena

De acordo com o Sebrae, a estimativa é que mais de 850 milhões de crianças e adolescentes no mundo inteiro estejam sem aulas devido à pandemia do Coronavírus. A boa notícia é que muitos educadores optaram por continuar suas atividades no modelo home office, recorrendo às plataformas de ensino online para ministrar suas aulas.

De acordo com o professor Walace Vital, graças às ferramentas digitais é possível ter diálogo e interação com os alunos em tempo real, já que, dependendo da plataforma, arquivos como lista de exercícios, atividades e vídeos ficam gravados e podem ser acessados a qualquer momento. 

Para os profissionais da educação, que têm dúvidas ou receios sobre a forma de implementar as ferramentas digitais no aprendizado, o professor Anderson Ferreira aconselha iniciar pelos dispositivos que permitem interação. 

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"A melhor forma de transição é usar ferramentas interativas, aulas ao vivo em lugar das pré-gravadas, formar grupos de estudo via Google Sala de Aula ou WhatsApp, enfim, de maneira mais dinâmica possível. E, à medida que o aluno for se habituando à tecnologia, usar mais as ferramentas menos instantâneas, como o Moodle ou o Google ClassRoom."

Contudo, apesar de todo aparato tecnológico disponível no mercado, os alunos precisam levar o estudo durante a quarentena a sério, como se estivessem estudando no curso preparatório ou na escola.

Para Walace, além do conteúdo, o estudante precisa ter organização e regularidade. O ideal é que, assim como nas aulas presenciais, o aluno reserve um horário fixo para o estudo. 

"O aluno costuma achar que só porque assiste aula já é o suficiente, porém o mais importante para o conhecimento dele é o que ele faz em casa. Para isso, ele precisa ser mais autodidata. A organização e regularidade são primordiais", ressalta Walace. 

Professores aconselham àqueles que estão se preparando para o Enem e demais vestibulares

O Enem é a principal forma de ingresso nas universidades públicas e privadas de todo país, por meio do Sisu e do Prouni. A rotina de estudos dos estudantes que almejam uma vaga no ensino superior começa logo no início do ano e vai se intensificando até a reta final que antecede a data de realização dos exames. 

A pedagoga Rosana Mello orienta os alunos que estão estudando para o Enem a utilizarem a sala de aula virtual, praticando exercícios disponibilizados por seus professores. Por outro lado, a educadora ressalta a importância dos professores motivarem os seus alunos durante a quarentena:

"Sempre motive seus alunos a ter disciplina e foco, mostrando a eles a importância de não parar a rotina. Tenho certeza que será produtivo e enriquecedor." 

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Anderson Ferreira acrescenta dizendo que para os estudantes que farão o exame pela segunda vez, é importante revisar o conteúdo visto no ano passado. Já para aqueles que não estão tendo suporte presencial dos cursos preparatórios, o ideal é aproveitar o material e adiantar os estudos. 

"Uma estratégia é fazer resumos das matérias cobradas no exame e alinhá-los à pesquisa. Você faz o seu primeiro, depois confere com dois ou três da internet, de canais confiáveis. Depois refaz o seu, ressignifica o conhecimento. Fazer grupos de estudos com os amigos é uma boa ideia também. Juntem um ou dois de cada área e formem um grupo transdisciplinar. Um ajuda o outro. Mas, é preciso foco e compromisso", orienta. 

Em relação aos professores, Anderson diz que a melhor contribuição desses profissionais é nortear os alunos e intensificar as atividades remotas pra que ele fixe melhor o conteúdo que ele mesmo construiu. Além disso, é importante que os educadores ajudem na organização e otimização do tempo, pra evitar ociosidade e também não haver sobrecarga. 

Será o fim dos desafios do ensino a distância? 

Por parte dos educadores o período de quarentena está ressignificando o ensino à distância. Tanto para Anderson, quanto para Walace e Rosana, o maior desafio do EaD é a adequação. Além disso, Anderson destaca a dificuldade na gerência do tempo por parte dos alunos como um outro desafio a ser vencido. 

"Somos uma geração Y, formados pela X, formando as gerações Z e Alpha. A diferença entre nós na relação com a tecnologia é abissal. Não à toa, o ensino à distância tem praticamente o dobro de evasão se comparada à presencial. É uma oportunidade pra gente repensar a metodologia e torná-la mais atrativa, em vez de só 'jogar' o aluno numa plataforma."

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Walace é enfático ao dizer que as instituições de ensino que não se adaptarem às novas tecnologias acabarão no século passado e perderão espaço no mercado. Além disso, ressalta que de nada adianta a adaptação das instituições se não houver uma formação continuada do professor. 

Para a pedagoga Rosana, mesmo que o cenário seja desafiador, o alinhamento dos objetivos possibilita que consigamos alcançar os ideais pedagógicos. 

"Os professores estão se esforçando ao máximo para que as metas sejam cumpridas e, quando tudo voltar ao normal, vamos estar organizados para seguir em frente", diz, otimista.